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Premiê romeno renuncia após incêndio em discoteca

4 de novembro de 2015

Victor Ponta diz esperar que entrega do mandato "satisfaça demandas de manifestantes", indignados após incidente que deixou mais de 30 mortos. Governo já vinha sendo alvo de críticas por corrupção.

Foto: picture-alliance/dpa/R. Ghement

O primeiro-ministro da Romênia, Victor Ponta, anunciou nesta quarta-feira (04/11) que renunciará ao cargo, após protestos relacionados ao incêndio numa discoteca na semana passada, que deixou mais de 30 mortos.

"Estou entregando meu mandato, estou renunciando, e implicitamente, meu governo também", disse Ponta em comunicado. Ele disse que permanecerá no cargo até que um novo governo se forme. "Espero que entregar o meu mandato e o do meu governo satisfaça as demandas dos manifestantes."

O presidente romeno, Klaus Iohannis, nomeará um primeiro-ministro para formar um novo governo, que precisa ser aprovado pelo Parlamento. Se isso falhar duas vezes, eleições antecipadas serão convocadas. Eleições parlamentares estão previstas para dezembro do ano que vem.

O prefeito do distrito de Bucareste onde a discoteca incendiada está localizada, Cristian Popescu Piedone, também renunciou nesta quarta-feira, afirmando ser moralmente culpado pelo incêndio mais mortal da história da Romênia."Eu assumo a culpa moral. Quanto à culpa legal, deixarei que a Justiça se pronuncie", disse Piedone.

A pressão sobre os políticos aumentou após protestos de grandes proporções na capital romena na noite desta terça-feira, com mais de 20 mil manifestantes apontando a corrupção desenfreada como a causa do incêndio na última sexta-feira. Eles pediam a renúncia de Ponta, Piedone e do ministro do Interior, Gabriel Oprea, gritando "assassinos" e "vocês deveriam se envergonhar".

O governo romeno tem sido alvo de críticas há algum tempo, sendo percebido por muitos como corrupto. Mesmo antes do incêndio, Ponta já estava sendo pressionado pela oposição para renunciar, mas havia se recusado. Premiê desde 2012, ele está sendo julgado por evasão fiscal e lavagem de dinheiro, entre outras acusações.

Segundo testemunhas, o fogo na discoteca teve início durante um show de heavy metal na discoteca, localizada no subsolo, após uma faísca. As pessoas teriam corrido em pânico em direção à única saída. Até o momento, 32 pessoas morreram, e por volta de 130 ainda estão hospitalizadas – dezenas delas em estado grave ou crítico.

Três dos chefes da discoteca foram presos nesta segunda-feira, sob suspeita de homicídio culposo relacionado ao incêndio, que autoridade e testemunhas atribuíram a falhas de segurança. O local não tinha a autorização necessária para realizar shows ou apresentações pirotécnicas, segundo um representante do Ministério do Interior.

LPF/ap/afp