Fabio Schvartsman e três outros diretores da empresa se afastam dos cargos após força-tarefa que investiga tragédia de Brumadinho recomendar saída temporária do executivo e de outros 13 empregados da mineradora.
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O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou neste sábado (02/02) seu afastamento temporário do comando da empresa. O conselho de administração da companhia aprovou a medida.
A decisão foi tomada após a força-tarefa que investiga o rompimento da barragem de Brumadinho (MG) ter recomendado o afastamento do executivo e de outros 13 empregados da mineradora.
Schvartsman afirma estar pedindo o afastamento temporário das suas funções "em benefício da continuidade das operações da companhia e do apoio às vítimas e a suas famílias", em carta enviada ao Conselho de Administração da Vale. No texto, ele argumenta que tomou a decisão "com a absoluta convicção da retidão" e "do dever cumprido até aqui".
A Vale anunciou que Eduardo de Salles Bartolomeo, atual diretor-executivo de metais básicos da mineradora, assume o cargo de diretor-presidente interino no lugar de Schvartsman.
Além de Schvartsman, também se afastaram temporariamente outros três diretores: Peter Poppinga, diretor-executivo de ferrosos e carvão, Lucio Flávio Gallon Cavalli, diretor de planejamento e desenvolvimento de ferrosos e carvão, e Silmar Magalhães Silva, diretor de operações do corredor sudeste.
Em nota, a Vale afirma que os próprios diretores enviaram pedidos de afastamento temporário de suas funções, que foram aceitos pela companhia. No comunicado, a empresa Vale já nomeia os substitutos.
Claudio de Oliveira Alves, atual diretor de pelotização e manganês, ocupará interinamente a função de diretor-executivo de ferrosos e carvão no lugar de Poppinga. Mark Travers, atual diretor jurídico, de relações institucionais e sustentabilidade de metais básicos, fica sendo interinamente o diretor-executivo de metais básicos, ocupando a vaga deixada pela transferência de Bartolomeo à presidência.
O conselho de administração da companhia recebera na sexta-feira um documento assinado por integrantes da força-tarefa que investiga a tragédia – composta por membros do Ministério Público Federal, do Ministério Público de Minas Gerais, da Polícia Federal e da Polícia Civil de Minas – recomendando o afastamento de Schvartsman e de outros 13 profissionais da empresa durante o andamento das investigações sobre o rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho, no dia 25 de janeiro. A tragédia deixou 186 mortos e 122 desaparecidos.
No texto, a força-tarefa pede também que Schvartsman e mais oito dos investigados "sejam proibidos de entrar em prédios ou instalações da mineradora" e que os funcionários da Vale não compartilhem assuntos de "teor estritamente profissional" com os investigados.
Rompimento de barragem da Vale em Minas Gerais, no dia 25 de janeiro de 2019, deixou centenas de mortos. Um mês após o desastre, busca por corpos enterrados na lama continua.
Foto: DW/N. Pontes
Zona Quente
Buscas por corpos enterrados na lama continuam com homens e mulheres do Corpo de Bombeiros dos estados de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Um mês depois da tragédia, cerca de 140 oficiais se dividem em 19 equipes pela área afetada. Toda a superfície já foi vasculhada. Regiões com acúmulo de água ainda oferecem perigo às atividades dos bombeiros.
Foto: DW/Nádia Pontes
Centro de Comando
Duas bases de operações foram instaladas para apoiar as equipes de resgate. Perto do centro de Brumadinho, oficiais dos bombeiros usam informações georreferenciadas para planejar ações de campo. Na imagem, militar consulta os locais onde corpos e fragmentos de corpos foram encontrados no primeiro mês de buscas na lama.
Foto: DW/N. Pontes
Barragens de rejeitos da Vale
Vista aérea da estrutura que sobrou da barragem I da mina Córrego do Feijão após o colapso. Construída em 1976 pela Ferteco, adquirida pela Vale em 2001, barragem armazenava 12 milhões de m3 de rejeitos numa área de 249,5 mil m2. À direita da imagem, a barragem IV, com 844 mil m3 de rejeitos, passa por operação de drenagem desde a tragédia.
Foto: DW/Nádia Pontes
Vidas destroçadas
Pelo menos 300 pessoas morreram após o rompimento da barragem de rejeitos da Vale. Segundo a empresa, 286 pessoas estão desabrigadas em Brumadinho, vivendo em pousadas e casas alugadas pela mineradora. Devido ao risco de rompimento de outras barragens, 744 pessoas foram evacuadas nas cidades de Barão dos Cocais, Ouro Preto e Nova Lima.
Foto: DW/N. Pontes
Vistoria da Defesa Civil
Defesa Civil e Secretaria de Obras de Brumadinho visitam locais atingidos na companhia de moradores. As perdas materiais relatadas compõem um laudo emitido pelo poder público, que é essencial para que moradores sejam identificados pela Vale como atingidos. O laudo é importante principalmente para quem perdeu todos os documentos, era caseiro ou trabalhador informal em propriedades destruídas.
Foto: DW/N. Pontes
Preocupação com a saúde
A pedido da mãe, Davi, 3 anos, mostra as feridas na pele que apareceram uma semana depois do rompimento da barragem. A família mora no distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho, que foi atingido pela lama. Segundo moradores, pelo menos três crianças e um adulto estão com o mesmo problema.
Foto: DW/N. Pontes
Insetos e mau cheiro
Larissa, 25 anos, ficou uma semana fora de casa depois da tragédia. No dia do rompimento da barragem, ela ouviu um estrondo e viu a movimentação dos rejeitos. Mesmo sem o soar da sirene, ela seguiu o treinamento de emergência e correu para o ponto de encontro com os três filhos. Desde que voltou pra casa, ela reclama do número exagerado de insetos e do mau cheiro.
Foto: DW/N. Pontes
Monitoramento ambiental
O Ibama estima que a onda de rejeitos tenha devastado pelo menos 270 hectares, entre vegetação nativa de Mata Atlântica e Áreas de Preservação Permanente. A DW Brasil acompanhou um sobrevoo que analisou o impacto dos rejeitos nos córregos. Foram identificados vários pontos com acúmulo de água devido ao represamento causado pelos rejeitos.
Foto: DW/N. Pontes
Informações às vítimas
A Estação do Conhecimento da Vale se transformou numa central de atendimento aos atingidos. Diversos órgãos públicos, além da própria empresa, mantêm funcionários no local para dar assistência à população. Muitas viúvas e representantes de crianças órfãs buscam auxílio para reunir documentação necessária para dar entrada na ação contra a mineradora. Apoio psicológico também é oferecido.