Em entrevista a jornal, paquistanês detido por engano após atentado de Berlim afirma que foi abordado por policiais após atravessar rua correndo. Ele disse que estava com pressa porque queria chegar cedo em casa.
Anúncio
Ele queria dormir mais cedo e acabou passando a noite na cadeia. Em entrevista publicada neste sábado (24/12) pelo jornal Welt am Sonntag, o refugiado paquistanês Navid B., preso por engano após o atentado contra o mercado de Natal de Berlim, disse que foi detido por policiais ao correr para pegar o metrô.
Ele afirmou que não esteve no mercado de Natal e que foi detido nos arredores de um parque, Tiergarten, situado a menos de dois quilômetros do local do atentado. "Eu queria pegar o metrô para ir para casa", afirmou. O paquistanês conta que correu para atravessar a rua, preocupado em ir para cama mais cedo, quando foi abordado por policiais.
Os policiais perguntaram por que ele corria. "Tinha que atravessar a rua e corri para escapar dos carros. Alguns policiais me viram correr e me pararam. Eles me perguntaram por que eu corria e eu disse que era por causa dos carros. Então, meu metrô chegou e eles continuaram me detendo", afirmou
Navid B. relatou que, em seguida, os policiais perguntaram se ele "tinha cometido o ataque com o caminhão". "Eu disse que não, que sou inocente", frisou.
Apesar disso, ele teve que passar a noite em custódia. No dia seguinte, foi liberado e, inicialmente, levado para um hotel. "Então, fui transferido para outro abrigo de refugiados, mas eu não sei onde ele está localizado", acrescentou, dizendo que só sabia que o prédio fica em Berlim.
Na entrevista por telefone ao Welt am Sonntag, ele afirmou ainda estar hospedado naquele abrigo, cuja localização ele ignora, e que não havia mais retornado ao albergue onde vivia anteriormente, no antigo aeroporto de Tempelhof. Ainda segundo o Welt am Sonntag, só na quinta-feira o paquistanês recebeu seu celular de volta da polícia.
De acordo com o portal de notícias Spiegel Online, Navid B. não foi perseguido desde o mercado de Natal até o lugar em que foi detido. A dica para a prisão dele foi baseada em informações de uma testemunha que viu um homem saindo do caminhão após o atentado e o perseguiu. Entretanto, ele perdeu o suspeito de vista. O paquistanês foi preso a partir da descrição rudimentar dada pela testemunha, afirma o Spiegel Online.
MD(afp/dpa
O que se sabe sobre a tragédia em Berlim
Reunimos os principais fatos sobre o ataque com um caminhão à feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O local
Por volta das 20h (hora local) de segunda-feira (19/12), um caminhão avançou contra uma feira de Natal na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, em Berlim. A praça diante da Igreja Memorial do Imperador Guilherme é um destino turístico conhecido. Próximos dali ficam a Estação Zoo e a famosa avenida Kurfürstendamm.
Foto: Google Earth
O que ocorreu
O caminhão invadiu a calçada e avançou cerca de 80 metros sobre a feira de Natal, atropelando pessoas e destruindo barracas. As autoridades dizem não haver dúvidas de que se trata de um atentado e partem do princípio de que seja um ato terrorista.
Foto: Reuters/F. Bensch
As vítimas
Ao menos 12 pessoas morreram e outras 56 ficaram feridas, 30 das quais em estado grave. Oito dos mortos foram identificados como alemães, um homem é polonês, uma mulher é israelense, uma segunda é italiana e um outra é da República Tcheca.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
A vítima polonesa
A primeira vítima do atentado foi o polonês Lukasz U., de 37 anos, motorista do caminhão sequestrado pelo autor do ataque. Segundo investigadores, o polonês foi esfaqueado diversas vezes, sugerindo que teria tentado reassumir o volante do veículo. Após a autópsia, contudo, constatou-se que Lukasz fora fuzilado horas antes do ataque. A polícia encontrou o corpo do polonês na cabine do veículo.
Foto: picture alliance/AP Photo/Str
As investigações
As investigações foram encaminhadas à Procuradoria Federal, responsável por casos de terrorismo. Os motivos do atentado ainda são desconhecidos, mas ele é investigado como sendo um atentado terrorista. Investigadores falam que várias pessoas podem estar envolvidas. Uma operação de busca foi realizada pela polícia num abrigo de refugiados de Berlim.
Foto: Reuters/P. Kopczynski
O primeiro suspeito
O refugiado paquistanês detido por suposto envolvimento no ataque foi solto pelas autoridades. A Procuradoria Federal comunicou que não foi expedido nenhum mandado de prisão contra o jovem de 23 anos, que entrou no país como refugiado em 31 de dezembro de 2015. As investigações não conseguiram provar que ele esteve na cabine do caminhão. Não havia, por exemplo, manchas de sangue na roupa dele.
Foto: Reuters/H. Hanschke
O segundo suspeito
Anis Amri, um tunisiano de 24 anos, é o principal suspeito. Ele foi morto por policiais italianos quatro dias depois do ataque. Amri chegou à Alemanha em 2015 e teve pedido de refúgio negado em junho de 2016. Como não pôde ser deportado por questão burocrática, passou a ser "tolerado". Ele circulava entre Berlim e o estado da Renânia do Norte-Vestfália. Um documento dele foi encontrado na cabine.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundeskriminalamt
Os responsáveis
O tunisiano Anis Amri, de 24 anos, é o suspeito de ser o condutor do caminhão. Ele foi morto por policiais italianos na madrugada desta sexta-feira. Um documento dele, de "refugiado tolerado" na Alemanha, foi encontrado na cabine do caminhão. O "Estado Islâmico" assumiu a autoria do ataque.