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Presidente do Irã ataca discurso de Trump na ONU

21 de setembro de 2017

Em sua fala na Assembleia Geral, Hassan Rouhani descreve palavras de líder americano sobre Teerã como ignorantes, absurdas e não dignas das Nações Unidas. Líder descarta renegociação de acordo nuclear com os EUA.

USA Rohani vor der UN-Vollversammlung
Rouhani falou perante a ONU um dia depois de TrumpFoto: Reuters/E. Munoz

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, usou seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas nesta quarta-feira (20/09) para rebater as críticas do presidente americano, Donald Trump, contra Teerã e o acordo nuclear feito em 2015 pelos Estados Unidos e outras potências com seu país.

Em discurso na véspera perante a mesma assembleia, Trump chamou de vergonhoso o acordo nuclear, firmado pelo ex-presidente Barack Obama, e disse que seu governo pode abandoná-lo se suspeitar que ele "proporciona cobertura para eventual construção de um programa nuclear".

"Francamente, esse acordo é uma vergonha para os Estados Unidos, e não acredito que os senhores tenham ouvido a minha última palavra a respeito", declarou Trump nesta terça-feira.

O líder americano ainda pediu para que o Irã pare de "financiar o terrorismo", além de definir o país como uma "ditadura corrupta" que tenta desestabilizar o Oriente Médio. No dia seguinte, Rouhani também usou o termo "corrupto" para se referir a Trump, aparentemente de forma proposital.

"Seria uma grande pena se esse acordo [nuclear] fosse destruído por corruptos recém-chegados ao mundo político. O mundo perderia uma grande oportunidade", afirmou o iraniano em seu discurso na ONU nesta quarta-feira.

Rouhani destacou que o futuro do acordo, assinado ainda por outras cinco potências mundiais, não pode ser decidido por "um ou dois países". "Ao violar seus compromissos internacionais, a nova gestão americana só destrói sua própria credibilidade e mina a confiança internacional em negociar com o país ou aceitar sua palavra ou promessa", acrescentou.

Em resposta à sugestão de Trump sobre um programa nuclear, o líder iraniano afirmou que seu país nunca pretendeu obter armas atômicas e que suas capacidades militares, incluindo os mísseis, têm objetivo puramente defensivo. Além disso, atacou os EUA por promoverem "instabilidade" e "violência extremista" no Oriente Médio com suas intervenções.

"O governo dos Estados Unidos deveria explicar a seus cidadãos por que, após gastar milhões de dólares, em vez de contribuir para paz e a estabilidade só trouxe guerra, miséria, pobreza e um aumento do terrorismo e do extremismo à região", afirmou ele.

Em seu discurso na terça-feira, Trump também lançou ataques contra países como Coreia do Norte, Cuba e VenezuelaFoto: Getty Images/AFP/T.A. Clary

Rouhani, por fim, rechaçou o teor agressivo do discurso de Trump perante a assembleia das Nações Unidas, descrevendo as palavras do presidente como "ignorantes, absurdas e cheias de ódio". As "acusações ridículas e sem fundamento" do republicano não são dignas da ONU, acrescentou.

"Nunca ameaçamos ninguém, mas também não toleramos ameaças", alertou o presidente iraniano, afirmando que seu país responderá "de forma decisiva e resoluta" se os EUA decidirem deixar o acordo nuclear.

Mais tarde, em conversa com jornalistas após seu discurso nas Nações Unidas, Rouhani descartou a possibilidade de renegociar o pacto com Washington. "Na minha opinião, não é realista." Na véspera, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, havia afirmado que seu país buscará renegociar o acordo multilateral e espera contar com o apoio dos seus aliados para isso.

"Esse acordo não é algo que você pode tocar. Se você tira um simples tijolo, o prédio inteiro desaba", afirmou o líder do Irã, acrescentando que seu governo conta com "várias opções" caso Trump decida mesmo voltar atrás no acordo.

O pacto foi assinado em julho de 2015, em Viena, entre o Irã e o chamado Grupo P5+1 (Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, China, França e Alemanha), após 12 anos de difíceis negociações. O acordo amenizou as sanções internacionais contra o Irã em troca de restrições ao programa nuclear do país.

EK/afp/rtr/lusa/efe/ots

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