Presente de migrante para Merkel causa batida policial
28 de dezembro de 2016
Polícia invade loja de correio em cidade do oeste da Alemanha depois que requerentes de asilo entregam pacote endereçado à chanceler alemã. Caixa continha escultura dedicada à chefe de governo.
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A polícia invadiu uma loja de correio no oeste da Alemanha nesta terça-feira (27/12), depois que dois requerentes de asilo tentaram enviar um pacote contendo um presente de agradecimento para a chanceler federal alemã, Angela Merkel.
Um empregado de uma agência do correio num posto de gasolina da cidade de Naunheim chamou a polícia após o requerente de asilo Mohammad Esmailzadeh e seu filho, Arash, entregarem o pacote no estabelecimento. "O funcionário achou a coisa suspeita, devido aos eventos da semana passada", disse um porta-voz da polícia à agência de notícias DPA.
A área ao redor do posto de gasolina foi isolada pela polícia, e um cão farejador foi levado ao local para ajudar na inspeção do pacote, que continha uma escultura feita pelo refugiado mais velho para agradecer à chefe de governo por ele estar na Alemanha.
"Nós ainda gostaríamos de enviar o presente para a chanceler federal. Mas agora nós não sabemos como", disse Arash Esmailzadeh ao jornal local Rhein Zeitung. O alarme falso ocorreu pouco mais de uma semana depois de um ataque com caminhão a uma feira de Natal em Berlim, que matou 12 pessoas e deixou dezenas de feridos.
Recorde de partidas voluntárias
A Alemanha registrou neste ano o maior número de partidas voluntárias de estrangeiros dos últimos 16 anos, com cerca de 55 mil requerentes de asilo e migrantes voltando para seus países, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung, baseada em estimativas do Departamento de Migração e Refugiados da Alemanha (Bamf). A cifra, que inclui registros entre janeiro e novembro de 2016, ultrapassa em cerca de 20 mil o número total de retornados voluntariamente no ano anterior.
A grande maioria provém do oeste dos Bálcãs, de países cujos cidadãos praticamente não têm chance de serem reconhecidos como refugiados. A Albânia é o país de origem que recebeu o maior número de retornados: cerca de 15 mil até novembro, de acordo com o Bamf.
Em segundo lugar, ficaram a Sérvia, Iraque e Kosovo, com 5 mil, respectivamente. Um aumento expressivo no número de retornos voluntários foi registrado entre cidadãos do Afeganistão, Irã e Iraque.
Para estimular partidas voluntárias, o governo da Alemanha oferece uma espécie de compensação financeira, que pode chegar até 4,2 mil euros para uma família de cinco pessoas que teve o requerimento de asilo negado, além de um auxílio-viagem de até 3 mil euros por família.
MD/dpa/rtr
Dez refugiados famosos
Músicos, atores, políticos, cientistas dos quatro cantos do mundo: em comum, o destino de refugiado. Todos deixaram seus países natais, por um período breve ou o resto da vida, para se salvar da guerra e perseguição.
Foto: akg-images/picture alliance
Touro Sentado (1831-1890)
O chefe sioux Tatanka Iyotake, "Touro Sentado", um dos mais célebres nativos dos Estados Unidos, viveu quatro anos como refugiado. Em 1877, cerca de um ano após a batalha de Little Bighorn, liderada pelo general Custer, ele fugiu com seus guerreiros para o Canadá. Após voltar aos EUA, o líder indígena foi preso e colocado numa reserva. Ele morreu baleado durante uma nova tentativa de prisão.
Foto: Imago/StockTrek Images
Albert Einstein (1879-1955)
Autor da teoria da relatividade e Nobel da Física, o judeu alemão Albert Einstein visitava os EUA quando Adolf Hitler assumiu o poder, em 1933. Manter-se longe da Alemanha sob regime nazista não foi decisão fácil. Einstein dizia se considerar um "privilegiado pela sorte", por poder viver em Princeton, mas também "quase envergonhado de viver em tamanha paz, enquanto todo o resto luta e sofre".
Foto: Imago/United Archives International
Béla Bartók (1881-1945)
Apesar de não ser judeu, o compositor, pianista e musicólogo Béla Bartók se opunha à ascensão do nazismo e à perseguição antissemita, e em 1940 emigrou para os EUA. "Minha principal ideia, que me domina inteiramente, é a irmandade dos homens, acima e além de todos os conflitos", disse certa vez. No entanto, sua carreira musical gorou no exílio, e ele acabou por morrer pobre e esquecido.
Foto: Getty Images
Marlene Dietrich (1901-1992)
A atriz e cantora alemã Marlene Dietrich já era uma estrela nos Estados Unidos quando adquiriu a nacionalidade americana, em 1939, voltando definitivamente as costas para a Alemanha nazista. Refugiada célebre, ela se manifestava contra Hitler e cantou para os soldados americanos durante a Segunda Guerra. Embora com seus filmes banidos na terra natal, ela dizia: "Eu nasci alemã e sempre serei."
Foto: picture-alliance/dpa
George Weidenfeld (1919-2016)
Nascido em Viena, o editor judeu George Weidenfeld emigrou após a anexação da Áustria pelos nazistas. Em Londres, ele cofundou uma casa editora e se tornou barão. Além de se engajar pela causa israelense, estabeleceu um fundo para ajudar os cristãos que fogem do "Estado Islâmico". "Não posso salvar o mundo [...] mas tenho uma dívida a saldar", disse certa vez.
Foto: picture-alliance/dpa/N.Bachmann
Henry Kissinger (*1923)
Natural da Baviera, Henry Kissinger teve papel central na configuração da política externa dos EUA. Contudo, antes de se tornar autoridade em relações internacionais e professor em Harvard, o 56º secretário de Estado americano tivera que fugir da perseguição nazista em 1938. Já nonagenário, ele revelaria que a Alemanha "nunca deixou de ser parte" de sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Schiefelbein
Miriam Makeba (1932-2008)
A cantora sul-africana Miriam Makeba era opositora ferrenha do regime do apartheid. Em 1960, durante turnê nos EUA, o governo de seu país lhe cancelou o passaporte. Três anos mais tarde ela foi proibida de entrar na África do Sul, a qual ela só reveria após décadas de exílio nos EUA e Guiné. "Mama Africa" morreu durante um show na Itália, em apoio à luta do autor Roberto Saviano contra a máfia.
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Milos Forman (1932-2018)
Apesar de já ser um cineasta respeitado, Milos Forman voltou as costas à Tchecoslováquia em 1968, após a Primavera de Praga, indo estabelecer-se nos Estados Unidos. Em sua produção do outro lado da Cortina de Ferro dois Oscars de melhor filme se destacam: o drama psiquiátrico "Um estranho no ninho" (1975) e "Amadeus" (1984), sobre Mozart.
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Madeleine Albright (1937-2022)
A primeira secretária de Estado americana, Madeleine Albright, nasceu na atual República Tcheca. Sua família fugiu para os EUA em 1948, quando os comunistas assumiram o poder. A partir de seu envolvimento intenso na política e depois de ser embaixadora americana na ONU, ela assumiu a chefia da diplomacia de 1997 a 2001, durante o segundo mandato de Bill Clinton.
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Isabel Allende (*1942)
O presidente Salvador Allende se suicidou após o golpe de Estado no Chile em 1973. A filha de um primo dele, Isabel, que o chamava de "tio", fugiu para a Venezuela após receber ameaças de morte. Mais tarde emigrou para os EUA e se estabeleceu como autora. Entre seus romances, que contam entre os clássicos do realismo mágico, destacam-se "A casa dos espíritos" e "Eva Luna".