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Presidente polonês compara Putin a Hitler

9 de junho de 2022

Andrzej Duda critica contatos frequentes dos líderes da Alemanha e da França com o presidente russo por telefone. "Alguém falou assim com Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial?"

Andrzej Duda, Olaf Scholz e Emmanuel Macron
Andrzej Duda (à esq.) e o chanceler alemão Olaf Scholz e o presidente francês Emmanuel MacronFoto: THIBAULT CAMUS/AFP via Getty Images

O presidente polonês, Andrzej Duda, criticou nesta quinta-feira (09/06) os líderes da Alemanha e da França por seus contatos telefônicos constantes com o presidente russo, Vladimir Putin. Segundo o político nacionalista polonês, a atitude seria equivalente a manter uma linha direta com o ditador nazista Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.

Em uma entrevista publicada pelo jornal alemão Bild, Duda questiona o que o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, e o presidente da França, Emmanuel Macron, pensam que podem tirar de proveito dessas ligações, enquanto a Rússia continua bombardeando alvos civis na Ucrânia.

"Alguém falou assim com Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial?", questionou Duda. "Alguém lhe disse que se tinha de salvar a sua face? Que as coisas tinham que ser feitas de forma a não humilhar Adolf Hitler?", acrescentou o presidente polonês, destacando que "todos sabiam que era preciso" derrotar Hitler.

O presidente polonês descreveu as conversas como "uma espécie de legitimação de uma pessoa responsável por crimes perpetrados pelo exército russo na Ucrânia" e afirmou que não havia evidências de que os telefonas estivessem dando algum resultado.

Duda abraça Zelenski em visita a KievFoto: REUTERS

Macron diz que telefonemas foram pedido de Zelenski

Na semana passada, Macron chamou atenção internacional e atraiu críticas quando disse, em entrevista, que tais ligações eram necessárias para evitar que Moscou fosse "humilhada" e, desta forma, preservar a chance de uma solução diplomática para o conflito.

Na mesma entrevista, Macron afirmou que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, pediu para que que ele continuasse ligando para Putin. O líder francês também instou Putin a libertar prisioneiros, incluindo civis, segundo o Palácio do Eliseu.

Há anos, existem tensões latentes entre a Polônia e as duas potências ocidentais da UE, que divergem amplamente em questões como migração e ações do governo polonês para minar a independência do Judiciário no país do leste europeu.

Presidente polonês criticou contatos da Alemanha e França com PutinFoto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance

Polônia diz que não recebeu tanques

Duda também reclamou do que chamou de hesitação da Alemanha em enviar armas pesadas à Ucrânia e acusou Berlim de não enviar à Polônia os tanques de substituição que havia prometido.

"Até onde sei, não recebemos nada", disse Duda ao Bild. "Nós demos nossos tanques e, agora, não temos nada para substituí-los".

O presidente polonês, no entanto, não mencionou na entrevista que a Alemanha havia avisado que os tanques poderiam levar algum tempo até estarem prontos para serem enviados.

Críticas a Merkel

Questionado sobre a conduta da ex-chanceler federal da Alemanha Angela Merkel em relação à Rússia nos últimos anos, Duda disse que "julgar suas ações faz parte do domínio dos historiadores". Nesta semana, Merkel concedeu sua primeira entrevista após deixar o governo e defendeu as ações do seu governo em negar a entrada da Ucrânia na Otan.

Duda ressaltou que, ao longo de seu governo, pediu repetidamente à Alemanha que parasse com a construção do gasoduto Nord Stream 2(que liga a Rússia diretamente à Alemanha, contornando a Polônia), mas sem sucesso. 

"Apelamos para parar os investimentos. Tentamos dizer a ela [Merkel] que era uma estratégia imperial russa, e a arma usada era o gás. Era sobre dominar a Europa. O fato de a construção do Nord Stream 2 ter acontecido é uma grande decepção política", destacou.

Duda também criticou as empresas alemãs, dizendo que para parte delas "o que acontece com a Ucrânia ou a Polônia" não preocupa, especialmente para aquelas que ainda mantêm negócios com Moscou.

"Talvez parte das empresas alemãs não acreditem que o exército russo possa celebrar novamente uma grande vitória em Berlim [como aconteceu ao fim da Segunda Guerra Mundial] e ocupar uma parte da Alemanha. Nós, na Polônia, sabemos que isso é possível", afirmou Duda.

le (Reuters, dpa, Lusa)

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