Presidente sul-coreano põe Pyongyang como prioridade
10 de maio de 2017
Moon Jae-in promete tratar imediatamente da instável segurança na península, além de negociar com Washington e Pequim instalação de escudo antimísseis. Visita à Coreia do Norte não está descartada.
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O recém-eleito presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, tomou posse em Seul, nesta quarta-feira (10/05), e prometeu tratar imediatamente com as complexas tarefas de enfrentar as ambições nucleares da Coreia do Norte e as tensões resultantes com os Estados Unidos e a China.
Em seu primeiro discurso como presidente, Moon disse que começará imediatamente com os esforços para distender a tensão na península coreana e negociar com Washington e Pequim as divergências sobre a instalação de um sistema antimísseis no país.
"Tentarei resolver urgentemente a crise de segurança", disse Moon, no Parlamento sul-coreano. "Se necessário voarei direto para Washington, vou para Pequim e Tóquio e, se as condições forem certas, também irei a Pyongyang."
A implantação do Terminal de Defesa Aérea para Grandes Altitudes (Thaad) na Coreia do Sul irritou a China, principal parceiro comercial de Seul. Pequim classifica o poderoso escudo antimísseis dos Estados Unidos como uma ameaça à sua segurança e reagiu com recriminações contra companhias sul-coreanas.
Moon declarou que planeja anunciar as principais nomeações de seu gabinete e de sua equipe o mais rápido possível para pôr um fim à lacuna política deixada pelo impeachment de sua antecessora, Park Geun-hye, deposta em março devido a um escândalo de corrupção que abalou a elite política e empresarial da Coreia do Sul.
O novo presidente também prometeu cortar o que descreveu como "laços de conluio" entre o setor empresarial e o governo e que será um líder incorruptível. "Eu inicio este cargo de mãos vazias, e vou deixá-lo com as mãos vazias", disse Moon, que fez carreira como advogado especializado na defesa dos direitos humanos.
Moon se reuniu com líderes partidários da oposição antes da cerimônia de posse, marcada pela simplicidade, e prometeu coordenar melhor com eles sobre questões de segurança nacional.
"Posso ir bem em questões de relações entre as Coreias do Sul e do Norte, a segurança nacional e a aliança entre a Coreia do Sul e os EUA se o Partido Liberal me ajudar", disse a membros da legenda opositora conservadora. "Vou compartilhar informações sobre segurança nacional com a oposição para angariar sabedoria."
Moon deve adotar uma abordagem mais diplomática em relação à Coreia do Norte, em contraste com a ex-presidente, que conduziu uma política agressiva durante seu mandato. Ele diz que a diplomacia é o melhor caminho para convencer os norte-coreanos a desistir do seu programa nuclear.
Observadores afirmam que as declarações dele lembram a chamada "Política do Brilho do Sol", que entre 1998 e 2008, sob um governo de esquerda, buscou uma aproximação com os norte-coreanos, em contraste com a abordagem linha-dura adotada por diferentes governos sul-coreanos nos últimos oito anos e também com a política internacional de isolamento e pressão sobre o pequeno país asiático.
Naquela época, as Coreias criaram a zona econômica especial comum de Kaesong, o sul apoiou generosamente projetos de ajuda no norte, e conversações bilaterais eram conduzidas sem exigências prévias. Desta vez, Moon fala em três projetos centrais: uma cúpula coreana com Kim Jong-un, a reabertura de Kaesong e a criação de uma área turística no Monte Kumgang, no norte. Estes dois projetos podem trazer milhões de dólares por ano aos norte-coreanos.
PV/rtr/ap/dpa/afp
Qual o poder de fogo da Coreia do Norte?
Pyongyang prometeu responder a qualquer provocação militar após EUA sinalizarem disposição de agir contra o regime. Qual a real força desse Exército que desafia potências internacionais?
Foto: Reuters/S. Sagolj
Um dos maiores exércitos do mundo
Com 700 mil homens na ativa e outros 4,5 milhões na reserva, a Corea do Norte pode convocar a qualquer momento um quarto de sua população para a guerra. Todos os homens do país devem passar por algum tipo de treinamento militar e estar sempre disponíveis para pegar em armas. Estima-se que as tropas norte-coreanas tenham superioridade de 2 para 1 em relação à Coreia do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Um arsenal de respeito
Segundo o índice Global Firepower de 2016, o país possui 70 submarinos, 4,2 mil tanques, 458 aviões de combate e 572 aeronaves de outros tipos. Um arsenal bastante considerável. Esta imagem de 2013 mostra o líder Kim Jong-un ordenando que os mísseis do país estivessem prontos para atacar os EUA e a Coreia do Sul a qualquer momento.
Foto: picture-alliance/dpa
Poder balístico
Os mísseis aqui mostrados foram exibidos no desfile do dia 15 de abril de 2017, juntamente a outros que passaram sob o olhar do líder Kim Jong-un. Existe, porém, a suspeita de que muitos eram apenas maquetes para impressionar o mundo. Mesmo assim, a capacidade balística do país asiático não deve ser menosprezada.
Foto: Gettty Images/AFP/E. Jones
Coloridas e maciças demonstrações de força
Todos os anos, milhares de soldados e civis desfilam pelas ruas de Pyongyang em paradas militares. A maior destas, no chamado Dia do Sol, honra a memória de Kim Il-sung, patriarca do clã que governa o país desde sua fundação e avô de Kim Jong-un. Os preparativos para os desfiles espetaculares podem levar vários meses.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Testes nucleares
Apesar da pressão internacional, a Coreia do Norte não esconde suas ambições nucleares. Além dos testes com mísseis balísticos, Pyongyang realizou em cinco ocasiões os chamados ensaios nucleares, duas vezes apenas em 2016. O país sustenta que a última ogiva a ser testada pode ser lançada de um foguete, algo que especialistas consideram pouco provável. Ao menos até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Unidades femininas
Do contingente militar norte-coreano, 10% é composto por mulheres. Elas servem em unidades especiais diferenciadas e devem prestar serviços ao exército por até sete anos, segundo uma lei aprovada em 2003. É possível ver algumas delas patrulhando as ruas com sapatos de salto alto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Maye-E
Os inimigos de Pyongyang
Além dos EUA, a Coreia do Norte também considera como grandes inimigos a Coreia do Sul e o Japão. Pyongyang vê os exercícios militares americanos na Península da Coreia como uma ameaça à sua população, afirmando se tratar de uma preparação para uma iminente invasão de seu território.
Foto: Reuters/K. Hong-Ji
Preparação permanente
As Forças Armadas norte-coreanas treinam permanentemente em frentes distintas para estar prontas para o combate. O legado da Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países ainda unidos por um passado comum, é sentido até os dias de hoje. Na imagem, desembarque de embarcações anfíbias de unidades navais em local desconhecido na Coreia do Norte.
Foto: Reuters/KCNA
Fim da paciência americana?
Em abril de 2017, os Estados Unidos disseram ter enviado o porta-aviões Carl Vinson (foto) à Península da Coreia, sinalizando possíveis medidas contra Pyongyang. A Coreia do Norte afirmou estar pronta para qualquer tipo de guerra. Fontes de serviços de inteligência afirmam que os norte-coreanos estão a menos de dois anos de conseguir obter poder suficiente para lançar mísseis contra os EUA.