Primeiras análises indicam que ômicron pode ser menos severa
7 de dezembro de 2021
Cientistas na África do Sul dizem perceber gravidade menos intensa nas infecções com a nova variante do coronavírus, mas alertam que se trata de observações iniciais.
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A mais recente variante do novo coronavírus, a ômicron, descoberta em novembro no sul da África, pode levar a sintomas menos severos em comparação a variantes anteriores, indicaram nesta segunda-feira (06/12) médicos e pesquisadores da África do Sul.
Os cientistas alertaram, no entanto, que mesmo que a gravidade causada pela ômicron pareça, até agora, menos intensa nos pacientes considerados, a nova variante ainda pode levar à superlotação de hospitais em todo o mundo. Isso porque, ao mesmo tempo em que aparenta ser menos grave, a ômicron tem apresentado um poder de transmissão maior do que outras variantes.
Conforme dados do Complexo Hospitalar de Tshwane, em Pretória, apenas nove de 42 pacientes com covid-19 – nenhum deles vacinado – necessitaram de tratamento devido à infecção pelo vírus e precisaram de oxigênio no dia 2 de dezembro.
Esse estudo, entretanto, é apenas preliminar, sem validação pela comunidade científica. Por isso, os especialistas pedem cautela e insistem que essas informações não devem ser encaradas com total otimismo. Como a descoberta da nova variante ocorreu no mês passado, é possível que a ômicron ainda leve a sérios problemas em sistemas de saúde apenas com sua elevada capacidade de transmissão.
No entanto, conforme esses dados preliminares, mesmo com o aumento de casos na África do Sul nas últimas semanas, não houve aumento no número de mortes. Em uma breve comparação, de 166 pacientes com coronavírus que foram internados entre os dias 14 e 29 de novembro no Complexo Hospitalar de Tshwane, a permanência média foi de menos de três dias, e 7% deles morreram. No último um ano e meio anterior a novembro de 2021, os pacientes costumavam ficar mais de oito dias, e 17% morreram.
No domingo, o conselheiro da Casa Branca para a crise sanitária, Anthony Fauci, afirmou que os primeiros sinais vindos da África do Sul sobre a gravidade dos casos associados à variante ômicron são "algo encorajadores", mas também sublinhou que são dados preliminares.
"Claramente, na África do Sul, a ômicron está se propagando mais", disse o epidemiologista em entrevista à emissora CNN. "Mas, até agora, mesmo sendo muito cedo para tirar conclusões definitivas, não se pode dizer que apresente um alto grau de gravidade", declarou. "Os sinais sobre a gravidade são algo encorajadores", repetiu.
Nesta segunda-feira, a notícia de que a ômicron pode resultar em quadros mais leves de covid-19 derrubou ações de fabricantes de vacinas, como a Moderna e a Biontech.
gb/as (Lusa, OTS)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
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A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
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Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
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Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine