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Procuradoria alemã denuncia executivos da Volkswagen

24 de setembro de 2019

Presidente-executivo, chefe do conselho e ex-executivo da montadora são acusados de manipular valor das ações no âmbito do escândalo de fraude de emissões.

IAA Frankfurt VW ID.3
O presidente-executivo da Volkswagen, Herbert Diess, vinha tentando reabilitar a imagem da montadora favorecendo o desenvolvimento de veículos elétricos Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler

A Procuradoria da cidade de Braunschweig, no norte da Alemanha, denunciou nesta terça-feira (24/09) o presidente-executivo da Volkswagen, Herbert Diess, e o chefe do conselho supervisor da montadora, Hans Dieter Pötsch. Os dois são acusados de manipular as ações da empresa no âmbito do escândalo de emissões de poluentes que ficou conhecido como Dieselgate.

Além de Diess e Pötsch, a denúncia também atinge o ex-presidente-executivo Martin Winterkorn, que comandou a montadora entre 2007 e 2015, ano em que o Dieselgate foi revelado nos Estados Unidos.

Segundo as acusações da procuradoria, o trio reteve dados sensíveis e não informou os investidores da empresa sobre os danos potenciais da investigação americana para o valor da empresa. Dessa forma, muitos acionistas na Alemanha não tinham ideia de que seus papeis da montadora poderiam perder valor significativo.

Essa não é a primeira denúncia contra executivos da Volkswagen no âmbito do escândalo. Winterkorn já foi denunciado por fraude e formação de quadrilha. Já Rupert Stadler, ex-chefe da Audi – companhia que faz parte da VW – também foi denunciadoem julho por fraude, falsificação de documentos e propaganda enganosa.

Mas a apresentação de uma denúncia formal contra Pötsch e Diess, que continuam na chefia da VW, representa mais um golpe para a montadora, que tentava deixar o escândalo para trás e se reinventar como uma fabricante voltada para a produção de veículos elétricos e com uma abordagem ambiental mais ética. A denúncia também significa que a maior montadora da Alemanha será chefiada por dois réus em ações criminais.

Os dois executivos já indicaram que não pretendem deixar a companhia por conta própria. Também não há sinais, segundo a imprensa alemã, de que membros do conselho da montadora pretendam promover mudanças no comando.

As denúncias contra o trio da VW não foram a única notícia ruim para indústria automobilística alemã nesta terça-feira.

No mesmo dia, a fabricante alemã de veículos Daimler foi condenada a pagar uma multa de 870 milhões de euros por ter colocado à venda desde 2008 veículos a diesel que não cumpriam a lei de poluição.

A Justiça de Stuttgart considerou que é um caso de "violação da lei por negligência" no serviço da Daimler, encarregada dos certificados que levaram as autoridades a aprovar esses veículos a diesel.

Em 2018, a agência automotiva alemã obrigou a Daimler a retirar do mercado e revisar 700.000 veículos em todo mundo, 280.000 deles na Alemanha, supostamente manipulados para fingir que estavam poluindo menos.

A Daimler recorreu dessa decisão e, aos poucos, foi retirando os veículos.

Nesta terça, a fabricante disse que mantém suas objeções, mas não irá recorrer novamente e vai pagar a multa.

A decisão do promotor encerra uma parte do caso, mas as investigações criminais continuam. Quatro funcionários da Daimler são acusados de fraude.

O escândalo de emissões foi revelado nos EUA em 2015. Depois de investigações das autoridades americanas, a Volkswagen reconheceu que equipou cerca de 11 milhões de carros em todo o mundo com software que enganava os testes de emissões de poluentes. O programa eletrônico identificava quando o veículo estava em teste e reduzia as emissões do motor.

JPS/rt/afp/ots

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