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Presidente do Uruguai ordena prisão do chefe do Exército

13 de setembro de 2018

Tabaré Vázquez decide punir Guido Manini Ríos, que criticou reforma do sistema de pensão militar defendida pelo governo. General será preso por 30 dias, mas não deve deixar o cargo. Oposição tacha sanção de exagerada.

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez
Apesar do incidente, presidente uruguaio afirma não ter dúvidas da lealdade do general ao governoFoto: Rojo/AFP/Getty Images

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, ordenou a prisão do comandante do Exército, Guido Manini Ríos, por 30 dias, por fazer comentários políticos de forma pública. Segundo a imprensa uruguaia, esta é a sanção máxima prevista para qualquer militar em atividade.

O general deve começar a cumprir a sentença na próxima terça-feira (18/09), quando retorna de uma viagem oficial ao México. Ele foi notificado sobre a prisão por telefone.

Vázquez explicou que a sanção levou em conta o artigo 77 da Constituição do país, em seu quarto parágrafo, que não permite que o presidente da República ou militares exerçam qualquer tipo de atividade política ou expressem opiniões, exceto votar em processos eleitorais.

Segundo o mandatário, diante dessa lei e também das normas internas das Forças Armadas, Manini Ríos não poderia ter opinado publicamente sobre um projeto de lei que estava em discussão no Parlamento uruguaio, como fez no início do mês.

Em entrevista a um programa de rádio divulgada em 5 de setembro, o chefe do Exército se manifestou contrário à reforma do sistema de pensões militares apresentada pelo Poder Executivo, que acabou sendo aprovada no Senado há algumas semanas.

Manini Ríos afirmou na ocasião que o ministro do Trabalho do país, Ernesto Murro, não parecia estar "muito bem informado" quando disse que a reforma seria feita de forma "generosa e gradual" e beneficiaria os militares.

"Se o senhor ministro pegar uma calculadora e tiver conhecimento dos termos da lei e da realidade de um soldado nosso, vai perceber o que eu digo: o soldado vai ter que trabalhar mais anos para sair com a metade", declarou ele à rádio.

Apesar da sanção de 30 dias de prisão, o general não deve deixar o cargo de chefe do Exército, destacou o governo uruguaio. Mesmo após o incidente, o presidente reiterou não ter dúvidas da lealdade de Manini Ríos.

"Acredito que ele aja de boa-fé. Acho que ele trabalha com grande respeito à lealdade institucional que precisam ter as Forças Armadas, mas ele se equivocou e cometeu erros. Em função desses erros, foi punido", afirmou Vázquez.

O ministro da Defesa do país, Jorge Menéndez, informou que a decisão de sancionar o comandante foi tomada pelo governo na segunda-feira (10/09), após uma "avaliação geral" na qual se constatou que Manini Ríos não acatou uma série de advertências.

"Houve erros do pontos de vista disciplinar, e eles se repetiram, então o Poder Executivo tomou a decisão, no âmbito de suas competências, de levá-los adiante", disse o ministro.

Líderes da oposição e aliados de Manini Ríos saíram em defesa do general e afirmaram que a ordem de prisão foi uma punição exagerada, argumentando que o militar não fez comentários políticos, mas apenas defendeu seus subordinados.

"Aplicar 30 dias de prisão à hierarquia máxima do Exército é simplesmente uma tentativa de humilhar as Forças Armadas", acusou o ex-presidente uruguaio Julio María Sanguinetti.

O presidente do Centro Militar do Uruguai, coronel Carlos Silva, também expressou apoio a Manini Ríos. "Este governo está cometendo erros graves. Tomar medidas contra o comandante-chefe, que é um homem altamente respeitado não só no âmbito militar, mas no civil, é abrir uma nova frente."

EK/dpa/efe/ots

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