Presidente do Deutsche Bank na corda bamba
21 de dezembro de 2005O Supremo Tribunal Federal alemão anulou a sentença favorável ao presidente do Deutsche Bank, Josef Ackermann, pronunciada em janeiro de 2004. Ele e cinco outros altos executivos voltarão a enfrentar julgamento por corrupção.
A decisão tomada, nesta quarta-feira (21/12) pela última instância em casos de direito civil e penal da Alemanha, diz respeito à obtenção, por parte do grupo, de um total de 57 milhões de euros, a título de prêmios e indenizações de aposentadoria da empresa Mannesmann, quando esta foi vendida à britânica Vodafone, no início de 2000.
Além de Josef Ackermann, também o ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos (IG-Metall), Klaus Zwickel, e o ex-presidente do conselho fiscal da Mannesmann, Joachim Funk, foram acusados de desvio grave de recursos da empresa. Eles integravam a presidência do conselho, que autorizou os pagamentos.
O ex-presidente da Mannesmann, Klaus Esser, que recebera um bônus de 16 milhões de euros, além da indenização de 15 milhões de euros prevista por contrato, foi acusado de cumplicidade com o escândalo. Também o então presidente do conselho da empresa, Jürgen Ladberg, e o funcionário Dietmar Droste estiveram envolvidos no caso.
Na primeira decisão, o Tribunal Regional da Renânia do Norte-Vestfália (estado-sede da Mannesmann) não encontrou provas suficientes de que os empresários agiram contra a lei, como eram acusados pela promotoria pública de Düsseldorf.
Troca de cadeiras
Embora ele tenha mantido seu posto durante o primeiro julgamento – quando precisava comparecer ao tribunal duas vezes por semana, durante seis meses –, a presente decisão do STF agora coloca em perigo o cargo de Ackermann diante do Deutsche Bank.
Conforme reportagem do Financial Times, já se colocou em ação um plano para a sucessão Ackermannn, caso este decida se afastar. Entre os mais cotados, está o responsável pelas operações bancárias de varejo, Reiner Neske, afirmaram funcionários do alto escalão do Deutsche Bank.
Por outro lado, a instituição informou que o cargo está seguro e reiterou que Ackermann "agiu certo" em relação à Mannesmann. "Nós o encorajaremos a ficar, apesar das dificuldades pessoais que poderia passar com um segundo julgamento", comentou Rolf Breuer, presidente do conselho fiscal do banco.
Mas quando o tema é a troca de cadeiras, disse Breuer, que favorece "um possível sucessor vindo do quadro de funcionários do próprio banco. Segundo declaração ao Financial Times, "somente se isso não for possível, buscaríamos um substituto de fora".
Antes de começar a sessão em Karlsruhe, um porta-voz do banco declarou que "os relatos sobre a procura de um sucessor para Ackermann são pura especulação".