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Conferência da ONU

24 de setembro de 2010

Após Celso Amorim pedir na conferência da ONU que o mundo dialogue com o Irã, Ahmadinejad responsabilizou EUA pelos atentados de setembro de 2001. Comunidade internacional mantém oferta de diálogo sobre programa nuclear.

Mahmoud Ahmadinejad fala durante 65º conferência da ONUFoto: AP

A Conferência das Nações Unidas, em Nova York, começou em clima de escândalo nesta quinta-feira (24/09). Depois do discurso de abertura, proferido pelo ministro brasileiro de Relações Exteriores, Celso Amorim, que pediu o diálogo em torno da questão iraniana, a assembleia foi surpreendida pelo ataque verbal de Mahmud Ahmadinejad, presidente do Irã, contra os Estados Unidos.

"Apesar das sanções, esperamos que a lógica do diálogo e do entendimento prevaleça. O mundo não pode correr o risco de um novo conflito como o do Iraque", disse Amorim.

As palavras do ministro foram seguidas da acusação de Ahmadinejad: diante dos representantes dos 192 Estados-membros da ONU, ele disse que o governo norte-americano planejou os atentados de 11 de Setembro.

Segundo uma das teorias do líder iraniano, "alguns segmentos dentro do governo norte-americano orquestraram o ataque para tentar reverter o declínio da economia americana e fortalecer seu acesso ao Oriente Médio, com o objetivo de salvar o regime sionista", disse Ahmadinejad fazendo referência a Israel.

Seguiu-se a repetição de uma ação já vista em conferências passadas: as delegações dos Estados Unidos, dos países da União Europeia e de outras nações deixaram o plenário, enquanto o presidente iraniano fazia seu discurso.

"Absurdo e ofensivo"

Catherine Ashton, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), classificou o discurso de Ahmadinejad como "ultrajante e inaceitável". E justificou: "Esse foi o motivo pelo qual todos os representantes das 27 nações da UE deixaram o local".

O ministro alemão de Relações Exteriores, Guido Westerwelle, classificou o polêmico discurso como "absurdo e ofensivo". Westerwelle disse que, apesar do escândalo, ele tem a esperança de que o Irã esteja preparado para voltar à mesa de negociação. "A situação é extraordinariamente difícil, mas é a única chance de o Irã não sofrer sanções", comentou.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que discursou na conferência antes de Ahmadinejad, havia tentado evitar um conflito: "Deixe-me esclarecer uma vez mais: os Estados Unidos e a comunidade internacional procuram uma solução para as nossas diferenças com o Irã, e a porta permanece aberta para a diplomacia, caso o Irã queira usá-la".

Reação à pressão internacional?

Apesar do polêmico discurso, o chamado Grupo 5+1, formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha, continua vendo sinais de mudança na atitude do Irã e por isso mantém esperanças de um retorno do diálogo sobre o programa nuclear de Teerã.

Segundo a agência de notícias DPA, muitos observadores acham que, com exceção da afirmação sobre o 11 de Setembro, o discurso do presidente iraniano até foi contido, considerando-se o que ele disse em outras ocasiões.

Para Westerwelle, Teerã está reagindo à pressão internacional: "Acho que a coesão da comunidade internacional não passou despercebida pelas lideranças iranianas".

O último pacote de sanções contra o Irã foi imposto em junho último pelo Conselho de Segurança, também com os votos da Rússia e da China.

NP/dpa/lusa/rts/afp
Revisão: Roselaine Wandscheer

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