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Mais uma crítica

8 de outubro de 2011

Robert Zoellick afirma que Angela Merkel não tem visão para superar a crise da dívida nem para desenvolver a moeda comum europeia. Oposição em Berlim acredita que crise do euro poderá levar ao fim da coalizão de governo.

Zoellick: pacote de ajuda à Grécia é só para ganhar tempo
Zoellick: pacote de ajuda à Grécia é só para ganhar tempoFoto: dapd

Não foi em tom exatamente amigável que o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, criticou a condução que a Alemanha vem dando à crise do euro. Em entrevista à revista alemã Wirtschaftswoche, especializada em economia, Zoellick afirmou que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, não tem visão sobre como superar a crise nem como desenvolver a moeda comum europeia.

"Muita coisa na política acontece de maneira meio atrapalhada, mas a economia e o mercado precisam de orientação e de clareza", afirmou Zoellick. "Quando há 20 anos o Leste Europeu entrou em colapso, o então chanceler federal Helmut Kohl teve uma visão sobre como as coisas deveriam se desenvolver. Isso agora falta por completo, e quanto mais a crise se estender, mais dinheiro vai custar e menos opções de negociações vão existir", avaliou durante a entrevista.

Para Zoellick, o pacote de ajuda financeira que será oferecido à Grécia servirá apenas para ganhar tempo. "Eu não quero criticar tal medida, mas isso não resolve o problema". Em tom de cobrança, ele afirmou que a Europa não encontrou uma saída nem para a alta dívida pública de alguns países do bloco, nem para a crise financeira. Também estariam faltando respostas para a falta de competitividade da Grécia.

Falta liderança

Zoellick: Alemanha deveria assumir responsabilidadesFoto: dapd

Zoellick quer que a Alemanha, maior economia do bloco, assuma mais responsabilidade para a superação da crise na Europa. Ele avalia que outros países de peso para o continente, como a França e a Itália, já estão "suficientemente ocupados" com seus problemas internos. "O presidente francês, Nicolas Sarkozy, está às vésperas das eleições, a Itália enfrenta turbulências, o Reino Unido não faz parte da zona do euro". Os contribuintes alemães estariam sentindo falta, sobretudo, "de uma liderança política que diga para qual direção a Europa deve se desenvolver".

A pergunta determinante agora é se as pessoas e os governos da Europa querem construir uma união política e financeira para favorecer a unificação da moeda, afirma.

Em setembro passado, Zoellick já havia criticado duramente a condução da crise por parte dos 17 países da zona do euro. Ele também alfinetou os Estados Unidos, por não conseguirem tomar as rédeas do seu crescente déficit. "A economia mundial está entrando em uma zona de perigo", alertou o chefe do Banco Mundial há três semanas.

Racha na coalizão

Steinmeier (d): coalizão corre riscos de ruirFoto: AP

A falta de uma solução para a crise na Europa também vem aumentando as especulações sobre um possível racha na base do governo de Merkel. Em entrevista ao Spiegel Online, o presidente da bancada parlamentar do Partido Social Democrata (SPD), Frank-Walter Steinmeier, disse acreditar que a coalizão que compõe o atual governo alemão não será forte o suficiente para superar o clima de conflito que existe hoje entre Merkel e seus apoiadores. Entre as querelas internas estão os debates sobre o pacote de ajuda à Grécia e o futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEEF).

Mais austeridade

Por sua vez, as federações econômicas mais importantes da Alemanha, da França e da Itália defendem um novo Tratado da União Europeia e novos programas de austeridade para tentar salvar o euro. Elas também exigem que os bancos recebam capital suficiente para conseguir superar a crise

"Se a Europa quiser manter-se como agente de formação da política global, isso só poderá acontecer pelo caminho de um avanço contínuo rumo à formação de uma união política", afirmaram as federações neste sábado (08/10) por meio de um comunicado.

Elas insistem ainda que o futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEEF), que entrará em vigor em 2013, deverá se desenvolver de maneira politicamente independente.

MS/afp/dpa/rtr/dapd
Revisão: Carlos Albuquerque

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