Presidente alemão apóia planos de Lula
28 de novembro de 2003O fortalecimentos das relações entre o Mercosul e a União Européia foi o assunto principal da conversa do presidente alemão com o seu colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, segundo Johannes Rau, sem revelar detalhes. O político social-democrata mostrou interesse da Alemanha em fortalecer a sua cooperação com o Brasil, assinando vários acordos de financiamento de projetos, entre eles um para produção de energia elétrica em comunidades isoladas no Norte-Nordeste, no volume de 13,3 milhões de euros, no âmbito do projeto "Luz no Campo". Rau conhece Lula há mais de 20 anos.
A Alemanha é o parceiro mais importante do Brasil em programas internacionais de proteção de florestas e demarcação de terras indígenas e o segundo na cooperação técnica e financeira. Em 40 anos de cooperação para o desenvolvimento econômico, o Estado alemão contribuiu com mais de 1 bilhão de euros. A data foi comemorada em Brasília com a presença dos presidentes dos dois países, com uma exposição no Itamarati, organizada pela embaixada alemã.
Brasília foi a última estação do giro de Rau pela América Latina. Antes do Brasil, ele visitou o México, o Chile e o Uruguai. O interesse econômico dos alemães no Brasil e na América Latina foi evidenciado pela delegação de 30 empresários que acompanhou o presidente nos quatro países.
Ajuda ao desenvolvimento
- Rau disse que o presidente Lula lhe assegurou que em menos de 11 meses de governo teria conseguido mais no setor social do que esperava inicialmente. O programa Fome Zero já teria alcançado aproximadamente 3,6 milhões de famílias.Indagado sobre que recomendações faria à Alemanha e à Europa para ajudar a combater a pobreza no mundo, Rau manifestou o desejo de seu país cumprir a promessa de destinar 0,7% do seu Produto Interno Bruto (PIB) à ajuda ao desenvolvimento. A promessa foi feita pelos países industrializados há mais de 30 anos. Em entrevista à emissora de rádio alemã Deutschlandfunk, ele disse que a contribuição alemã equivale a menos da metade desse percentual, mas mesmo assim a Alemanha é líder europeu na cooperação ao desenvolvimento.
O presidente se declarou preocupado com o do fato dos alemães se ocuparem muito com os seus próprios problemas. Questionado se exigiria que o governo em Berlim atingisse a quota de 0,7%, Rau ponderou que não toma posição na elaboração do orçamento federal alemão, mas apelou para que não se permita a destruição das estruturas construídas pelas organizações de ajuda humanitária da Igreja Católica, Miserior e Adveniat, e da Luterana, Pão para o Mundo (Brot für die Welt). Ele disse ter ficado impressionado com os projetos dessas ONGs nos três países que visitou na América Latina.
Pobreza e subsídios
- O presidente alemão manifestou igualmente esperança de uma política internacional que garanta mais acesso dos produtos dos países em desenvolvimento aos mercados internacionais. O caminho seria reduzir as subvenções agrícolas na União Européia e nos Estados Unidos. Rau disse esperar que o fracasso da rodada de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Cancún não tenha sido a última palavra sobre subvenções agrícolas nos países ricos.