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Procuradoria alemã acusa Rússia por morte em Berlim

18 de junho de 2020

Promotores afirmam que georgiano de origem tchetchena foi assassinado a mando do Kremlin. Ele foi morto com dois tiros na cabeça em plena luz do dia em 2019. Governo alemão ameaça Moscou com novas sanções.

Polícia investigam cena de assassinato de georgiano de origem tchetchena
Assassinato ocorreu em 23 de agosto de 2019Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken

O governo da Alemanha ameaçou a Rússia com novas sanções nesta quinta-feira (18/06), depois de a procuradoria-geral alemã acusar o Kremlin de estar por trás do assassinato de um antigo combatente tchetcheno, em 23 de agosto de 2019, em Berlim.

"O governo alemão explicitamente considera novas medidas", declarou o ministro do Exterior da Alemanha, Heiko Maas, durante uma visita a Viena.

Os promotores estão convencidos de que o assassinato de Zelimkhan Khangoshvili no parque Kleiner Tiergarten, no centro de Berlim, foi encomendado pelo governo russo – ou seja, é um caso de terrorismo de Estado.

"Pano de fundo da ordem de assassinato era a oposição da vítima ao governo central russo, aos governos das suas repúblicas autônomas da Tchetchênia e Inguchétia, bem como ao governo pró-russo da Geórgia", afirma a acusação.

O Kremlin sempre rejeitou veementemente ter algo que ver com o caso.

O atirador foi detido poucas horas depois do crime, com base no depoimento de testemunhas. Seu DNA foi encontrado na arma utilizada para matar Khangoshvili, que caminhava no parque por volta do meio-dia de uma sexta-feira, após deixar uma mesquita, quando o atirador, numa bicicleta, aproximou-se dele e disparou três vezes – duas contra a cabeça dele – com uma arma com silenciador.

O atirador foi identificado pela polícia como sendo o cidadão russo Vadim Krasikov e se nega a dar declarações desde que foi detido. Para a promotoria, que o acusou de assassinato, ele aceitou a missão em troca de vantagens financeiras ou porque concordava com as posições políticas de quem encomendou o crime.

Pouco antes do atentado, Krasikov viajou a Berlim com um visto requisitado por meio de um fax de uma empresa ligada ao Ministério da Defesa da Rússia.

Krasikov era procurado por assassinato na Rússia em 2013, mas repentinamente sumiu da lista de procurados em 2015 – pouco depois, ele tinha um novo nome, Vadim Sokolov, e um passaporte russo verdadeiro.

O presidente Vladimir Putin qualificou Khangoshvili, que era acusado de terrorismo na Rússia, de bandido, assassino, sanguinário e brutal durante uma entrevista ao lado da chanceler federal alemã, Angela Merkel.

Entre 2000 e 2004, a vítima liderou uma milícia na luta contra a Rússia, durante a Segunda Guerra da Tchetchênia.

Khangoshvili, um cidadão tchetcheno com passaporte da Geórgia, vivia em Berlim depois de ter obtido asilo na Alemanha. Ele teria escapado de tentativas anteriores de assassinato na Geórgia e na Ucrânia.

O caso gerou uma nova crise diplomática entre a Alemanha e a Rússia. A Alemanha expulsou dois diplomatas russos, acusando Moscou de não colaborar para o esclarecimento do caso. A Rússia reagiu com a expulsão de dois diplomatas alemães.

AS/dpa/ard/rtr

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