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Sauditas pedem pena de morte de cinco réus no caso Khashoggi

3 de janeiro de 2019

Começa em Riad o julgamento dos 11 suspeitos pela morte do jornalista, assassinado no consulado saudita em Istambul. Khashoggi era crítico do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Mulher levanta papel impresso com foto do jornalista saudita Jamal Khashoggi diante da embaixada da Arábia Saudita em Paris. Abaixo da foto em preto e branco, os dizeres em inglês "Justice for Jamal" ("Justiça para Jamal")
Manifestante pede justiça para jornalista Jamal Khashoggi, assassinado em outubroFoto: imago/IP3press/A. Morissard

A procuradoria-geral da Arábia Saudita pediu penas de morte para cinco dos 11 réus acusados de envolvimento na morte do jornalista Jamal Khashoggi, durante a abertura do processo contra eles nesta quinta-feira (03/01) num tribunal em Riad.

Khashoggi, um ferrenho crítico do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, foi assassinado no dia 2 de outubro por agentes sauditas no consulado do país Istambul. Aliados de bin Salman estariam envolvidos na morte do escritor.

Segundo autoridades da Turquia, o ex-colaborador do jornal americano The Washington Post foi estrangulado e teve seu corpo esquartejado por uma equipe de 15 agentes, enviados à metrópole turca com essa finalidade. Especula-se que seus restos mortais, que não foram encontrados, tenham sido dissolvidos em ácido.

Os advogados 11 dos suspeitos da morte do jornalista saudita de 59 anos pediram esclarecimentos sobre as acusações contra os seus clientes e um período para análise. O pedido foi acatado pelos juízes, que ainda não marcaram uma nova data para a próxima audiência.

O procurador saudita ressaltou que dois pedidos seus às autoridades turcas para obter provas sobre o caso ficaram sem resposta. Os nomes dos réus não foram divulgados oficialmente.

Recentemente, cinco altos funcionários do reino – incluindo Saud al-Qahtani, ex-assessor do príncipe Salman – foram demitidos de seus cargos por estarem associados ao caso Khashoggi, mas não há provas de que eles estariam entre os acusados.

Após negar inicialmente a morte do jornalista, Riad indicou que ele tinha sido morto durante uma operação não autorizada, supervisionada por dois altos funcionários que mais tarde foram destituídos.

A Turquia, porém, atribuiu o assassinato às esferas mais altas do governo saudita. Ancara pediu a extradição de 18 sauditas suspeitos de envolvimento no assassinato, mas Riad rejeitou essa possibilidade, afirmando que os suspeitos seriam julgados na Arábia Saudita.

Após investigar o caso, a Central de Inteligência dos EUA (CIA) concluiu ser muito provável que o príncipe Salman tivesse ordenado a execução de Khashoggi. Uma resolução do Senado americano no mês passado também responsabilizou o príncipe herdeiro pelo crime.

Em novembro, o procurador-geral saudita afastou qualquer possibilidade de envolvimento de Salman no assassinato. A reputação que o monarca havia construído através das reformas que promoveu para aproximar o país do Ocidente ficou bastante abalada com o escândalo.

Salman é um dos maiores aliados do presidente dos EUA, Donald Trump, que enfrenta forte pressão para aprovar medidas mais duras contra o reino. Os EUA impuseram sanções contra 17 cidadãos sauditas; a França e o Canadá adotaram medidas semelhantes.

A Alemanha suspendeu vendas de armamentos à Arábia Saudita, inclusive as que já tinham sido aprovadas, e impôs restrições de viagem a 18 cidadãos sauditas suspeitos de envolvimento na morte do jornalista .

RC/afp/lusa/efe

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