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CriminalidadeEquador

Presidente do Equador diz que país está em estado de guerra

11 de janeiro de 2024

Daniel Noboa descarta negociar com grupos criminosos que promovem onda de violência. Itamaraty informou que acompanha sequestro de brasileiro.

Soldados armados em veículo blindado em rua de cidade
Militares patrulham centro histórico de Quito, capital do EquadorFoto: Karen Toro/REUTERS

O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou nesta quarta-feira (10/01) que seu país está em "estado de guerra" após uma série de ações violentas executadas por gangues do crime organizado que o levaram a declarar conflito armado interno. O chefe de governo antecipou que não pretende negociar ou ceder a estes grupos, que descreve como "terroristas".

A onda de violência deixou ao menos 10 mortos. Houve motins em prisões, fugas de criminosos, ataques a delegacias e sequestros de policiais. Mais de 130 agentes penitenciários e outros funcionários eram mantidos como reféns por detentos em pelo menos cinco prisões.

A crise começou na segunda-feira, após a fuga da prisão do criminoso José Adolfo Macías, mais conhecido como "Fito" e chefe de uma das facções criminosas mais temidas do país.

Na terça-feira, Noboa classificou 22 gangues como organizações terroristas, tornando-as alvos militares oficiais. No mesmo dia, foram registrados sequestros, invasões e explosões em cidades do país,

O presidente assumiu o poder em novembro, prometendo resolver o crescente problema de segurança pública causado pela expansão de gangues de tráfico de droga que usam o Equador como rota para cocaína.

O governo diz que a onda de violência é uma reação ao plano de Noboa de construir uma nova prisão de alta segurança para os líderes de gangues.

"Não podemos ceder aos terroristas"

"Estamos em estado de guerra e não podemos ceder a estes terroristas", disse Noboa em seu primeiro discurso público desde o início desta crise de insegurança.

Em entrevista à emissora Radio Canela, Noboa declarou que as ações violentas dos últimos dias são a resposta de grupos criminosos às ações que sua administração está realizando para deter a escalada de insegurança que fez com que o Equador se posicionasse como um dos países mais violentos do mundo.

Depois de o Executivo ter declarado estes bandos como alvos militares, o presidente considerou que estes grupos vão pensar duas vezes antes de realizar ações como a tomada das instalações de uma emissora de televisão, como aconteceu na terça-feira.

"Não vão subjugar o presidente"

Na opinião de Noboa, as quadrilhas criminosas querem difundir essas imagens para causar terror e tentar subjugar o presidente da República, "mas não vão conseguir".

"Não vamos negociar com os terroristas", reiterou Noboa, salientando que está sendo feito um trabalho para resgatar os guardas prisionais que permanecem detidos por presos membros destes grupos criminosos em vários presídios do país.

"Não vamos ceder às estupidezes que estão habituados a fazer", continuou o presidente, comentando que o seu será mais rigoroso que os governos anteriores, "porque as Forças Armadas têm que agir contra estes alvos militares".

"Estamos fazendo todo o possível e o impossível para trazê-los de volta em segurança, mas não podemos impedir uma guerra por isso, porque o Estado está em guerra", destacou.

O presidente equatoriano também alertou os juízes e promotores que emitirem resoluções favoráveis ​​aos líderes ou membros de quadrilhas criminosas, ao afirmar que também serão considerados e tratados como terroristas.

"Quem quer ajudar?"

Quanto à imagem internacional do Equador, Noboa ressaltou que agora não é hora de "dizer que não acontece nada no Equador e que tudo é lindo".

"Isso seria tentar enganar a comunidade internacional. Agora estamos dizendo a eles que estamos em estado de guerra. Quem quer ajudar? Vamos resolver o problema, o que tem que ser feito logo, e assim será mais fácil para que venham o investidor e o turista", comentou.

O governante considerou ainda que, se estas medidas não fossem tomadas agora, seria "prolongar a morte, sustentar algo insustentável". 

Noboa agradeceu também a ajuda oferecida por países como Estados Unidos, China, Israel, Peru, Argentina e Colômbia, a cujo governo propôs assumir a custódia de cerca de 1.500 presos colombianos que permanecem nas prisões equatorianas, o que lhes permitiria reduzir a superlotação nas prisões.

O presidente equatoriano decretou na segunda-feira passada estado de exceção em todo o país devido à ação violenta de grupos do crime organizado, especialmente devido aos motins em seis prisões e à fuga de presos considerados altamente perigosos, entre eles Fito e Fabricio Colón Pico.

O incêndio de veículos, os sequestros e ameaças a policiais e agentes penitenciários, os ataques com explosivos e a invasão de encapuzados armados à emissora de televisão de Guayaquil sobrecarregaram ainda mais a situação no Equador.

Brasileiro sequestrado

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, por meio da embaixada em Quito, capital equatoriana, informou que vem acompanhando a situação no país e as medidas tomadas pelas autoridades locais para libertar um brasileiro sequestrado por organizações criminosas, além de prestar assistência aos seus familiares.

Thiago Allan Freitas, de 38 anos, foi sequestrado na cidade de Guayaquil. Ele é de São Paulo e mora há cerca de três anos no Equador, onde tem uma empresa que faz churrasco brasileiro.

md (EFE, EBC, ots)