Pré-candidatos correm contra o tempo para definir seus companheiros de chapa. Cálculos da maioria dos postulantes continuam sendo os mesmos que resultaram na escolha de um vice como Michel Temer em 2010.
Anúncio
No final de 2015, Michel Temer subverteu o papel aparentemente de mero caráter simbólico da vice-presidência ao romper com a então cada vez mais enfraquecida Dilma Rousseff. Poucos meses depois, se tornou o oitavo vice-presidente da história brasileira a assumir o cargo máximo da República.
Temer, um político veterano especializado em negociações nos bastidores, havia articulado sua indicação a vice de Dilma em 2010. O padrinho da petista, Luiz Inácio Lula da Silva, preferia outro nome do PMDB, mas no final se submeteu ao cálculo político.
A aliança com Temer garantiu que a candidata petista contasse naquele ano com 40% do tempo de TV destinado à campanha eleitoral e já passasse a garantir de antemão uma base de apoio aparentemente sólida para governar – o PMDB tinha então a maior bancada na Câmara.
No poder, no entanto, as relações entre Temer e Dilma se deterioraram. O vice chegou a se queixar de ter sido isolado e relegado a um papel "decorativo”. Mais de cinco anos depois, já afastada, Dilma disse que a escolha de Temer havia sido "um erro” e chamou seu antigo vice de "traidor”.
Em 2018, a maior parte dos pré-candidatos à Presidência ainda continua a procurar um companheiro de chapa seguindo os mesmos cálculos que levaram Lula e Dilma a aceitar Temer.
Segundo analistas ouvidos pela DW, o motivo é menos o temor de um "vice rebelde” como foi Temer e mais a importância de angariar apoios de outras siglas e de potencialmente usar a imagem do companheiro de chapa para atrair determinado eleitorado.
"O vice ajuda a equilibrar a chapa, seja em critérios ideológicos, de região e do eleitorado. Se um candidato for de esquerda, ele vai tentar compor com alguém de perfil mais conservador. Se for de determinada região, vai escolher um vice de outra. Um candidato homem também pode ter preferência em uma mulher”, avalia o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade Nacional de Brasília (UnB). "O que aconteceu entre Dilma e Temer não está entrando no cálculo político.”
Já o cientista político Rafael Cortez, da consultoria Tendências, afirma que um "fator Temer” na escolha de um vice está sendo levado em conta pelos pré-candidatos, mas com menor peso do que os fatores geográficos e partidários.
"Não há dúvida que a escolha do vice ganhou outra dimensão depois do impeachment. A proximidade e o relacionamento são elementos que certamente contam, mas não são os principais”, diz.
Corrida pelo vice
O atual cenário eleitoral também aponta que os pré-candidatos nem se podem conceder o luxo de escolher um vice de sua preferência pessoal. A poucos dias do fim do prazo para a realização das convenções partidárias, nenhum dos seis pré-candidatos mais bem posicionados nas pesquisas (incluindo Lula) definiu quem vai ocupar o segundo lugar em suas chapas.
Até o momento, apenas dois candidatos nanicos, Guilherme Boulos, do PSOL, e Vera Lúcia, do PSTU definiram oficialmente seu vices em convenção partidária. Eles optaram por chapas "puro-sangue", com quadros dos seus próprios partidos.
O cenário é contrastante com eleições anteriores. Em 2010, o PMDB já havia fechado com o PT a vaga de vice já no ano anterior. Em 2014, Marina Silva foi indicada inicialmente como vice de Eduardo Campos (PSB) em abril. Já a aproximação de Lula e de José Alencar havia começado um ano antes das eleições de 2002. Em 1994, o então candidato Fernando Henrique Cardoso já havia acertado a vaga de vice com o antigo PFL em abril.
Por enquanto, Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSC) oficializaram suas candidaturas em convenções sem definir seus companheiros de chapa. Bolsonaro, apesar de aparecer no topo das pesquisas na ausência de Lula na disputa, já ouviu três negativas quando ofereceu o cargo de vice, primeiro da ex-corregedora nacional do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Eliana Calmon, depois do senador evangélico Magno Malta (PR-ES) e, por fim, do general reformado Augusto Heleno (PRN).
Em dois casos, a recusa partiu dos partidos em se aliar com a sigla de Bolsonaro. O pré-candidato do PSL ainda aguarda a resposta de um convite oferecido à advogada Janaína Paschoal, do seu próprio partido. Diante do impasse, Bolsonaro já afirmou que a definição deve ficar para o dia 5 de agosto. Além de Paschoal, também são cotados para o cargo o príncipe Luiz Philippe de Orléans e Bragança e o astronauta Marcos Pontes, também do PSL. Dessa forma, Bolsonaro pode acabar se limitando a concorrer em uma chapa pura.
Ele não é único que já teve o convite recusado. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu um "não” divulgado publicamente pelo empresário Josué Gomes (PR), filho do ex-vice-presidente José Alencar. Alckmin largou na frente na formação de alianças, garantindo o apoio de partidos como PP, DEM, PR e PRB, mas ainda não há definição sobre quem será o vice.
Ciro e Marina seguem por enquanto sondando alianças. A ex-ministra ofereceu nesta semana a vaga a Eduardo Jorge, ex-candidato do PV à Presidência em 2014, mas ainda aguarda uma reposta dos verdes.
Já o PT vive a indefinição sobre a própria candidatura de Lula à Presidência. A indicação de um vice na chapa é vista com especial atenção já que ele pode eventualmente ser cotado para assumir a própria posição de candidato à Presidência no caso de Lula ser barrado pela lei da Ficha Limpa.
Dificuldades
Segundo Ricardo Caldas, a pulverização das candidaturas e a indefinição que cerca a Lula tem levado vários partidos a adiar a formação de alianças e a indicação de vices. "Os partidos que não têm candidatos próprios à Presidência querem esperar até o enésimo momento para tirar o máximo de vantagens”, comenta.
Já Rafael Cortez avalia que os partidos que normalmente estariam interessados na vaga do vice não enxergam por enquanto quem pode ser o vencedor na disputa, a mais imprevisível em décadas. Isso tem adiado a formação de alianças.
"O cenário ficou mais incerto. Os partidos por enquanto não enxergam uma perspectiva de poder na maior parte das candidaturas e não querem apostar em quem será o vencedor. Não se tem nem certeza sobre qual é a melhor estratégia para conseguir angariar votos durante a eleição”, diz. Para ele, a incerteza e o número de candidatos também aumentou o poder de barganha dos partidos do chamado "centrão”. "Não há mais uma polarização entre o PT e PSDB, que costumava atrair esses partidos para apenas dois candidatos”, complementa.
Após a definição dos vices, resta saber como o eleitorado vai avaliar o peso dos nomes dos indicados à vice após o início oficial da campanha eleitoral. Em 2010, o ano em que Temer foi eleito pela primeira vez como vice-presidente, uma pesquisa do Datafolha apontava que 58% dos eleitores afirmavam que o nome do vice não influenciava seu voto.
No Brasil, até 2006, o nome do vice-presidente nem sequer aparecia ao lado daquele do candidato que encabeçava a chapa, tanto nas cédulas de papel dos anos 1990 quanto na urna eletrônica. A foto do vice só passou a constar em 2010.
Segundo Caldas, o eleitorado não deveria enxergar o cargo como uma função sem prestígio. "O ocupante é um presidente em espera, que a qualquer momento pode virar presidente”, diz, lembrando que vários vice-presidentes da história brasileira acabaram ocupando a Presidência.
Ações do governo e de parlamentares aprofundam desgaste da população com políticos. Rejeição a governo Temer cresce, e acusações de suposto "acordão" para barrar Lava Jato alimentam crise política.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Queda do ministro do Trabalho
05/07: uma decisão do Supremo afastou o ministro do Trabalho, Helton Yomura de suas funções. Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes na concessão de registros para sindicatos. Yomura entregou o cargo no mesmo dia. Caio Vieira de Mello assumiu a pasta.
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Greve dos caminhoneiros
21/05: uma greve nacional de caminhoneiros paralisou o Brasil por dez dias. O governo inicialmente não abordou o problema, deixando que a greve ganhasse força. No final, Temer cedeu a todas as exigências dos grevistas e abandonou a política de preços da Petrobras para segurar o preço do diesel. A medida derrubou as ações da Petrobras e levou à saída do presidente da empresa, Pedro Parente.
Foto: DW/N. Pontes
Prisão de amigos de Temer
29/03: uma operação da Polícia Federal prendeu dez pessoas, entre eles dois amigos do presidente Temer: o ex-assessor da Presidência José Yunes e o ex-coronel da PM João Baptista Lima Filho. Ambos foram apontados como operadores de propinas pagas a Temer. Na mesma operação foi preso o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (MDB).
Foto: Reuters/U. Marcelino
Governo desiste da reforma da Previdência
16/02: uma das principais pautas de Temer, a PEC da reforma da Previdência foi definitivamente abandonada pelo Planalto após o decreto de intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro. A previsão é que a intervenção dure até o final do ano. Até lá, pelas regras constitucionais, nenhuma PEC pode ser aprovada. Antes mesmo do anúncio, o governo já enfrentava dificuldades para aprovar a reforma.
Foto: Agência Brasil/Antonio Cruz
Nomeação de ministra é suspensa
08/01: Após a saída de Ronaldo Nogueira do Ministério do Trabalho, o governo indicou para o seu lugar a deputada Cristiane Brasil. A posse, no entanto, foi suspensa por um juiz, que entendeu que a nomeação ofendia a “moralidade administrativa”. Brasil era acusada de empregar funcionários sem carteira assinada. Em fevereiro, diante do impasse, o partido de Brasil desistiu de insistir na indicação.
Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados
Câmara rejeita denúncia
25/10: Apesar da tentativa da oposição de esvaziar o plenário e adiar a votação, a Câmara dos Deputados rejeitou a segunda denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente da República, Michel Temer, pelo placar de 251 contra 233. A decisão livra novamente o presidente de uma investigação por parte do STF.
Foto: Reuters/A. Machado
Brasileiros veem aumento da corrupção
09/10: Para 78% dos brasileiros, o nível de corrupção aumentou no país nos últimos anos, segundo relatório da organização Transparência Internacional publicado em Berlim. Entre os 20 países analisados, o Brasil é o quarto da lista, atrás de Peru (79%), Chile (80%) e Venezuela (87%). Além disso, 56% dos brasileiros acham que o governo não combate a corrupção no setor público de forma satisfatória.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Popularidade despenca
28/09: Uma pesquisa do Ibope mostrou que a aprovação do governo Temer caiu para apenas 3%. Trata-se do menor índice obtido por um presidente desde o início da série histórica do instituto, em 1986. Antes de Temer, o pior havia sido José Sarney, que em junho/julho de 1989 ficou com 7%. A reprovação do governo Temer chegou a 77%.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Segunda denúncia contra Temer
14/09: O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Temer por obstrução de Justiça e organização criminosa. A segunda denúncia envolvendo o presidente, enviada ao STF, se baseia na delação de executivos da JBS, bem como do operador Lúcio Funaro. Segundo Janot, Temer teria poder de decisão no chamado "quadrilhão do PMDB da Câmara", além de ter atuado para comprar o silêncio de Funaro.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
STF autoriza inquérito contra Temer
12/09: O ministro do STF Luís Roberto Barroso autorizou a abertura de inquérito para investigar Temer, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures e dois empresários por acusações de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro, em caso que envolve o chamado Decreto dos Portos. A defesa de Temer rechaçou as acusações e afirmou que as investigações têm o objetivo de enfraquecer o governo.
Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
PF vê indícios de crimes por Temer e ministros
11/09: Em inquérito que apura a suspeita de crimes praticados pelo PMDB da Câmara Federal, a Polícia Federal concluiu que "ficaram comprovados indícios da prática do crime de organização criminosa". Segundo a PF, integrantes da cúpula do partido "mantinham estrutura organizacional com o objetivo de obter vantagens indevidas em órgãos da administração pública direta e indireta".
Foto: Getty Images/AFP/E.Sa
Temer se salva, mas com Congresso dividido
02/08: Após uma ofensiva intensa para reagrupar forças junto aos parlamentares, Temer conseguiu se livrar do processo por corrupção passiva. A Câmara dos Deputados rejeitou a denúncia contra o presidente, com 263 votos contra o envio da matéria ao STF, e 227 a favor. Após a votação, Temer descreveu o resultado no plenário como "claro e incontestável".
Foto: picture-alliance/Photoshot
Líder do governo na Câmara condenado
01/08: A Justiça de Sergipe condenou o líder do governo Temer na Câmara, o deputado federal André Moura (PSC-SE), por improbidade administrativa, com a perda de seus direitos políticos por oito anos. A sentença menciona convênios fraudulentos e prejuízo de 1,4 milhão de reais ao patrimônio público.
Foto: Nilson Bastian/Câmara dos Deputados
Temer vence na CCJ, mas com manobras
13/07: A Comissão de Cidadania e Justiça (CCJ) da Câmara rejeitou o parecer que recomendava o avanço da acusação de corrupção passiva contra ele. Mas a vitória foi tática e impulsionada por uma série de manobras, com a distribuição de verbas e a substituição de membros da CCJ não considerados suficientemente leais ao Planalto.
Foto: Agência Brasil/Wilson Dias
Janot denuncia Temer
26/06: O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente Michel Temer ao STF pelo crime de corrupção passiva. É a primeira vez que um presidente da República é denunciado à Corte no exercício do mandato. A acusação tem como base uma investigação contra o peemedebista decorrente da delação de executivos da JBS. Ex-assessor Rodrigo Rocha Loures também foi denunciado.
Foto: Reuters/U. Marcelino
STF confirma delações
22/06: a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou a favor da manutenção da homologação do acordo de delação premiada dos executivos da empresa JBS. Os magistrados decidiram ainda que o relator Edson Fachin deve permanecer no caso. As delações causaram um terremoto político e colocaram Michel Temer no centro de um escândalo de corrupção.
Foto: Nelson Jr./SCO/STF
Primeira derrota
20/06: no mesmo dia em que Temer assistiu a uma apresentação de balé em Moscou, a bandeira reformista do governo sofreu uma derrota significativa. O projeto que prevê mudanças na legislação trabalhista foi rejeitado por uma comissão do Senado, graças a uma combinação de indiferença e abandono de alguns membros da base aliada.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/A. Dusek
Viagem à Rússia e Noruega
20/06: numa conturbada semana, para passar uma imagem de "normalidade", Temer viaja à Rússia e Noruega, onde destaca melhora na economia do Brasil. Em Moscou, o presidente se reuniu com Putin para estreitar os laços entre os países. Em Oslo, foi alvo de críticas. A premiê norueguesa expressou preocupação com a Lava Jato e o desmatamento no Brasil.
Foto: Picture alliance/dpa/A. Nikolsky/TASS
Presidente acusado por corrupção
19/06: em relatório preliminar entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a investigação envolvendo Michel Temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, a Polícia Federal (PF) acusa o presidente pelo crime de corrupção passiva, mas pede um prazo maior para concluir o inquérito referente aos delitos de organização criminosa e obstrução de Justiça.
Foto: Reuters/U. Marcelino
Processo no TSE
09/06: A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de absolver a chapa Dilma-Temer deu sobrevida ao governo, mas não lhe ajudou muito a melhorar a imagem perante a opinião pública: a vitória por 4 votos a 3 só se deu porque os depoimentos da Odebrecht e dos marqueteiros do PT não foram levados em conta no processo.
03/06: o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente Michel Temer, foi preso pela Polícia Federal em Brasília. A detenção
abriu mais uma frente para o governo: Loures foi apelidado de "homem da mala" pela imprensa após ter sido filmado carregando 500 mil reais entregues por um emissário da empresa JBS.
Foto: Wikipedia/R. Theodorovy
Presidente acusado de obstrução à Justiça
17/05: Revelação de conteúdo de diálogo entre o presidente Temer e o empresário Joesley Barbosa, da JBS, mergulha país no caos e ameaça governo. Presidente, segundo reportagem do jornal "O Globo", teria consentido com pagamento de mesada para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso em outubro de 2016.
Foto: imago/Agencia EFE
O preço alto das reformas
05/05: Diante da obsessão do governo em aprovar com celeridade a aprovação das reformas da previdência e trabalhista, Palácio do Planalto teria dado aval à aprovação de medidas para negociar dividas fiscais de empresas com a Receita Federal e também cede a interesses da bancada ruralista.
Foto: Luis Macedo /ABr
Cúpula arrastada para o caos
11/04: O relator da Lava Jato no Supremo, ministro Luiz Edson Fachin, pede abertura de inquérito contra 76 políticos, entre os quais oito ministros do governo Temer, entre eles Eliseu Padilha (PMDB, Casa Civil, na foto com Temer), Moreira Franco (PMDB, Secretaria-Geral da Presidência); Helder Barbalho (PMDB, Integração Nacional); e Aloysio Nunes (PSDB, Relações Exteriores).
Foto: Getty Images/AFP/E.Sa
Machismo no Planalto?
08/03: Declarações do presidente na ocasião do Dia Internacional da Mulher provocam perplexidade na sociedade brasileira e no exterior, e indignação de movimentos feministas. Presidente citou a mulher, Marcela Temer, ao analisar a importância da figura feminina na educação dos filhos e no controle do orçamento familiar, nas compras de supermercado, relegando a mulher a atividades domésticas.
Foto: Getty Images/AFP/M. Sharma
A blindagem sob o comando de Romero Jucá
15/02: O senador Romero Jucá (PMDB-RR), braço-direito de Temer no Congresso, protocola emenda constitucional para blindar presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). Pela regra, eles só poderiam ser responsabilizados por atos cometidos no exercício de seus mandatos. Ou seja, seriam blindados de investigações da Lava Jato. Diante do constrangimento, Jucá recuou.
Foto: Geraldo Magela/Agencia Senado
A aula de fisiologismo de Eliseu Padilha
14/02: O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, diz em palestra flagrada pelo jornal "Estado de S.Paulo" que os ministérios de Temer foram montados para garantir votos no Congresso. Ele diz que havia intenção de nomear "notáveis" e citou como exemplo a Saúde. O PP indicou o deputado Ricardo Barros. "Vocês garantem todos os nomes do partido em todas as votações? Então o Ricardo será o notável."
Foto: Wilson Dias/Agencia Brasil
Caso Marcela: a censura de Temer à imprensa
10/02: A pedido da Presidência, Justiça proíbe o jornal "Folha de S.Paulo" de divulgar dados sobre a chantagem de um hacker contra Marcela Temer, a primeira-dama. O hacker, condenado a 5 anos e 10 meses de prisão, clonou o celular de Marcela e disse ter acesso a um áudio que comprometeria o presidente. A investigação foi coordenada por Alexandre de Moraes, depois nomeado ministro da Justiça.
Foto: Imago
Nomeação de Moraes para o Supremo
06/02: O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes (PSDB), é indicado para a vaga de Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal. Havia a expectativa de que Temer indicaria um nome técnico, do meio jurídico, não ligado à política. A enorme proximidade de Moraes com Temer tornou a indicação bastante polêmica, já que ele será o revisor da Lava Jato no Supremo, e Temer foi citado 44 vezes em delações.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Foro privilegiado para Moreira Franco
03/02: Temer dá status de ministro a Moreira Franco, que era secretário-executivo do Programa de Parceria de Investimentos. Ele virou ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Citado 34 vezes em delações da Lava Jato, com o codinome "Angorá", Franco passa a ter foro privilegiado, ou seja, só pode ser julgado pelo Supremo. Pela demora dos julgamentos, o foro é visto como benefício a políticos.
Foto: Reuters/A. Machado
Novos ministérios: a contradição
03/02: No dia em que nomeou Moreira Franco ministro, Temer anunciou a criação de outro ministério, o de Direitos Humanos, entrando em rota de colisão com o discurso antes da posse. Tanto o presidente quanto seu partido, o PMDB, defenderam o enxugamento da máquina e a redução das pastas e criticavam o número de ministérios sob Dilma Rousseff. O governo tem hoje 28 pastas. Sob Dilma, tinha 32.
Foto: Wilson Dias/ABr/CC BY 3.0 BR
Senado e Câmara X Lava Jato
01/02: O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) é eleito sem dificuldades para a presidência do Senado, com os votos de 61 dos 81 senadores. Na Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) derrota grupo ligado a Eduardo Cunha (PMDB), preso na Lava Jato, e permanece na presidência da Casa. Os dois foram eleitos em sintonia com o Palácio do Planalto. Ambos tiveram os nomes citados em delações da Lava Jato.