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Piñera pede a ministros que coloquem cargos à disposição

26 de outubro de 2019

Piñera anuncia intenção de estruturar um novo gabinete para enfrentar as demandas da população, um dia após 1 milhão de pessoas tomarem as ruas de Santiago. Segundo ele, governo pretende encerrar estado de emergência.

Sebastián Piñera, presidente do Chile
"Temos que unir forças para dar respostas verdadeiras, urgentes e responsáveis", diz Sebastián PiñeraFoto: picture-alliance/dpa

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou neste sábado (26/10) que pediu a todos os seus ministros que coloquem seus cargos à disposição para que ele possa estruturar um novo gabinete e enfrentar as demandas da população, após mais de uma semana de intensos protestos no país.

O governante também afirmou que, "se as circunstâncias permitirem", pretende encerrar neste domingo os estados de emergência vigentes, retirando assim os militares das ruas.

O anúncio ocorre no dia seguinte a uma manifestação que reuniu cerca de 1 milhão de pessoas nas ruas de Santiago, no maior protesto do Chile desde a redemocratização, em 1990.

"A manifestação que todos vimos ontem foi grande, alegre, pacífica, e abre grandes caminhos de futuro e de esperança", declarou Piñera, em pronunciamento realizado no Palácio de La Moneda, sede da Presidência chilena, em Santiago.

"Todos escutamos a mensagem e todos mudamos. Agora, temos que unir forças para dar respostas verdadeiras, urgentes e responsáveis a essas reivindicações de todos os chilenos", acrescentou.

O presidente frisou que seu governo já vem se movimentando diante das demandas dos manifestantes, que saíram às ruas motivados primeiramente pelo aumento da passagem de metrô na capital, mas que depois trouxeram outras pautas ao protesto, como a profunda desigualdade social e os altos custos de vida no país sul-americano.

Piñera se referia às medidas sociais e políticas anunciadas por seu governo nos últimos dias que, segundo ele, abrangem "muitas das abordagens mais sentidas e mais significativas" durante as manifestações populares.

O presidente destacou a proposta para uma melhoria no setor previdenciário, uma maior remuneração para os trabalhadores, estabilização de preços em alguns setores, como de energia elétrica e água, barateamento no custo dos remédios e salários mais altos para funcionários públicos.

"Essa agenda social, que é ampla e profunda, requer um enorme e exigente esforço do Estado para poder financiá-la. Está em pleno desenvolvimento e, por isso, peço encarecidamente ao Congresso Nacional que aprove os projetos", declarou ele.

Piñera ainda se defendeu das acusações de violência das forças de segurança chilenas, garantindo que foram aplicados os "instrumentos democráticos, legítimos e necessários" garantidos pela Constituição, com objetivo de garantir a ordem no país.

Com 1 milhão de pessoas, protesto em Santiago foi o maior em solo chileno desde a redemocratização, em 1990Foto: picture-alliance/NurPhoto/P. R. Madariaga

Fim do estado de emergência

Sobre a presença dos militares nas ruas, algo que não se via em Santiago desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, exceto em casos de desastres naturais, o mandatário anunciou sua intenção de suspender todos os estados de emergência ainda vigentes a partir da meia-noite deste domingo (hora local), o que garante o fim do uso das Forças Armadas para a garantia da segurança.

O anúncio de Piñera ocorre depois de as autoridades militares encarregadas da segurança nas áreas de Santiago, Coquimbo e La Serena (no norte) e Concepción (no sul) terem afirmado, mais cedo neste sábado, que não será decretado toque de recolher nesses locais.

A medida se deve à crescente normalização dos serviços após a agitação social que tomou o país por mais de uma semana e após as gigantescas manifestações realizadas nesta sexta-feira.

"Depois de conversar com as Forças Armadas, quero anunciar a todos os meus compatriotas que, se as circunstâncias permitirem, é minha intenção suspender todos os estados de emergência a partir da meia-noite deste domingo", disse o presidente.

Segundo Piñera, essa medida é "essencial para recuperar o caminho da normalização institucional" a fim de avançar com "paz e segurança".

Os primeiros estados de emergência foram decretados pelo presidente chileno no último fim de semana em Santiago, Valparaíso e Concepción em meio à onda de intensos protestos, que acabaram acompanhados de motins, incêndios e saques, além da interrupção de serviços. A medida foi estendida a outras regiões do país nos dias que se seguiram.

A normalidade vem sendo retomada no Chile nos últimos dias, embora centenas de milhares de chilenos ainda estejam saindo às ruas todos os dias em protestos por uma nação menos desigual. Ao todo, os distúrbios deixaram um saldo de 19 mortos, incluindo seis cidadãos estrangeiros, centenas de feridos e milhares de pessoas detidas.

EK/afp/efe/rtr

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