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Wulff sob pressão

14 de dezembro de 2011

Antes de assumir a presidência da Alemanha, Christian Wulff negou negócios com amigo empresário, mas agora confirma ter recebido dinheiro da esposa dele. Oposição o acusa de ter faltado com a verdade.

Wulff havia garantido não ter feito negócios com amigo empresárioFoto: dapd

Recém-chegado de uma viagem ao Golfo Pérsico, o presidente da Alemanha, Christian Wulff, está sendo acusado de ter omitido um empréstimo no valor de 500 mil euros que ele recebeu da esposa do empresário e amigo de longa data, Egon Geerkens, em 2008, a juros mais baixos do que os de mercado.

Na época, Wulff era governador do estado da Baixa Saxônia. O dinheiro, usado para comprar uma casa com sua segunda esposa, foi saldado através de um empréstimo bancário no ano passado.

Questionado pelo Partido Verde de seu estado em 2010, Wulff negara ter relações comerciais com Geerkens e suas empresas. No entanto, após o jornal Bild ter divulgado informações sobre o empréstimo em sua edição desta terça-feira (13/12), o gabinete presidencial confirmou que o dinheiro viera da esposa do empresário.

Segundo o porta-voz presidencial, Wulff – da União Democrata Cristã (CDU, do alemão), mesmo partido da chanceler federal alemã, Angela Merkel – teria respondido corretamente ao questionamento, já que a pergunta se referia aos negócios com Geerkens, e não com sua esposa. Para a oposição, no entanto, o presidente ocultou a verdade.

"Nós queremos saber exatamente o que aconteceu", disse Stefen Wenzel, do Partido Verde da Baixa Saxônia. Ele espera que o presidente esclareça de qual conta saiu o dinheiro do empréstimo. Wenzel disse duvidar que Wulff se tornaria presidente caso tivesse revelado o empréstimo na época.

A presidente da seção alemã da Transparência Internacional, Edda Müller, disse que teria sido "politicamente mais inteligente", se na ocasião Wulff tivesse citado o empréstimo particular.

Geerkens: amigo de longa dataFoto: picture alliance/dpa

Como começou

No Natal de 2009, Wulff e sua segunda esposa passaram o Natal na Flórida, na casa do casal Geerkens. No voo para lá, feito com a companhia Air Berlin, o casal Wulff pagou business, mas voou de primeira classe, sem pagar a mais.

Posteriormente, Wulff pagou pelo upgrade. Mesmo assim, houve um questionamento dos verdes na assembleia estadual sobre o relacionamento do então governador com Geerkens. Wulff respondeu que não teria mantido relações comerciais com o empresário nos últimos dez anos. Ao mesmo tempo, reconheceu que o upgrade gratuito teria sido um erro.

Agora, o líder da bancada verde na Baixa Saxônia, Stefan Wenzel, exige a abertura de um processo para investigar se Wulff lesou leis estaduais. "Se realmente foi um empréstimo particular junto a um amigo, por que então este empresário participou de três viagens do presidente ao exterior?", questiona.

Wulff renunciou ao cargo de governador da Baixa Saxônia quando foi designado presidente da Alemanha, em junho de 2010. Apesar de exercer um papel basicamente de representação do Estado, observadores acreditam que as manchetes possam se refletir negativamente na política de alianças de Angela Merkel.

O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, declarou nesta quarta-feira que Merkel "tem plena confiança na pessoa e na condução do cargo" exercido por Wulff. Ele disse ainda que a chefe de governo "não vê qualquer motivo para duvidar das informações dadas pelo presidente".

MSB/afp/dpa/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer

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