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Prodi vence na Câmara e no Senado

(ca / sm)11 de abril de 2006

Contando com os votos do além-mar, Romano Prodi vence uma das mais acirradas disputas eleitorais da história italiana. Berlusconi exige recontagem dos votos.

Prodi ganha com votos do exteriorFoto: AP

O líder da oposição Romano Prodi venceu oficialmente as eleições parlamentares na Itália. De acordo com o Ministério do Interior em Roma, a aliança de centro-esquerda União conquistou 158 de 315 cadeiras do Senado, apenas duas a mais que o premiê Silvio Berlusconi, candidato da situação. A apuração dos votos relativos à Câmara dos Deputados já tinha indicado a vitória de Prodi, com 348 das 630 cadeiras.

Após cinco anos de governo Berlusconi, a esquerda italiana se prepara para retornar ao poder. O antigo presidente da Comissão Européia Romano Prodi já havia anunciado sua vitória antes de terminar a apuração dos votos do Senado. O premiê Silvio Berlusconi se recusou, num primeiro momento, a reconhecer sua derrota, exigindo a recontagem de parte dos votos.

Prodi deve sua vitória aos votos dos italianos que vivem no exterior. Piero Fassino, encarregado da União para italianos do estrangeiro, já divulgara – antes da divulgação oficial dos resultados – que a coalizão de Prodi conquistara quatro das seis cadeiras do Senado reservadas ao exterior, o que realmente se confirmou. Sem o voto dos estrangeiros, a coalizão de Berlusconi teria vencido no Senado, com 155 cadeiras contra 154 do centro-esquerda.

O voto dos "italianos estrangeiros"

Cerca de 30% dos eleitores italianos de São Paulo foram às urnasFoto: Michel Moch

Conhecidos pela sua generosidade na concessão da cidadania italiana a descendentes de emigrantes italianos em países estrangeiros, o governo em Roma permitiu pela primeira vez que estes emigrantes votassem nesta eleição, elegendo seis senadores e 12 deputados.

Para as eleições de 2006, cerca de 2,3 milhões de italianos estrangeiros foram convocados a votar. Segundo dados do La Repubblica, o índice de participação ficou em torno de 34% no exterior.

Com cerca de 600 mil eleitores, a América do Sul teve um bom índice de participação nesta eleição. Na Argentina e Uruguai, ele chegou a 50%. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, o índice ficou em volta dos 30%, afirma o La Repubblica.

Segundo dados do La Repubblica, os senadores eleitos no exterior se dividem da seguinte forma: na Europa, um para a União de Prodi e outro para a Força Itália de Berlusconi; na América do Norte e Central, um para a União de Prodi; na África, Ásia e Oceania, um para a União de Prodi; na América do Sul, um para Prodi e outro independente, o argentino-italiano Luigi Pallaro, que já anunciou apoiar o vencedor, ficando Prodi assim com cinco dos seis senadores estrangeiros.

Com cerca de 70% das intenções de votos, as forças militares italianas estacionadas no Iraque deram maioria esmagadora a Berlusconi, afirmou o La Repubblica.

Reações da imprensa

A imprensa opina

O resultado mais do que apertado das eleições parlamentares na Itália foi o tema central da imprensa européia, nesta terça-feira (11/04). A preocupação com o futuro político e econômico do país dominou as manchetes:

Der Standard, Viena: "Silvio Berlusconi no abismo. Romano Prodi a caminho da vitória. [...] Desta vez a herança deixada, após cinco anos de regência ilimitada do político milânes negador da realidade, será muito pesada".

Neue Zürcher Zeitung, Zurique: "Com o resultado, também está respondida a pergunta da conseqüência das ofensas, arroubos de autoridade, palavrões e ataques verbais recentes do premiê – para ele e seu grupo, de forma nenhuma negativa".

El Mundo, Madri: "Depois de uma contagem eleitoral digna de um país do Terceiro Mundo por sua lentidão, muitas perguntas ainda estão em aberto. Berlusconi foi tão endeusado pelo aparato midiático que tudo lembrava mais uma república de bananas do que uma democracia".

The Times, Londres: "Se o vencedor chama-se agora Prodi ou Berlusconi, isto pouco vai ajudar a resolver os problemas da Itália, o novo 'doente da Europa'."

La Repubblica, Roma: "A armadilha funcionou. É como se o ferrão do escorpião estivesse enfiado na carne da Itália, que não pode formar um novo governo, mas também não pode se agarrar no antigo. Uma metáfora perfeita da Itália, que ainda não é o 'país de Prodi', mas já se encontra na fase 'pós-Berlusconi'."

Lembranças da América do Sul

A Spiegel Online comenta a declaração de Prodi às três horas da manhã desta terça-feira, ao anunciar pela primeira vez sua vitória: "Ganhamos", salientando que foi justamente a mudança recente da lei eleitoral, impulsionada por Berlusconi, que deu a vitória à oposição: "Eles fizeram uma nova lei eleitoral para que nós perdêssemos, mas todavia acabamos ganhando", comentou Prodi.

Eleição italiana acabou em tangoFoto: AP

Já o porta-voz de Berlusconi, Paolo Bonaiuti, pede uma recontagem dos votos, pois um "resultado tão apertado requer uma prova detalhada da contagem de votos". O atual ministro da Indústria, Claudio Scajola, criticou a declaração de Prodi de anunciar a sua vitória antecipadamente: "O que está acontecendo aqui? Um golpe? Isto me recorda da América do Sul e das autoproclamações inconstitucionais", comentou a Spiegel.

O fato de o presidente italiano Carlo Ciampi não poder, pela Constituição, convocar novas eleições no último mês de mandato, caso não se confirme a vitória de Prodi, complica ainda mais o tango em que se transformou as eleições parlamentares italianas de 2006. E mesmo vencendo Prodi, comenta-se, na Itália, que seu governo não vai durar muito devido a sua reduzida maioria, informa a Spiegel.

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