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Presidente do México recebe pais de estudantes desaparecidos

29 de outubro de 2014

Enrique Peña Nieto vinha sendo criticado por sua relutância em se confrontar com familiares dos 43 jovens. Em Guerrero, prosseguem buscas pelos corpos. Preocupação com o caso chega até Vaticano e Washington.

Foto: Reuters/H, Romero

O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto recebeu nesta quarta-feira (29/10), na Cidade do México, os familiares dos 43 estudantes desaparecidos há mais de um mês no sudoeste do país.

O encontro foi a portas fechadas. Nele, os pais cobraram uma resposta para o sumiço dos jovens, vistos pela última vez em carros da polícia, em 26 de setembro, após terem sido atacados por policiais de Iguala com o apoio de traficantes de drogas.

Segundo fontes ligadas às famílias, na reunião também foi abordada uma forma de o Estado reparar os parentes dos estudantes pelas perdas – a maioria é de agricultores que não trabalham desde que seus filhos desapareceram.

Segundo o porta-voz do grupo, Felipe de la Cruz, o procurador-geral Jesús Murillo Karam, encarregado do caso, também esteve presente.

A relutância de Peña Nieto em se encontrar com os pais dos desaparecidos vinha sendo um dos muitos motivos de crítica a seu governo dentro do escândalo que envolve arbitrariedade policial e corrupção.

Caso lança luz negativa sobre presidente Peña NietoFoto: picture alliance/dpa/Kena Betancur

"Definitivamente, não estamos satisfeitos de forma alguma", comentou De la Cruz. Seu filho também se encontrava em Iguala na noite do sumiço, porém conseguiu salvar-se.

Papa e bispos condenam sumiço

A Conferência do Episcopado Mexicano também instou as forças de segurança a redobrarem seus esforços na busca dos jovens e a "não lucrar politicamente com a desgraça" – o México está a poucos meses de eleições legislativas.

No Vaticano, o papa Francisco recordou nesta quarta-feira o destino dos jovens mexicanos. "Que estejamos perto deles em oração, dentro de nossos corações", apelou, durante uma audiência geral na Praça de São Pedro. O pontífice incluiu na prece todo o povo do país latino-americano, que atualmente enfrenta tantos problemas de violência semelhantes.

No vilarejo de Cocula, no estado mexicano de Guerrero, médicos legistas seguem vasculhando um terreno próximo a um aterro sanitário à procura de indícios. Segundo a polícia, informações de quatro membros de quadrilha, que possivelmente participaram do sequestro dos estudantes, levaram à descoberta de partes de cadáveres no local. Não foi divulgado de quantos corpos se trataria, nem em que estado se encontram.

Na terça-feira, o procurador-geral declarou que testemunhas viram os alunos da escola normal de Ayotzinapa serem levados ao local. No momento, 10 mil agentes federais participam das investigações em Guerrero, que é considerada a região mais perigosa do país.

Mudanças na segurança

O ministro mexicano do Interior, Miguel Ángel Osorio Chong, anunciou mudanças na estratégia de segurança para o estado com apoio de forças federais, sobretudo na área ao norte conhecida como "Tierra Caliente". Planeja-se, ainda, uma sindicância sobre todos os agentes de segurança de Guerrero.

Em 26 de setembro último, os 43 jovens esquerdistas foram detidos após confrontos com a polícia da cidade de Iguala, durante uma manifestação, sendo mais tarde entregues a membros da organização criminosa Guerreros Unidos. Deste então, não se sabe de seu paradeiro.

Prefeito José Luis Abarca (d) e Maria de los Ángeles Pineda entre os implicadosFoto: picture-alliance/AP Photo/Alejandrino Gonzalez

O caso trouxe à luz as estreitas relações entre as unidades policiais locais e grupos do crime organizado. Entre os prováveis implicados estão até o prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e sua esposa, Maria de los Ángeles Pineda Villa.

O governo dos Estados Unidos também mostrou-se preocupado com o sumiço dos estudantes e seus desdobramentos. "Obviamente as notícias sobre a situação são preocupantes", comentou o porta-voz Josh Earnest, na coletiva de imprensa diária da Casa Branca.

AV/rtr/dpa/kna/ap

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