Presidente do Peru diz a Trump que prefere pontes a muros
25 de fevereiro de 2017
Em visita à Casa Branca, Kuczynski se reúne com presidente americano para debater temas como comércio e imigração e menciona muro na fronteira com o México. Líder é o primeiro da América Latina a se reunir com Trump.
Anúncio
O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, que esteve na Casa Branca nesta sexta-feira (24/02), declarou ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prefere "pontes a muros".
Kuczynski, o primeiro mandatário latino-americano a visitar o governante republicano, se referia aos planos de Trump de construir um muro ao longo da fronteira americana com o México.
Em conversa com a imprensa, o líder peruano evitou se aprofundar no tema, declarando apenas estar "interessado na livre circulação de pessoas". "Enfatizei isso a Trump. Preferimos pontes a muros", disse o político, que, no passado, chegou a comparar o projeto do republicano ao Muro de Berlim.
Após a reunião, Kuczynski declarou que a conversa com o presidente americano na Casa Branca foi "amigável e positiva". Segundo ele, os dois discutiram "temas de interesse comum, como comércio, imigração, problemas na América Latina e a possibilidade de uma boa relação com os EUA".
Trump, por sua vez, havia declarado antes do encontro que receber Kuczynski é uma grande honra e que o Peru é um "ótimo vizinho". "Temos um ótimo relacionamento, melhor do que nunca", disse.
Segundo agências de notícias, os dois líderes conversaram a sós por apenas dez minutos. Depois, uma delegação liderada pelo ministro das Relações Exteriores do Peru, Ricardo Luna, se uniu ao encontro.
Em questão de imigração, Kuczynski defendeu seu país afirmando que "o Peru não exportou criminosos aos Estados Unidos", poucos dias depois de o governo Trump lançar novas diretrizes que endurecem o controle migratório e aceleram o processo de deportação de imigrantes ilegais.
"Conversamos sobre os imigrantes peruanos que vivem hoje nos EUA, e expliquei que muitos deles migraram por problemas que tivemos no Peru no passado, como o terrorismo. Acredito que ele entendeu", disse o líder, garantindo que seus cidadãos "cumprem a lei" no território americano.
Outro tema esperado para a conversa era a questão envolvendo a extradição do ex-presidente peruano Alejandro Toledo, que está nos Estados Unidos. Considerado foragido pela Justiça peruana, ele é acusado de ter recebido 20 milhões de dólares em propina da empresa brasileira Odebrecht.
Kuczynski afirmou que o assunto foi abordado por apenas "alguns segundos". "Essa é uma questão que compete ao poder judiciário do Peru e ao poder judiciário daqui, e vai continuar assim. Nós não estamos diretamente envolvidos no assunto", disse o mandatário peruano.
Depois de o presidente do México, Enrique Peña Nieto, ter cancelado sua visita a Washington, Trump estaria tentando se aproximar da América Latina através de Kuczynski, segundo especialistas, principalmente agora que mais países do continente vêm se mostrando abertos ao diálogo.
EK/efe/rtr/dpa/ap/dw
Fronteira entre EUA e México: sai metal, entra concreto
Uma das promessas mais polêmicas da campanha de Donald Trump foi construir um muro na fronteira sul dos EUA. Ali, já há uma cerca em alguns pontos, que pode ser substituída por concreto.
Foto: Reuters/J. L. Gonzalez
Trump é familiarizado com construções
"Vou construir um grande muro na nossa fronteira sul – e ninguém constrói muros melhor do que eu, e vou fazer com que o México pague por esse muro." Isso é o que o presidente americano, Donald Trump, disse na campanha eleitoral. Até agora, ele construiu sobretudo arranha-céus e hotéis. O muro está no topo de um plano de 10 pontos sobre política de imigração.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Torres
Final no nada
A fronteira entre EUA e México tem cerca de 3.200 quilômetros – dos quais, cerca de 1.100 quilômetros são protegidos por uma cerca. A fronteira passa por quatro estados americanos e seis mexicanos, por desertos e cidades grandes. Devido à dificuldade de acesso, uma pequena parte da fronteira no Novo México é aberta. Outras áreas são patrulhadas por policiais.
Foto: Reuters/M. Blake
Colosso de metal
O número de imigrantes ilegais que entram no país por ano é estimado em 350 mil, uma grande parte vem do México. Alguns mexicanos irregulares são tolerados no país, mas a família mexicana do outro lado não recebe um visto. Os imigrantes desejam uma vida melhor, emprego e mais dinheiro para as suas famílias.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Zepeda
Apenas um pequeno toque
As famílias permanecem separadas pela cerca. Um abraço é impossível. No máximo, as pessoas conseguem esticar as mãos entre as vigas de aço. Se Donald Trump tornar realidade sua promessa eleitoral, como anunciou, logo o concreto vai substituir o aço, impossibilitando qualquer toque.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/J. West
Preconceitos
"Quando o México nos manda seus cidadãos, não manda os melhores", disse Trump durante a campanha eleitoral. "Eles enviam pessoas que têm muitos problemas. Eles trazem drogas, crime, estupradores. Alguns, suponho, são boas pessoas." Trump quer deportar imigrantes ilegais, pelo menos, os criminosos. Apesar das ameaças, muitos mexicanos continuam querendo emigrar.
Foto: picture-alliance/AP Photo/G. Bull
Mortes na fuga
Para alguns mexicanos, o sonho termina na fronteira. Eles acabam na prisão. Outros pagam por cruzar ilegalmente a fronteira com a própria vida. Há notícias de que as forças de segurança atiram em migrantes. Seis cidadãos mexicanos inocentes já foram mortos, sem que tenha havido condenação dos responsáveis. Apenas em 2015 um membro da patrulha da fronteira dos EUA foi indiciado.
Foto: Reuters/D.A. Garcia
Armado contra intrusos
Jim Chilton, um fazendeiro americano, vigia sua propriedade. Sua fazenda, de 200 mil metros quadrados, está localizada no sudeste do Arizona e é adjacente ao México. Há apenas uma cerca de arame farpado separando-a do país vizinho. Chilton costuma usar sua arma para defender o terreno.
Foto: Getty Images/AFP/F.J. Brown
Final curioso
"Tortilla Wall". Este é o nome popular e bastante depreciativo de uma parte da fronteira de 22,5 quilômetros de comprimento entre a Otay Mesa Border Crossing, em San Diego (Califórnia), e o Oceano Pacífico.