Frank-Walter Steinmeier viaja a Kiev pela primeira vez desde o início da guerra. Político alemão pretendia ir ao país em abril, mas foi desconvidado por postura pró-Rússia durante governo Merkel.
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O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, desembarcou na manhã desta terça-feira (25/10) em Kiev para uma visita surpresa à Ucrânia. Um encontro com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, está previsto na agenda do político alemão.
"A minha mensagem aos ucranianos é: não estamos apenas do seu lado, mas continuaremos também apoiando a Ucrânia – militar, política e financeiramente e com ajuda humanitária", afirmou Steinmeier ao desembarcar do trem.
Steinemeier afirmou ser importante mostrar solidariedade ao país, que enfrenta neste momento vários bombardeiros à infraestrutura civil. No início da manhã, o político alemão visitou Korjukiwa – uma pequena cidade no norte do país que foi ocupada por tropas russas. Além de ver com os próprios olhos a destruição causada pela Rússia, o presidente alemão pretende conversar com os ucranianos.
"Como muitos alemães, olho com admiração para os ucranianos. Para sua coragem, sua irredutibilidade, que eles mostram não somente no front, mas também nas cidades bombardeadas e nas zonas rurais", destacou Steinemeier.
O Banco Mundial estimou, em setembro, que 350 bilhões de dólares seriam necessários para reconstruir o país até aquele momento. Esse valor é maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) da Ucrânia, que ficou em 200 bilhões de dólares em 2021.
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Primeira visita à Ucrânia
Essa é a primeira visita do presidente alemão à Ucrânia desde o início da guerra em 24 de fevereiro. Ele chegou a programar uma ida a Kiev em abril, mas foi desconvidado pelo governo ucraniano devido à posição pró-Rússia que teve quando fez parte do governo de Angela Merkel, que promoveu uma aproximação com Moscou.
O social-democrata Steinmeier foi ministro do Exterior em dois governos de Merkel. Ele também defendeu a construção do controverso gasoduto russo Nord Stream 2, que teve seu processo de licenciamento interrompido por Berlim devido à escalada do conflito na Ucrânia.
Em Berlim, o desconvite foi visto como uma afronta diplomática e política sem precedentes. Pouco depois, a ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, foi a primeira representante do governo alemão a visitar a Ucrânia, em 10 de maio. O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, esteve em Kiev em meados de junho.
Já Steinmeier anunciou na semana passada que iria à Ucrânia. A viagem, porém, teve de ser adiada por questões de segurança. Há semanas, a Rússia promove uma série de ataques aéreos a várias cidades do país. Os bombardeios danificaram seriamente a rede elétrica do país e de aquecimento. Sem uma reconstrução rápida dessa infraestrutura, muitos ucranianos deveram passar por um inverno com apagões e no frio.
No encontro entre os presidentes, Steinmeier e Zelenski devem pedir que cidades alemãs façam parceiras com localidades ucranianas voltadas para promover ajuda durante o inverno.
cn/lf (dpa, Lusa, Reuters)
Patrimônio cultural da Ucrânia sob ataque
Além de custar vidas humanas, a guerra da Rússia aniquila a rica herança arquitetônica e cultural ucraniana. Nos primeiros seis meses da ofensiva, pelo menos 450 sítios culturais foram danificados ou destruídos.
Foto: Nicola Marfisi/UIG/IMAGO
Biblioteca Regional Juvenil, Chernihiv
Fundada no século 10º, Chernihiv é uma das cidades mais antigas da Ucrânia. Ela foi uma das primeiras atacadas pela Rússia ao invadir o país vizinho em 24 de fevereiro de 2022, e 70% de seus prédios e infraestrutura estão destruídos. A Biblioteca Regional Juvenil do século 19, uma das marcas registradas de Chernihiv, foi destroçada por bombas russas em 11 de março.
Foto: Nicola Marfisi/UIG/IMAGO
Teatro Dramático, Mariupol
Alguns dos combates mais violentos da guerra da Rússia contra a Ucrânia têm se desenrolado na cidade portuária de Mariupol, no Mar Negro. Há mais de 60 anos, adornava seu centro um elegante Teatro Dramático, em cujo porão os moradores iam buscar segurança durante as ofensivas. Porém em 16 de março as forças sob ordens de Vladimir Putin bombardearam o prédio, matando cerca de 600 civis.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
Museu de Arte Arkhip Kuindzhi, Mariupol
Em 21 de março, a Rússia lançou uma devastadora ofensiva aérea contra o Museu de Arte Arkhip Kuindzhi de Mariupol, construído em 1902, em estilo art nouveau. Nenhuma das obras desse pintor do século 19 se encontrava no prédio, porém as de Tetyana Yablonska e de outros artistas ucranianos. Não está claro se alguma delas foi recuperada.
Foto: Alexey Kudenko/SNA/IMAGO
Borodyanka
A cidadezinha de Borodyanka, cerca de 50 quilômetros a noroeste de Kiev, era um pacífico local residencial. Após mais de um mês de ocupação russa, contudo, grande parte dela está em ruínas. Casas, playgrounds, jardins, escolas, parques, até monumentos, como este busto do poeta ucraniano Taras Shevchenko, foram danificados ou destruídos.
Em 6 de maio, as tropas russas lançaram um ataque sobre a casa onde morou o poeta e filósofo do século 18 Hryhoriy Skovoroda, num subúrbio de Kharkiv. O prédio transformado em museu em honra de seu legado foi atingido por um míssil, um homem de 35 anos que supervisionava o local ficou ferido. A coleção não sofreu danos, pois já fora transportada para um local seguro.
Foto: Sergey Bobok/AFP/Getty Images
Igreja Pokrovsky, Malyn
Em 6 de março de 2022, os invasores russos lançaram um bombadeio aéreo sobre a praça central de Malyn. As paredes da Igreja Ortodoxa Pokrovsky, construída em meados dos anos 1990, sofreram sérios danos, suas janelas ficaram estilhaçadas.
Foto: Maxym Marusenko/NurPhoto/picture alliance
Izyum
Terceira maior cidade da região de Kharkiv, Izyum foi fundada em 1681 e ficou famosa por suas igrejas e outras construções históricas. Devido a sua localização estratégica, a Rússia tentou capturá-la pouco após o início da invasão. Bombas e mísseis destruíram 80% dos edifícios residenciais de Izyum. Esta escola datando de 1882 ficou seriamente danificada.