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Presidente concorda com governo de transição e novas eleições na Ucrânia

21 de fevereiro de 2014

Após horas de negociações intermediadas pela União Europeia e Rússia, presidente Yanukovytch descarta renunciar, mas faz concessões, e oposição assina acordo que pode pôr fim à onda de violência no país.

Kiew Treffen Janukowitsch EU-Außenminister
Foto: picture-alliance/dpa

O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovytch, anunciou nesta sexta-feira (21/02) que concorda com a formação de um governo de unidade nacional, a realização de uma eleição presidencial antecipada e a uma reforma constitucional que leve ao retorno da Constitução de 2004, o que significa que ele abdicaria de alguns de seus poderes.

O anúncio aconteceu depois de negociações com a oposição, intermediadas por representantes da Rússia e os ministros do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e da Polônia, Radoslaw Sikorski. Aparentemente, Yanukovytch cedeu a exigências da oposição, mas não à principal delas: que ele deixe o cargo.

Após o acerto entre governo e líderes oposicionistas, o acordo foi avalizado também pelo conselho dos manifestantes que ocupam a Praça da Independência (Maidan), no centro de Kiev e principal palco dos violentos protestos. Steinmeier e Sikorski foram até o local buscar o apoio dos manifestantes.

O acordo foi assinado ainda nesta sexta-feira pela liderança da oposição. Espera-se que ele ponha fim à violência na Ucrânia, que custou a vida de ao menos 77 pessoas só nos últimos dois dias.

Segundo relatos não confirmados, as partes conflitantes chegaram a um consenso sobre um governo interino, uma alteração da Constituição até setembro e sobre uma antecipação das eleições presidenciais, marcadas para março de 2015, no mais tardar até dezembro. O acordo prevê ainda que um novo gabinete de governo seja formado num prazo de dez dias.

Por exigência da oposição, o ministro do Interior e o procurador-geral devem deixar seus cargos.

Nesta quinta-feira, ao menos 47 pessoas morreram na Praça MaidanFoto: picture-alliance/dpa

Dia mais violento

Antes do acordo, Kiev vivenciou, nesta quinta-feira, os piores confrontos entre forças do governo e oposição no entorno da Praça da Independência (Maidan). Segundo dados do governo, 47 pessoas morreram – mais do que em qualquer outro dia dos protestos que eclodiram há três meses. Nos últimos dois dias, ao menos 77 pessoas morreram na capital Ucrânia, vítimas dos confrontos entre tropas do governo e oposicionistas.

De acordo com o Ministério do Interior, na manhã desta sexta-feira em Kiev, oposicionistas atiraram em policiais. O ministério informou que "desordeiros" tentaram adentrar o Parlamento ucraniano e romper o bloqueio montado pelas forças de segurança. Assim, os manifestantes teriam "quebrado o cessar-fogo" anunciado na última quarta-feira, acrescentaram as autoridades do país.

Rumo à inadimplência estatal

Nesse meio-tempo, a agência americana de notação de risco Standard & Poor's afirmou que, devido aos tumultos, a Ucrânia caminha em direção a uma inadimplência estatal. Os especialistas da S&P reduziram pela segunda vez em três semanas a classificação de risco da Ucrânia, que agora está em CCC.

Segundo os analistas, a situação política piorou consideravelmente. "Assim, novas ajudas financeiras provenientes da Rússia ao longo do ano de 2014 estão agora comprometidas". Os especialistas disseram ainda que o futuro do atual governo está mais incerto do que no início dos protestos em novembro do ano passado.

Nesta sexta-feira, o Ministério das Finanças da Ucrânia afirmou que o país suspendeu a venda de títulos do governo com duração de cinco anos, no valor de 2 bilhões de dólares. A Ucrânia tinha esperanças de que a Rússia viesse a comprar os papéis, aliviando a delicada situação econômica do país.

CA/rtr/dpa/afp

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