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Presidente alemão alerta para novos muros

3 de outubro de 2017

Em festa pelos 27 anos da Reunificação, Steinmeier apela por debate franco sobre imigração e chama a atenção para as novas divisões que afligem a Alemanha. Evento ocorreu sob a sombra da ascensão dos populistas.

Steinmeier: "O grande muro que atravessava o nosso país não existe mais. Mas novos muros surgiram"
Steinmeier: "O grande muro que atravessava o nosso país não existe mais. Mas novos muros surgiram"Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, alertou nesta terça-feira (03/10), em cerimônia pelos 27 anos da Reunificação, sobre os novos muros que separam o país – "entre ricos e pobres, cidade e campo, online e offline".

O discurso foi feito na cidade de Mainz, no sudoeste da Alemanha. Ao lado da chanceler federal Angela Merkel e outras autoridades, Steinmeier evitou referência direta à ascensão dos populistas de direita nas eleições, mas não fugiu do tema.

"O grande muro que atravessava o nosso país não existe mais. Mas novos muros surgiram, menos visíveis, sem arames farpados e faixas da morte", discursou o presidente alemão.

Steinmeier tocou também na questão migratória e pediu um debate franco sobre "qual e quanta imigração" a Alemanha precisa. "Só quando levarmos a sério essas duas perguntas, vamos superar a polarização no atual debate", afirmou.

Merkel na chegada a MainzFoto: Reuters/K. Pfaffenbach

Geralmente festivo, o 3 de outubro, feriado nacional, foi ofuscado neste ano pelo forte desempenho dos nacionalistas da Alternativa para a Alemanha (AfD), um partido de retórica antimigração, nas últimas eleições alemãs.

Com mais de 12% dos votos, o partido entrou no Parlamento alemão pela primeira vez graças, em grande parte, ao bom desempenho em áreas rurais do leste do país, onde obteve votação expressiva de 22,5%.

Muitos moradores da região onde ficava a antiga Alemanha Oriental se sentem deixados para trás e alegam que sua condição de vida não melhorou de fato desde a reunificação alemã.

No leste alemão, o sentimento anti-imigrantes é maior do que no oeste, embora o número de estrangeiros vivendo ali seja bem menor do que o registrado na parte ocidental do país. Pesquisa de agosto do instituto Forsa mostrou que 55% dos moradores do leste não acreditam que os dois lados tenham crescido simultaneamente desde a Reunificação.

No evento em Mainz nesta terça-feira, Merkel, que cresceu na Alemanha Oriental, admitiu lacunas na Reunificação: "Podemos olhar para trás e dizer: muito da unificação funcionou bem, e isso deveria nos dar a força para resolver os problemas que ficaram."

Entre os principais problemas do Leste estão uma economia mais fraca, maior desemprego e uma queda na população, em parte por fuga de talentos – muitos jovens se mudam para o ocidente do país, em busca de melhores oportunidades de emprego.

Em 3 de outubro de 1990, a República Democrática Alemã (RDA) oficialmente aderiu à República Federal da Alemanha (RFA) – estava formalizada a Reunificação. Desde então, o povo alemão comemora o Dia da Unidade Alemã como seu feriado nacional.