Rupert Stadler é detido em meio a investigações sobre manipulação de emissões de veículos a diesel da Volkswagen. Trata-se da figura de maior importância a ter prisão decretada desde que escândalo veio à tona.
Anúncio
O presidente da automobilística Audi, Rupert Stadler, foi preso nesta segunda-feira (18/06) em meio às investigações sobre o escândalo da manipulação das emissões de veículos a diesel do grupo Volkswagen, do qual a Audi faz parte.
A prisão ocorreu uma semana após os promotores de Munique realizarem buscas na residência de Stadler. Ele é acusado de fraude e falsificação de documentos que permitiram que veículos a diesel equipados com dispositivos de adulteração dos dados das emissões de gases poluentes fossem comercializados no mercado europeu. A promotoria afirmou que a prisão foi necessária para evitar "risco de ocultação de provas".
A Audi confirmou a prisão de Stadler sem fornecer maiores detalhes, afirmando apenas que "a presunção de inocência continua a ser aplicada" no caso do chefe da empresa. Um total de 20 funcionários da automobilística são suspeitos de envolvimento no escândalo.
Stadler é a figura de maior importância a ter sua prisão decretada como resultado do escândalo iniciado em 2015, quando a Volkswagen admitiu ter equipado em torno de 11 milhões de veículos em todo o mundo com um dispositivo de adulteração dos dados das emissões de poluentes.
A Audi estava sob suspeita de que seus engenheiros teriam desenvolvido o software utilizado pelas empresas do grupo Volkswagen. Em setembro de 2017, o chefe do departamento de desenvolvimento de motores da subsidiária foi detido.
No início deste mês, as autoridades alemãs ordenaram o recall de em torno de 60 mil modelos a diesel Audi A6 e A7 em toda a Europa para a remoção do software ilegal, que utilizaria uma tecnologia diferente da que foi descoberta no início do chamado "dieselgate".
O ex-chefe da Volkswagen Martin Winterkorn renunciou ao cargo após o escândalo vir à tona, em setembro de 2015, sendo substituído pelo ex-presidente da Porsche – marca que também pertence à Volks – Matthias Müller. Ambos são suspeitos de terem conhecimento dos fatos antes de admitirem as adulterações, o que significaria que eles não informaram investidores da empresa sobre os riscos financeiros.
Winterkorn foi indiciado por promotores americanos no mês passado. Eles acreditam que o ex-chefe da VW sabia das adulterações já em maio de 2014, e teria permitido a continuação das práticas ilegais. Müller acabou deixando a presidência do grupo em abril deste ano, sendo substituído pelo ex-executivo da BMW Herbert Diess.
O escândalo já gerou prejuízos de mais de 25 bilhões de euros à Volkswagen em recompras, multas e indenizações. A empresa ainda é alvo de processos tanto na Alemanha quanto no exterior.
RC/afp/ap
----------------
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos noFacebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App | Instagram
Dez coisas que você talvez não saiba sobre a VW
Abalada por recente escândalo de manipulação de emissões, Volkswagen reúne uma série de fatos curiosos em sua trajetória – de Adolf Hitler ao Fusca e aos lucros bilionários.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Wagner
Carro popular
Você sabia que Volkswagen (carro popular, em alemão) foi uma ideia de Adolf Hitler, desenvolvida por Ferdinand Porsche, fundador da marca homônima? Em 1938, Hitler chegou a construir uma cidade inteira para abrigar a fábrica e seus trabalhadores nas proximidades de Fallersleben, no estado da Baixa Saxônia. Em 1945, a cidade recebeu o nome de Wolfsburg, onde até hoje se situa a sede da Volks.
Foto: DW/J. Dumalaon
Sucesso mundial
Conhecido na Alemanha como "Käfer" (besouro), o Fusca liderou durante muito tempo a lista dos carros mais vendidos no século 20. Antes de a produção ter sido encerrada em 2003, mais de 21,5 milhões de Fuscas foram vendidos no mundo todo.
Foto: DW/E. Schuhmann
As muitas faces da Volks
A empresa percorreu um longo caminho desde a década de 1930. Atualmente, o Grupo Volkswagen engloba 12 marcas. Os carros da Audi, Bentley, Lamborghini, Porsche e Skoda estão entre as mais comercializadas, respondendo por 37% das vendas de 2014.
Foto: Audi AG
Domínio de mercado
Hoje, a Volkswagen realmente faz jus ao nome "carro popular". Mais de um em cada três carros vendidos na Alemanha é do Grupo Volks, com a montadora detendo uma parcela de 36% do mercado alemão.
Foto: picture-alliance/dpa
Um em cada dez
Mundialmente, mais de 10% de todos os carros vendidos no ano passado levava o símbolo de uma das marcas do Grupo Volkswagen. A companhia vendeu mais de 10,2 milhões de veículos em 2014. Por volta de 70% desse total foi comercializado fora da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Z. Junxiang
EUA: mercado difícil
O cobiçado mercado americano tem mostrado ser uma "pedra no sapato" da montadora alemã. Apenas 6% dos carros produzidos mundialmente pela companhia, por volta de 600 mil, foram vendidos nos EUA no ano passado. Apesar de investimentos imensos, a parcela da Volks nesse disputado mercado gira em torno de 2%, muito atrás de concorrentes como GM, Ford e Toyota.
Foto: picture-alliance/dpa
Primeira posição em jogo?
Em julho, a Volks ultrapassou a Toyota como a maior vendedora de carros do mundo. A montadora alemã também lidera o ranking das montadoras em termos de receitas. Em 2014, a companhia registrou um volume de vendas de 202,5 bilhões de euros. Descontados os impostos, o lucro foi de 11,1 bilhões de euros. Mas, depois do escândalo de emissões, analista alertam para o risco de perda da "pole position".
Foto: picture-alliance/dpa
Empregador global
Até 31 de dezembro de 2014, o grupo empregava aproximadamente 600 mil trabalhadores, tornando-se assim um dos maiores empregadores em todo o mundo. Desses, mais de um terço, cerca de 270 mil empregados, trabalha na Alemanha.
Foto: picture alliance/dpa
Maior indústria alemã
A indústria automobilística é o maior setor da economia alemã, sendo impulsionada pelas chamadas "três grandes": Daimler, BMW e Volks. A indústria emprega cerca de 800 mil trabalhadores, quase 2% da força de trabalho alemã.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Weißbrod
Sucesso de exportação
A receita total da indústria automotiva alemã chegou a quase 370 bilhões de euros no ano passado. O setor respondeu por quase um quinto das exportações do país e cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha.