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Pressionado, governo grego vê indícios de incêndio criminoso

27 de julho de 2018

Autoridades afirmam que 13 focos de incêndio começaram na mesma hora na região de Ática e abrem investigação. Oposição critica reação lenta e cobra que governo assuma responsabilidade pela tragédia com mais de 80 mortos.

Casas destruídas na vila de Mati, na Grécia
Casas destruídas na vila de Mati, onde a maioria das mortes foi registradaFoto: Reuters/Eurokinissi /A. Nicolopoulos

As chamas descontroladas que tiraram a vida de mais de 80 pessoas na Grécia podem ter sido causadas por incendiários, afirmou o ministro grego da Defesa Civil, Nikos Toskas, nesta quinta-feira (26/07), enquanto as buscas por desaparecidos continuam.

"Há sérios indícios e sinais significativos que sugerem incêndios criminosos", afirmou Toskas. Ele acrescentou que a polícia ouviu depoimentos nesse sentido, sem detalhar. Uma investigação foi aberta para esclarecer possíveis atos criminosos.

Com base em dados de satélite, autoridades afirmaram que 13 focos de incêndio tiveram início aproximadamente no mesmo horário na região de Ática, que inclui Atenas, na segunda-feira. As chamas se espalharam rapidamente devido aos ventos fortes e às altas temperaturas, culminando na pior série de incêndios florestais da Europa neste século.

Apesar de ter anunciado uma lista de medidas após o desastre, o governo de esquerda do país está sendo alvo de fortes críticas por sua reação à tragédia, considerada lenta, e também pelo pacote de medidas para as vítimas, considerado insuficiente. Ele inclui um pagamento de 10 mil euros e a oferta de um emprego no setor público para cônjuges e parentes próximos das vítimas.

Críticos cobram que o governo assuma uma responsabilidade maior pela tragédia. Já o governo afirma que não houve tempo para retirar moradores porque as chamas se espalharam muito rapidamente. Pressionado, o primeiro-ministro Alexis Tsipras não é visto em público desde terça-feira, quando anunciou três dias de luto oficial. Uma reunião dele com seus ministros está programada para esta sexta-feira.

"Você nos deixou sozinhos à misericórdia de Deus, não sobrou nada", gritou uma mulher em prantos para o ministro da Defesa, Panos Kammenos, durante visita à região costeira de Mati, onde foi registrada a maioria das mortes.

Especialistas afirmaram que um misto de mau planejamento urbano, incluindo a falta de rotas apropriadas de acesso à praia, e muitas construções próximas de áreas florestais, incluindo casas construídas sem licença, aumentaram as proporções do desastre.

O prefeito da região, Evangelos Bournos, disse a uma rádio grega nesta sexta-feira que forças de emergência acabaram bloqueando a fuga de moradores com o fechamento de uma das principais estradas perto das chamas. "Somos todos responsáveis: o governo, os serviços de emergência e cidadãos", disse.

Ao criticar o anúncio de Toskas sobre as suspeitas de incêndio deliberado, o partido de oposição Nova Democracia afirmou que o governo está se recusando a assumir sua responsabilidade no caso, "o que só pode provocar raiva". Já o jornal Ta Nea chamou o pacote de medidas de "uma gota no oceano".

Cerca de 300 bombeiros e voluntários ainda buscavam cerca de 30 desaparecidos na noite de quinta-feira. Parentes concederam amostras de DNA no necrotério de Atenas, onde restos mortais estavam sendo identificados. Por volta de 500 casas foram destruídas, e os bombeiros afirmaram que ainda há locais fechados que não foram checados.

PJ/afp/dpa/rtr

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