Escândalo político envolvendo jogadores paira como fantasma na concentração alemã. Seleção enfrenta tripla pressão: vencer, brilhar e, talvez a mais dura de todas, de defender os valores percebidos de uma nação.
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Apesar de o gramado ser alguns milímetros mais alto do que desejado pelo técnico Joachim Löw, o primeiro treino da seleção alemã no campo do CSKA Moscou foi um retrato de serenidade. Depois de alguns passes e de uma minipartida ou duas, logo veio a hora de selfies e autógrafos com os cerca de 300 torcedores nas arquibancadas. Os atuais campeões do mundo parecem tranquilos no início do torneio, mas a pressão em torno deles está cada vez maior.
A Alemanha quer ser o primeiro país a conseguir o bi mundial seguido desde o Brasil em 1962. O elenco é o bom, o técnico Joachim Löw, que comandou o tetracampeonato, tem amplo apoio da torcida. Mas o persistente imbróglio em torno da foto que Mesut Özil e Ilkay Gündogan tiraram com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, não quer se dissipar como esperado.
A boa reputação da equipe de Löw, tanto dentro quanto fora do campo, sofre agora o seu primeiro revés, e a forma como essa mudança de atenção pública vai ser tratada pode ser um fator decisivo na Rússia.
Seleção alemã chega à Rússia para disputar a Copa do Mundo
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"Quanto mais forte a coesão interna, menos interferência externa atinge a equipe", diz o psicólogo esportivo Jens Kleinert ao considerar o possível clima em campo.
Por mais que isso seja verdade, e por mais forte e unida que essa equipe possa ser, os alemães estão tendo que enfrentar uma tripla pressão: a de vencer, a de brilhar e, talvez a mais dura de todas, de defender os valores percebidos de uma nação.
Na coletiva de imprensa realizada no hotel da equipe em Vatutinki, nesta quarta-feira (13/06), Löw parecia cansado ao falar sobre o incidente que envolveu Özil, Gündogan e o presidente turco.
O técnico da seleção alemã explicou que a sua tarefa agora seria preparar os dois jogadores da melhor maneira possível, apesar de admitir que, depois do amistoso contra a Arábia Saudita em Leverkusen, Gündogan ainda precisava "decolar".
O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Reinhard Grindel, também foi indagado sobre o assunto e foi mais direto em sua resposta. "Em 2014, a integração era vista como positiva. Isso mudou com a imigração em 2015. As pessoas veem problemas. Temos uma posição clara como federação. Estamos lidando com uma questão social... Há problemas neste país que vão muito além desta equipe", respondeu.
Embora isso possa ser verdade, a seleção alemã visa há muito contribuir positivamente para resolver esses problemas. Não ajuda em nada a determinação da diretoria de encerrar uma discussão que o país não concluiu. Embora Gündogan possa, como Grindel disse na quarta-feira, ter feito todo o possível desde o incidente, a DFB talvez tenha subestimado a dimensão da questão e, ao fazê-lo, adicionou mais pressão a um clima já tenso.
Muitos desejam que o esporte volte a ocupar o centro das atenções, e Kleinert afirma que eles não terão que esperar muito por isso. "Quanto mais avançar o torneio na Rússia, menor a importância de fatores externos. É um efeito psicológico. Quanto mais perto eu estiver do meu objetivo, mais me concentro nele", opina o psicólogo.
Como Löw afirmou no ano passado, em vez de apenas defender o título, a Alemanha quer vencer esta Copa do Mundo. Vencer quando for importante é o que essa equipe construiu em torno de si, então seria uma tolice julgá-la antes de sua estreia, contra o México no domingo. A cada partida que passa, o cenário ficará mais claro.
Recentemente, Löw admitiu à agência de notícias DPA que a Alemanha pode se transformar numa equipe mediana quando permite que erros se instalem. O desempenho na preparação para a Copa foi fraco, e a tentativa de silenciar a questão política deu ainda mais munição para os críticos.
Tudo isso colocou a equipe da Alemanha sob uma luz menos lisonjeira do que a que estava acostumada. Mas se os jogadores de Löw conseguirem manter a sua autodeclarada reputação de time copeiro e levantar a taça daqui a quatro semanas, é provável que tudo isso não acabe como uma simples nota de rodapé.
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A Alemanha na Copa da Rússia
O técnico Joachim Löw divulga a lista com os 23 ateltas convocados para o Mundial da Rússia. Da pré-lista, Leno, Tah, Sané e Petersen foram cortados.
Será que o melhor goleiro da Alemanha conseguirá estar em forma para o torneio? Apesar da longa pausa para se recuperar de contusões, Joachim Löw decidiu levar seu capitão para a concentração no Tirol do Sul.
Foto: picture-alliance/ZB
Marc-André ter Stegen
O número 1 no gol do Barcelona acabou virando titular da seleção alemã durante a ausência de Neuer. Durante a Copa do Mundo, ele deve ser reserva, caso realmente se confirme a volta do capitão.
Foto: Reuters/G. Dukor
Kevin Trapp
O goleiro do Paris St. Germain também foi escolhido para ir à concentração no norte da Itália, devido à dúvida que paira sobre Neuer. Mas Trapp não é mais titular do PSG e não possui grande experiência: jogou somente três vezes pela seleção alemã..
Foto: picture-alliance/SvenSimon/J. Kuppert
Jerome Boateng
Após a lesão muscular em março, as preocupações eram grandes de que o zagueiro não estivesse em forma para a Copa. Boateng permaneceu otimista e embarca para a Rússia.
Foto: picture alliance /Sven Simon
Mats Hummels
O zagueiro do Bayern de Munique forma a parte central da defesa alemã - da mesma foma que no clube. Ele também é um dos principais jogadores de Löw na saída de bola.
Foto: picture alliance/sampics/S. Matzke
Antonio Rüdiger
O atleta do Chelsea tem grande confiança do treinador Joachim Löw e vai à Copa como opção, caso haja problemas na zaga titular, composta por Boateng e Hummels.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Becker
Niklas Süle
O jovem zagueiro do Bayern embarca junto com a seleção alemã como reserva. Ele tem poucas chances de ser escalado para jogar partidas inteiras, a não ser que haja problemas de lesão.
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Joshua Kimmich
O jogador do Bayern de Munique é lateral-direito. Ele também poderia atuar como volante, mas Löw quer que ele jogue mais avançado pela lateral, onde também pode ser perigoso.
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Jonas Hector
O lateral-esquerdo não teve uma boa temporada com o Colônia – primeiro uma grave lesão, depois o rebaixamento. Ele é titular da defesa da seleção alemã.
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Marvin Plattenhardt
O jogador do Hertha Berlin é um dos poucos bons laterais-esquerdos encontrados na Alemanha. Para Löw, o atleta, de 26 anos, é uma alternativa a Hector.
Foto: picture-alliance/sampics/S. Matzke
Matthias Ginter
O zagueiro foi campeão mundial no Brasil, embora não tenha entrado em campo. A convocação de Ginters é uma surpresa. Sua temporada de estreia no Borussia Mönchengladbach foi relativamente fraca.
O volante da Juventus e da seleção alemã é um dos principais jogadores do esquema tático de Joachim Löw.
Foto: picture alliance/dpa/M. Becker
Toni Kroos
O volante do Real Madrid joga ao lado de Khedira no meio-campo da seleção alemã e também é uma peça-chave no esquema tático de Löw.
Foto: picture-alliance/GES/T. Eisenhuth
Sebastian Rudy
O jogador do Bayern de Munique é uma espécie de pau pra toda obra entre os reservas da seleção alemã. Rudy, que eu seu primeiro ano no clube bávaro nem sempre foi titular, pode atuar tanto no meio-campo defensivo como também na defesa.
Foto: picture alliance/dpa/GES/M. I. Güngör
Ilkay Gündogan
Machucado, ele deixou de ir à Copa no Brasil por causa de uma lesão, e também não esteve na convocação para a Eurocopa, há dois anos, devido a uma lesão no joelho. Desta vez, na Rússia, ele está apto para defender a seleção alemã.
Foto: picture-alliance/GES-Sportfoto
Mesut Özil
Ele é brilhante com a bola, mas no campo pode ser discreto: tem fama de sumir em jogos decisivos. Mesmo assim, Löw não pode abrir mão do meia do Arsenal.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Maurer
Thomas Müller
"Müller joga sempre", disse certa vez o então treinador do Bayern de Munique Van Gaal. O mesmo vale para o artilheiro da Copa de 2010 em relação à seleção alemã.
Foto: picture-alliance/S. Simon
Marco Reus
Finalmente o craque do Borussia Dortmund vai a uma Copa. Em 2014, o atacante foi impedido de estar no time por causa de uma lesão - como tantas vezes em sua carreira.
Foto: picture-alliance/Rauchensteiner
Julian Draxler
No PSG, o ex-jogador do Schalke e do Wolfsburg gostaria de ter entrado em campo com mais regularidade Na seleção alemã, deve ser o responsável por imprimir velocidade e pressão pelo lado esquerdo do ataque.
Foto: picture-alliance/GES/M. I. Güngör
Leon Goretzka
De saída do Schalke após uma boa temporada, ele reforça o Bayern no próximo Campeonato Alemão. Mas antes viaja para a Copa. Na Rússia, entretanto, o meia deve ficar maior parte do torneio no banco.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Probst
Timo Werner
Rápido e de chute certeiro, o Chuteira de Ouro da Copa das Confederações se tornou imprescindível na lista de Löw.
Foto: picture-alliance/GES/M. Ibo
Mario Gomez
Com o atacante do Stuttgart, Löw sabe exatamente o que tem em mãos. Gomez foi o atacante mais efetivo na Eurocopa na França até se contundir, antes da semifinal.
Foto: Reuters/M. Rehle
Julian Brandt
Meia do Bayer Leverkusen teve que assumir maiores responsabilidades no clube na última temporada, tendo se tornado, com isso, mais regular e estável. Isso contribuiu para a convocação do meia para a seleção de Löw.