Presença de Israel no Eurovision provoca protestos na Suíça
Publicado 16 de maio de 2025Última atualização 17 de maio de 2025
Cantora israelense disputa a final da competição de música pop em meio a protestos em apoio aos palestinos. Manifestantes criticam organizadores por manter país no evento em meio à ofensiva militar em Gaza.
Manifestantes contra a participação de Israel no Eurovision voltaram a protestar neste sábadoFoto: Sebastien Bozon/AFP
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A competição de música pop Festival Eurovisão da Canção ( Eurovision Song Contest, ESC) acirrou, pelo segundo ano seguido, protestos contra a participação de Israel no evento. Neste sábado (17/05), dia da final do festival, centenas de manifestantes protestaram nas ruas da cidade suíça de Basileia, onde ocorre a edição 2025 do evento.
Desta vez, manifestantes entraram em confronto com a polícia no centro da cidade. A polícia chegou a usar gás lacrimogêneo e enviou um caminhão com canhão de água para impedir que os manifestantes marchassem pelo centro de Basileia.
Neste ano, Israel é representada no festival pela cantora Yuval Raphael, de 24 anos. Na última quinta-feira, ela recebeu votos suficientes do público para disputar a final do concurso, com a canção New Day Will Rise.
Sobrevivente do ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, a cantora é cotada por casas de apostas como favorita para vencer a disputa, que tem enorme apelo no continente europeu. No passado, a competição já alavancou nomes como Céline Dion, ABBA e, mais recentemente, a banda italiana Maneskin.
Na edição de 2024, atingiu 160 milhões de telespectadores e foi distribuída para quase 40 países. Por ser membro da União Europeia de Radiodifusão (EBU), Israel compete no Eurovision há mais de 50 anos e venceu quatro vezes.
Na noite de quarta-feira, outras 200 pessoas, muitas delas envoltas em bandeiras palestinas, já haviam protestado no centro de Basileia para exigir o fim da ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e a expulsão do país da competição. No dia seguinte, manifestantes tentaram interromper um ensaio de Raphael com cartazes, apitos e gritos de ordem. Vídeos que circularam nas redes sociais mostraram uma grande bandeira palestina sendo estendida no meio da multidão.
Segundo a emissora suíça SRG SSR, "a equipe de segurança foi capaz de identificar rapidamente os envolvidos e escoltá-los para fora do salão". Apesar dos protestos, a apresentação que levou a cantora israelense à final da competição transcorreu sem interrupções.
Rússia banida desde 2022
Mais de 70 ex-participantes do concurso e artistas também endossaram os apelos para a exclusão de Israel do evento, que funciona como uma competição de música entre países e tem o slogan "unidos pela música". Entre eles, o cantor suíço Nemo, que levou a competição para a Suíça ao vencê-la no ano passado, disse ao jornal HuffPost UK que "as ações de Israel estão fundamentalmente em desacordo com os valores que o Eurovisão afirma defender: paz, unidade e respeito pelos direitos humanos".
A artista israelense Yuval Raphael enfrenta hostilidade no EurovisãoFoto: Alma Bengtsson/EBU
"Deveria ser uma ocasião feliz o fato de o Eurovision estar finalmente na Suíça, mas não é", disse Lea Kobler, de Zurique. "Como podemos excluir a Rússia por direito, mas ainda estamos dando as boas-vindas a Israel?"
Algumas emissoras nacionais que financiam o Eurovision, como as da Espanha, Irlanda e Islândia, também pediram uma discussão mais aprofundada sobre a participação dos israelenses no concurso.
Os protestos deste ano, porém, reúnem menos adeptos do que no ano passado, quando grandes multidões tomaram as ruas de Malmo, na Suécia, pedindo a retirada de Israel da competição. O evento aconteceu sob forte aparato de segurança para evitar a interrupção do concurso. Na ocasião, a concorrente israelense Eden Golan foi vaiada nas apresentações ao vivo.
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Organizadores defendem participação de Israel
Para evitar incidentes semelhantes neste ano, a União Europeia de Radiodifusão (EBU) exigiu que artistas, membros de delegações oficiais e jornalistas assinassem um código de conduta para garantir uma interação respeitosa. Um dos pontos centrais desse código é a proibição de qualquer declaração política.
"O Eurovision respeita a liberdade de expressão como um direito fundamental. Os participantes mantêm seu direito à liberdade de expressão fora da competição", afirma o documento.
Em resposta às críticas, a EBU também ressaltou que Israel é representada pela emissora pública KAN, não pelo governo israelense. A organizadora afirmou que "está comprometida com um ambiente neutro, seguro, inclusivo e respeitoso".
Em 2024, protestos contra participação de Israel foram maioresFoto: Johan Nilsson/TT/AP/picture alliance
Sobre a comparação do caso israelense ao russo, o diretor do Eurovision, Martin Green, defendeu que não é função da EBU comparar conflitos. Segundo ele, as emissoras russas foram excluídas por não conformidade com os princípios das emissoras públicas.
A emissora israelense KAN queixou-se à polícia suíça sobre um suposto gesto de ameaça feito a Raphael por um manifestante pró-palestino durante o desfile de abertura do Eurovisão no último domingo. Já o ministro alemão da Cultura, Wolfram Weimer, disse ao parlamento que "os pedidos de boicote, as ameaças e também os ataques verbais à cantora israelense, que só sobreviveu ao assassinato em massa do Hamas porque se escondeu sob cadáveres, são um escândalo intolerável".
Uma manifestação em apoio a Raphael e contra o antissemitismo também foi realizada no centro da Basileia na quinta-feira. À BBC, a cantora disse não se importar com possíveis manifestações contrárias. "Estamos aqui para cantar e eu vou cantar com todo o meu coração para todos", disse ela.
O ataque terrorista realizado por integrantes do grupo palestino Hamas em 7 de outubro de 2023 deixaram 1.200 mortos em Israel, e cerca de 250 foram feitos reféns em Gaza. Mais de 52.800 pessoas em Gaza foram mortas na ofensiva de retaliação de Israel, de acordo com o Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas.
jps/gq/cn (AP, AFP, ots)
O mês de maio em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Francesco Sforza/REUTERS
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O papa Leão 14 celebrou sua missa de entronização, que inaugura seu pontificado e marca oficialmente o início de seu período à frente do Vaticano e da Igreja Católica. Na homilia, o papa pediu união e amor à humanidade, e condenou o sistema econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os pobres (18/05)
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Áustria vence Eurovision 2025
O festival Eurovision 2025 chegou ao fim com a vitória de Johannes Pietsch, conhecido como JJ, da Áustria, que apresentou a canção "Wasted Love". O cantor de ópera foi o vencedor com um total de 436 pontos, 154 dos quais obtidos através do voto popular. (17/05)
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Surto de gripe aviária no Brasil
A confirmação do primeiro surto de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil levou alguns países como China e Argentina a interromperem a compra de carne de frango brasileira, pressionando o mercado bilionário de exportação do produto. Governo afirma que as medidas de contenção e erradicação para debelar a doença e manter a capacidade produtiva do setor já foram tomadas. (16/05)
Foto: JUSTIN SULLIVAN/Getty Images/AFP
Israel intensifica ataques enquanto mantem bloqueio a Gaza
Defesa Civil palestina relatou mais de 100 mortes em apenas um dia em ataques israelenses à Faixa de Gaza, onde a crise humanitária e a escassez de recursos atingem níveis cada vez mais alarmantes. ONU alerta que estoques de alimentos, água potável, combustíveis e medicamentos atingiram níveis extremamente baixos. (15/05)
Foto: Hatem Khaled/REUTERS
Alemanha prende três por planejarem atos de sabotagem
O Ministério Público da Alemanha anunciou a prisão de três cidadãos ucranianos, dois deles na Alemanha e um na Suíça, por suspeita de atuarem como agentes da Rússia para realizar atos de sabotagem com explosivos no transporte de cargas alemão. (14/05)
Foto: Uli Deck/dpa/picture alliance
Morre "Pepe" Mujica, o presidente mais humilde do mundo
O ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica morreu aos 89 anos. Ele estava em estágio terminal de um câncer de esôfago e recebia cuidados paliativos. Sua morte foi informada pelo atual líder do país sul-americano, Yamandu Orsi. Líderes do mundo inteiro se despediram do ex-guerrilheiro uruguaio. (13/05)
Foto: Gerardo Vieyra/NurPhoto/IMAGO
Hamas anuncia libertação de refém israelense-americano
O braço armado do Hamas informou que libertou o soldado israelense-americano Edan Alexander, de 21 anos, que havia sido mantido como refém em Gaza desde 7 de outubro de 2023. A libertação ocorreu "após contatos com a administração dos EUA, no âmbito dos esforços dos mediadores para chegar a um cessar-fogo", disse a organização terrorista palestina em comunicado (12/05).
Foto: Ohad Zwigenberg/AP/dpa/picture alliance
Primeira bênção dominical do papa Leão 14
Em sua primeira bênção dominical na Praça de São Pedro, o papa Leão 14 pediu uma paz genuína e justa na Ucrânia e um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. "Depois desse cenário dramático de uma terceira guerra mundial em pedaços, como tantas vezes afirmou o papa Francisco, eu me dirijo também aos grandes do mundo, repetindo o apelo sempre atual: nunca mais a guerra", afirmou o pontífice. (11/05)
Foto: Vatican Media/ZUMA Press/IMAGO
Macron, Merz, Starmer e Tusk visitam Kiev
Os líderes do Reino Unido, Keir Starmer, da França, Emmanuel Macron, da Alemanha, Friedrich Merz, e da Polônia, Donald Tusk, se encontraram com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em Kiev, uma demonstração conjunta de apoio à Ucrânia. A visita ocorre um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, receber aliados no evento que marcou os 80 anos do fim da Segunda Guerra em Moscou. (10/05)
Foto: LUDOVIC MARIN/POOL/AFP/Getty Images
Leão 14 celebra sua 1ª missa como novo papa
O papa Leão 14 celebrou sua primeira missa após ter sido escolhido como o novo líder da Igreja Católica. O missionário agostiniano retornou à Capela Sistina, onde ocorreu o conclave, para celebrar a missa na presença dos cardeais. Na homilia, disse que foi eleito para que a Igreja possa ser um "farol" para iluminar as regiões do mundo onde haja falta de fé. (09/05)
Foto: VATICAN MEDIA/Handout/AFP
Cardeal americano Robert Prevost é eleito novo papa
O conclave elegeu o cardeal americano Robert Prevost, de 69 anos, como o 267º papa da Igreja Católica. Missionário agostiniano, ele é o primeiro pontífice nascido nos EUA da história. Em seu primeiro discurso aos fiéis, homenageou o papa Francisco, pediu construção de pontos e paz a todos os povos. (08/05)
Foto: Guglielmo Mangiapane/REUTERS
Começa o conclave que irá eleger o novo papa
Cardeais de todo o mundo estão reunidos no Vaticano para eleger o próximo líder da Igreja Católica.133 cardeais de 71 países estão aptos a votar no maior e mais geograficamente diverso conclave em 2 mil anos de história. Ao fim do primeiro dia, fumaça preta na chaminé da Capela Sistina indicou que não houve consenso em torno de um novo nome. (07/05)
Foto: Gregorio Borgia/AP/picture alliance
Merz toma posse após tropeço histórico no Bundestag
O Bundestag (Parlamento) elegeu oficialmente, em segunda votação, o conservador Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), como o novo chanceler federal do país Ele é o terceiro membro da CDU a chefiar o governo alemão desde a reunificação do país, em 1990. O conservador conseguiu o feito inédito de não conseguir se eleger na primeira rodada de votação (06/05).
Foto: Lisi Niesner/REUTERS
Israel se prepara para ampliar ofensiva militar em Gaza
O gabinete de segurança de Israel aprovou um plano para expandir as operações militares em Gaza, incluindo a "conquista" do território palestino e a pressão para que residentes se desloquem para o sul. No domingo, militares israelenses já haviam iniciado uma convocação em massa de reservistas para ampliar a ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza. (05/05)
Foto: Omar Ashtawy/ZUMAPRESS.com/picture alliance
Míssil disparado do Iêmen cai perto do aeroporto de Tel Aviv
O Aeroporto Internacional de Ben Gurion, na região de Tel Aviv, foi alvo de um ataque de míssil. Os rebeldes Houthis, do Iêmen, grupo aliado do Hamas, reivindicaram a autoria do ataque, que causou interrupção no tráfego aéreo. O exército israelense reconheceu que não conseguiu interceptar o míssil. (04/05)
Foto: Ohad Zwingenberg/AP/dpa/picture alliance
Austrália: esquerda reelege premiê em meio a onda anti-Trump
O primeiro-ministro da Austrália, o trabalhista Anthony Albanese, proclamou a vitória de seu partido nas eleições gerais. Ele se tornou, assim, o primeiro chefe de governo a conquistar um segundo mandato consecutivo de três anos em 21 anos. "Os australianos escolheram enfrentar os desafios globais do jeito australiano, cuidando uns dos outros e construindo o futuro", disse Albanese. (03/05)
Foto: Rick Rycroft/AP Photo/picture alliance
Inteligência alemã classifica AfD como extremista de direita
A inteligência interna da Alemanha classificou sigla de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) como uma "organização comprovadamente extremista de direita" que ameaça a democracia e viola a dignidade humana ao tentar excluir grupos populacionais, como os imigrantes. A medida permite às agências de segurança monitorarem de forma mais incisiva o partido. (02/05)
Foto: dts Nachrichtenagentur/IMAGO
Trabalhadores ao redor do mundo protestam no 1º de Maio
Redução de jornada, garantia de direitos e melhoria do ambiente de trabalho foram algumas das reivindicações de manifestações em todo o mundo no Dia do Trabalhador, como nesta em Daca, capital de Bangladesh. A data remonta ao início de uma greve em Detroit ocorrida em 1886, que resultou na prisão e morte de trabalhadores. (01/05)