Presidente da Ucrânia anuncia plano de cessar-fogo
27 de agosto de 2014O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, prometeu nesta quarta-feira (27/08) que trabalhará num plano urgente para um cessar-fogo, pouco depois de conversar com seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Minsk, capital de Belarus.
Após o encontro a sós com o presidente russo nesta terça-feira, Poroshenko também se reuniu com a alta representante para assuntos externos da União Europeia (EU), Catherine Ashton. "A estratégia de paz para resolver o conflito na Ucrânia foi apoiada por todos os políticos que participaram da cúpula em Minsk", declarou o líder ucraniano depois da conversa com Ashton, na madrugada desta quarta-feira em sua conta no Facebook.
Poroshenko descreveu as duas horas de negociações com Putin como "muito duras e complexas" e disse que "será preparado um roteiro para obter um acordo de cessar-fogo o mais rápido possível, que deve ser de caráter absolutamente bilateral".
Apesar do tom positivo, não ficou claro como os rebeldes vão reagir à ideia de uma trégua, em quanto tempo ela pode ser alcançada e por quanto tempo ela poderá se estender. Também não houve sinais de avanços num ponto principal dos acordos entre ambos os países, as acusações da Ucrânia de que Moscou está enviado armas aos rebeldes para ajudá-los, algo que a Rússia insiste em negar.
Já Putin, descreveu as conversações com Poroshenko como positivas. O presidente russo, entretanto, disse que uma trégua entre o governo em Kiev e os rebeldes separatistas não depende da Rússia.
"Nós não discutimos essencialmente isso. E a Rússia não pode discutir as condições de um cessar-fogo, de acordos entre Kiev, Donetsk e Lugansk. Isso não é assunto nosso, depende da Ucrânia", afirmou a jornalistas na madrugada de quarta-feira. "Só podemos contribuir para criar uma situação de confiança para um possível e, em minha opinião, extremamente necessário, processo de negociação", acrescentou.
Esta foi a primeira vez que Putin e Poroshenko tiveram uma reunião bilateral, sem mediação, desde que o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovytch, pró-Kremlin, foi destituído, em fevereiro.
"Chapeuzinho vermelho"
Putin e Poroshenko apertaram as mãos em Minsk poucas horas depois de Kiev afirmar ter capturado dez soldados russos numa "missão especial" em território ucraniano.
Em resposta a um vídeo dos militares supostamente capturados, uma fonte do Ministério da Defesa russo afirmou às agências de notícias do país, que eles cruzaram a fronteira por engano. Mas um porta-voz do Exército da Ucrânia rechaçou a versão em tom sarcástico, dizendo que os paraquedistas "se perderam como chapeuzinho vermelho no bosque".
Na capital de Belarus, Putin não se referiu diretamente às acusações de Kiev, mas pareceu estar ciente da situação e sugeriu que os soldados teriam simplesmente se perdido. "Ainda não recebi um relatório do Ministério da Defesa e do Estado-Maior, mas a primeira coisa que ouvi foi que eles estavam patrulhando a fronteira e acabaram parando dentro do território ucraniano", afirmou o presidente.
As negociações em Minsk foram precedidas de seis horas de diálogo com membros de alto escalão da UE e os presidentes de Belarus e Cazaquistão, com o objetivo de colocar fim a um conflito que já dura cinco meses e fez aumentar as tensões entre a Rússia e a Otan.
Um relatório da ONU obtido pela agência de notícias Reuters afirma que mais de 2.200 pessoas já morreram no conflito, sem contar os 298 ocupantes do avião comercial da Malaysia Airlines derrubado em julho no leste ucraniano.