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Presidência é mais um reality show para Trump, diz Obama

20 de agosto de 2020

Na convenção democrata, ex-presidente diz que seu sucessor é ameaça à democracia e inapto a exercer o cargo. Kamala Harris aceita indicação para concorrer à vice-presidência ao lado de Joe Biden.

Barack Obama discursou na Filadélfia, cidade onde a Constituição americana foi redigida e assinada.
Barack Obama discursou na Filadélfia, cidade onde a Constituição americana foi redigida e assinada. Foto: AFP

O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama teceu fortes críticas ao seu sucessor, Donald Trump, a quem acusou de incompetente e de colocar a democracia americana sob ameaça. As declarações foram dadas nesta quarta-feira (19/08), no terceiro dia da convenção democrata que selou a candidatura da Kamala Harris como vice de Joe Biden na corrida à Casa Branca.

Em uma das intervenções mais incisivas na convenção do Partido Democrata, realizada pela primeira vez de forma virtual em razão da pandemia de covid-19, Obama alertou que a democracia está em risco se Trump vencer novamente as eleições. Ele disse que o atual mandatário é inapto para exercer o cargo e o acusou de ignorar os valores fundamentais do país. 

"Esse governo demonstra que pode rasgar a democracia se isso for necessário para vencer as eleições", disso o ex-presidente na terceira noite da convenção democrata. Ele falava da Filadélfia, cidade onde a Constituição americana foi redigida e assinada.

Em seu discurso, o democrata disse que esperava que Trump amadurecesse na presidência, mas que chegou á conclusão de que ele simplesmente não conseguiria fazê-lo.

O democrata ainda acusou Trump de se utilizar da presidência para beneficiar amigos e familiares e de transformar o cargo mais alto do país em "mais um 'reality show' que [Trump] pode utilizar para obter a atenção que deseja".

Ele pediu aos eleitores que acreditem na capacidade de Joe Biden, seu vice-presidente e atual candidato democrata à presidência, para "tirar o país dos tempos sombrios" após o primeiro mandato de Trump na Casa Branca. "Ele [Biden] me fez um presidente melhor. Ele tem o caráter e a experiência para tornar o país melhor".

A candidatura de Biden para concorrer contra Trump na votação do dia 3 de novembro foi confirmada oficialmente nesta terça-feira.

Kamala Harris aceita indicação do Partido Democrata para concorrer à vice-presidênciaFoto: picture-alliance/AP Photo/C. Kaster

Obama se manteve discreto durante a maior parte da presidência de Trump, evitando comentar publicamente as políticas de seu sucessor. No entanto, ele vem aumentando o tom de suas críticas nos últimos meses, até chegar ao ponto de dizer que o atual presidente representa uma ameaça à democracia.

O ex-presidente, contudo, sabe que uma das razões pela qual Trump está hoje na Casa Branca foi o comparecimento significativamente baixo às urnas em 2016, motivo pelo qual exortou a participação dos jovens no pleito de novembro. "Peço que acreditem em suas próprias capacidades, que aceitem suas responsabilidades como cidadãos para assegurar a longevidade dos pilares de nossa democracia."

Trump minimizou as críticas de Obama: "Se o governo anterior tivesse feito um bom trabalho, eu não estaria aqui e, provavelmente, nem teria me candidatado".

Além de Obama, a terceira noite da convenção democrata também teve a participação da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, derrotada por Trump nas eleições de 2016, e da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.

A noite, porém, foi marcada pela confirmação de Kamala Harris como candidata a vice-presidente. A primeira mulher negra a concorrer ao segundo cargo mais alto do país por um partido majoritário fez um discurso histórico, no qual lembrou seus pais, ambos imigrantes de ascendência jamaicana e indiana.

Ela prometeu que trabalhará com Biden para rejuvenescer o país, que sofre os efeitos da pandemia de covid-19 e do agravamento das tensões raciais nos últimos meses.

Ao invés de receber a tradicional ovação dos participantes da convenção, Harris, após aceitar a indicação, recebeu os aplausos vindos de vários monitores de televisão atrás do palco onde estava.

A senadora discursou na cidade de Wilmington, no Delaware, onde vive Joe Biden. O candidato também apareceu para felicitá-la ao vivo, mas se manteve distante, observando as recomendações de saúde.

RC/ap/lusa/afp

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