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Procuradoria apura atos de Trump que contestaram eleições

27 de julho de 2022

Departamento de Justiça colheu depoimentos e recebeu extratos de telefonemas de ex-assessores da Casa Branca. Ex-presidente vai a Washington pela primeira vez desde a sua derrota e indica que disputará pleito de 2024.

Donald Trump discursando
Trump também é investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso dos EUAFoto: Drew Angerer/Getty Images

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, órgão equivalente à Procuradoria-Geral da República no Brasil, está colhendo depoimentos e provas sobre as ações do ex-presidente Donald Trump para tentar reverter o resultado da eleição de 2020, na qual ele foi derrotado pelo democrata Joe Biden.

Segundo o jornal The Washington Post, procuradores federais estão questionando testemunhas sobre as conversas que tiveram com Trump, seus advogados e outros aliados do ex-presidente. Eles também buscam detalhes sobre reuniões realizadas com Trump em dezembro de 2020 e janeiro de 2021, a pressão feita sobre o então vice-presidente Mike Pence para que ele não certificasse o resultado da eleição, e um suposto plano para instalar falsos eleitores no Colégio Eleitoral americano como parte de uma estratégia para obstruir a certificação do resultado eleitoral.

Em abril, o Departamento de Justiça também recebeu extratos de ligações telefônicas de assessores da Casa Branca durante o governo Trump, segundo o Washington Post, citando fontes próximas do caso que falaram sob anonimato.

Entre as testemunhas já ouvidas pelo Departamento de Justiça, está o ex-chefe de gabinete de Pence, Marc Short, que confirmou nesta segunda-feira (25/07) à rede CNN ter prestado depoimento sobre o caso. Outra testemunha já ouvida seria o ex-chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, segundo fonte não identificada.

O jornal New York Times também reportou que procuradores federais têm colhido depoimentos de testemunhas sobre o envolvimento de Trump em esforços para reverter o resultado das eleições. Segundo o veículo, o Departamento de Justiça apreendeu nas últimas semanas os telefones de duas figuras-chaves no caso: John Eastman, advogado que teria ajudado a desenvolver e promover o plano para reverter a certificação do resultado pelo Colégio Eleitoral, e Jeffrey Clark, ex-funcionário do Departamento de Justiça que teria participado da pressão nesse caso.

Departamento de Justiça "se move com urgência para levar à Justiça todos os criminalmente responsáveis por interferir com a transferência pacífica de poder", afirmou o procurador-geral Merrick Garland.Foto: Ken Cedeno/REUTERS

O Departamento de Justiça recusou-se a comentar o caso. Na terça-feira, numa entrevista à rede NBC, indagado sobre críticas de que a investigação andaria a passos lentos, o procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, afirmou: "O Departamento de Justiça está desde o início se movendo com urgência para se informar o máximo possível sobre esse período, e para levar à Justiça todos que foram criminalmente responsáveis por interferir com a transferência pacífica de poder de uma administração para outra, que é um elemento fundamental da nossa democracia."

A coleta de depoimentos e provas pelo Departamento de Justiça não significa que já foi aberta uma investigação criminal formal contra Trump.

Congresso também investiga ex-presidente

Trump também está sendo investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso americano, que apura a participação do ex-presidente na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

A comissão ainda prepara o relatório final, mas já afirmou que Trump "colocou um plano em prática" ao conclamar apoiadores a marcharem rumo ao Capitólio.

"As evidências confirmam que não se tratou de uma chamada espontânea à ação, mas sim de uma estratégia deliberada que o presidente decidira antecipadamente", declarou a deputada democrata e membro do comitê Stephanie Murphy.

Apoiadores de Trump escalam área do Capitólio durante insurreição em 6 de janeiro de 2021Foto: zz/STRF/STAR MAX/IPx/picture alliance

Em junho, a comissão também já havia responsabilizado Trump pelo ataque, classificando os acontecimentos como uma "tentativa de golpe". Os investigadores argumentaram que a invasão foi resultado de repetidas e infundadas acusações de fraude feitas pelo ex-presidente após as eleições.

Longe de terminar seus trabalhos, a comissão deve retomar as audiências em setembro. Trump criticou a investigação do painel, o qual acusou de propagar "muitas mentiras e deturpações".

Trump indica que pretende concorrer em 2024

O ex-presidente americano voltou a Washington nesta semana pela primeira vez, desde que deixou a Casa Branca em 2021, e deu sinais claros de que pretende concorrer ao cargo novamente em 2024.

Num discurso nesta terça-feira, no instituto America First Policy, uma organização de direita criada em 2017, ele afirmou: "Sempre digo que eu concorri pela primeira vez e venci, e então concorri pela segunda vez e fui muito melhor."

Em 2020, Trump recebeu 10 milhões de votos a mais do que em 2016, mas perdeu para Biden devido a um maior comparecimento dos eleitores às urnas.

"Podemos ter que fazer isso novamente. Temos que arrumar nosso país. Espero apresentar muitos mais detalhes nas próximas semanas e nos próximos meses." Trump também voltou a fazer afirmações falsas sobre fraude eleitoral, que motivaram a insurreição que levou à invasão do Capitólio.

Também na terça-feira, Pence, que era um aliado próximo de Trump mas depois distanciou-se dele, fez um discurso na fundação Young America no qual afirmou: "Há gente que pode escolher focar no passado, mas as eleições são sobre o futuro."

Trump segue popular entre o eleitorado conservador dos Estados Unidos, enquanto Pence e outros republicanos estão muito atrás nas pesquisas de opinião.

bl/av (AP, AFP, Reuters, ots)

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