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Presidente do Chile demite ministro da Saúde

13 de junho de 2020

Queda ocorre após nova controvérsia sobre dados da covid-19 no país. Ministro demitido era criticado por ter se posicionado contra quarentenas e por mudar sucessivamente metodologia da contagem de casos e mortes.

Chile Präsident Sebastian Pinera
O presidente Sebastián Piñera. Resposta do governo à pandemia tem sido criticadaFoto: Imago Images/Aton Chile/R. Monroy

O Presidente do Chile, Sebastián Piñera, demitiu neste sábado (13/06) o ministro da Saúde, Jaime Mañalich. A demissão ocorre em meio ao avanço da pandemia de covid-19 no país e uma nova controvérsia sobre envolvendo dados da doença. 

 "Todos sabemos que a melhor maneira de enfrentar a pandemia é com unidade, com diálogos e acordos", disse o presidente Piñera, ao anunciar a saída de Mañalich. 

O presidente designou como subsitituto Enrique Paris, ex-presidente do Colégio Médico do Chile.

"Estou certo de que o novo ministro da Saúde liderará o caminhos da unidade e diálogo (...), mas também sabemos com certeza que a melhor maneira de enfrentar com sucesso essa pandemia é com todos contribuindo com um verdadeiro compromisso, com verdadeira responsabilidade" , completou o presidente.

A demissão ocorre após o Chile registrar 231 novas mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, um novo recorde diário. 

O número total de vítimas no país chega a 3.101 – ou pelo menos segundo a metodologia usada pelo governo na divulgação dos dados para consumo interno. A demissão de Mañalich também ocorreu após a imprensa local revelar que o total de mortes no país já pode ter chegado a 5 mil.

Isso porque o Ministério da Saúde do Chile informou à Organização Mundial da Saúde (OMS) que os mortos por coronavírus no país já chegaram a esse número, uma cifra bem acima dos registros oficiais, segundo um relatório do Centro de Pesquisa e Informação Jornalística chileno (CIPER).

Essa foi a terceira controvérsia envolvendo os números da doença no país desde o início da pandemia. Atualmente, as autoridades contabilizam os dados se baseando em um cruzamento entre as informações do Registro Civil e os resultados positivos de testes de PCR. Mas os dados enviados à OMS incluíam registros de mortes catalogadas como suspeitas ou atribuídas ao covid-19.

Anteriormente, o governo já havia sido alvo de queixas ao incluir mortes na tabela de “recuperados” da doença ou excluir casos assintomáticos da soma de infecções. Depois das reclamações, as autoridades alteraram várias vezes a metodologia. 

Diante da nova controvérsia, os líderes dos principais partidos da oposição pediram neste sábado, em carta aberta, uma mudança de estratégia para enfrentar a pandemia, bem como a renúncia de Mañalich, apontando que ele havia perdido "a credibilidade e confiança".

"Diante de dados públicos que diferem daqueles relatados, que ameaçam seriamente a confiança pública, estamos em uma situação de risco total", disseram os líderes do Partido Socialista. (PS), Partido Democrata Cristão do Chile (PDC) e Partido pela Democracia (PPD), entre outros.

A administração de Malañich no Ministério da Saúde também provocou outras controvérsias desde o início da pandemia. Ele repetidamente rejeitou a imposição de uma política de confinamento total de Santiago e optou por quarentenas "estratégicas e dinâmicas", isolando apenas bairros com mais infecções. 

Posteriormente, diante do aumento acentuado de casos, a política localizada teve que ser revertida, e toda Santiago foi colocada em quarentena em maio. A medida, prevista para durar até 19 de junho, deve ser provavelmente prorrogada. 

As cidades portuárias de Valparaíso e Viña del Mar também tiveram que impor quarentenas, que começaram neste sábado. Com isso, 50% dos 18 milhões de habitantes do país estão atualmente em isolamento. 

JPS/efe/ots

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