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Prisão de líder dos "coletes amarelos" é criticada na França

4 de janeiro de 2019

Éric Drouet é libertado após um dia preso, mas será julgado sob acusação de organizar protesto não autorizado em Paris. Líderes políticos de extrema direita e esquerda rechaçam prisão e acusam governo de abuso de poder.

O francês Éric Drouet, um dos líderes dos protestos dos "coletes amarelos"
Drouet foi um dos primeiros a usar as redes sociais para convocar protestos contra políticas de MacronFoto: Getty Images/AFP/F. Guillot

Em um sinal de postura mais linha dura do governo da França, a polícia prendeu um dos líderes dos protestos dos "coletes amarelos", Éric Drouet, em Paris, provocando uma série de críticas por parte de políticos da oposição nesta quinta-feira (03/01).

Drouet – que já enfrenta um processo por porte de armas durante um protesto anterior – foi preso na noite de quarta-feira acusado de organizar uma manifestação não autorizada na avenida Champs-Elysées. Ele foi liberado na tarde desta quinta, mas será julgado pelo caso.

Ao falar com jornalistas após sua libertação, Drouet negou ser líder dos protestos que eclodiram em novembro na França, chegando a reunir dezenas de milhares de pessoas. "Não sou representante dos coletes amarelos. Com ou sem mim, [as manifestações] vão continuar", afirmou.

Drouet – um dos primeiros a usar as redes sociais para convocar protestos contrários à política fiscal do presidente Emmanuel Macron – também rejeitou a acusação que levou à sua prisão na quarta-feira, de que ele teria organizado uma manifestação na Champs-Elysées sem informar previamente as autoridades.

"Não foi uma convocação para uma manifestação", alegou, afirmando que ele e outros manifestantes haviam apenas planejado acender velas em homenagem aos mortos e feridos durante os atos dos "coletes amarelos". "Nem isso eles nos deixam fazer."

Segundo o promotor Remy Heitz, Drouet fez um chamado em redes sociais na manhã de quarta-feira para um encontro no centro-oeste de Paris. Em comunicado, Heitz afirmou que o rapaz foi preso após ignorar as ordens da polícia para que ele deixasse a "via pública".

Drouet, por sua vez, disse que se tratou de uma prisão política e que estava a caminho de um restaurante com outras quatro pessoas quando foi preso pelos policiais perto da Praça da Concórdia. "Eu não vestia um colete amarelo, estava apenas andando na calçada."

O ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, defendeu a prisão do rapaz, descrevendo-a como um "respeito ao Estado de Direito". "É normal que, quando você infringe as leis da república, você enfrente as consequências", argumentou o político.

De acordo com a lei francesa, organizadores de protestos são obrigados a informar as autoridades locais com pelo menos três dias de antecedência. Os "coletes amarelos", contudo, têm ignorado com frequência essa regra com seus protestos muitas vezes espontâneos.

A prisão de Drouet causou indignação em diferentes espectros da classe política francesa. Adversária de Macron nas últimas eleições presidenciais e líder do partido de extrema direita Agrupamento Nacional (antiga Frente Nacional), Marine Le Pen acusou o governo de realizar uma "violação sistemática dos direitos políticos de seus opositores".

Outro adversário de Macron no último pleito, o esquerdista Jean-Luc Mélenchon, também criticou a detenção. "Éric Drouet preso de novo, por quê? Abuso de poder. Uma polícia politizada mirando e assediando os líderes do movimento dos coletes amarelos", escreveu ele no Twitter.

Os "coletes amarelos" têm protestado contra o aumento nos preços dos combustíveis e contra reformas fiscais propostas pelo governo francês, que, segundo eles, atingiriam desproporcionalmente as classes trabalhadoras. Eles pedem também a renúncia de Macron e a reintrodução do imposto de solidariedade sobre a riqueza.

EK/afp/dpa/lusa

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