Produção da Netflix "Mank" lidera indicações ao Oscar
15 de março de 2021
Drama biográfico é indicado para dez categorias, entre elas melhor filme, direção e ator. Brasil fica de fora das indicações. Cerimônia ocorre em abril devido à pandemia.
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Em um ano marcado pela pandemia de covid-19, que atingiu a indústria cinematográfica em cheio, a produção da Netflix Mank lidera a lista dos indicados para o Oscar, divulgada nesta segunda-feira (15/03). O drama biográfico, que retrata a Hollywood dos anos 1930, recebeu dez indicações, incluindo a de melhor filme.
David Fincher, que dirigiu Mank, foi indicado para melhor direção. O filme também concorre à estatueta nas categorias melhor ator, com Gary Oldman, melhor atriz coadjuvante, com Amanda Seyfried, melhor figurino, trilha sonora, som, maquiagem e cabelo, fotografia e design de produção.
Depois de Mank, outros seis filmes conquistaram seis indicações: Nomadland – um dos favoritos deste ano –, Meu Pai, Judas e o Messias Negro, Minari,O Som do Silêncio e Os 7 de Chicago – outra produção da Netflix.
Pela primeira vez, duas mulheres foram indicadas ao Oscar na categoria Melhor Direção. São elas: Chloé Zhao, por Nomadland, e Emerald Fennell, por Bela Vingança.
Neste ano, o Brasil ficou de fora das indicações. Há 22 anos o país não consegue chegar a uma final do Oscar de melhor filme estrangeiro, categoria que foi rebatizada como prêmio de filme internacional a partir de 2020. O último longa brasileiro a disputar a estatueta nessa categoria foi Central do Brasil, em 1999.
Em 2019, Democracia em vertigem, da cineasta brasileira Petra Costa, foi um dos indicados ao prêmio de melhor documentário, sendo derrotado pelo americano American factory. Antes disso, Lixo extraordinário e O sal da terra, dois documentários com coprodução brasileira, haviam sido indicados ao Oscar em 2011 e 2015.
Devido à pandemia, a cerimônia do Oscar foi adiada para 25 de abril. Confira as indicações nas principais categorias:
Melhor filme
Nomadland
Os 7 de Chicago
Mank
Bela Vingança
Minari
Meu Pai
O Som do Silêncio
Judas e o Messias Negro
Melhor ator
Chadwick Boseman – A Voz Suprema do Blues
Anthony Hopkins – Meu Pai
Riz Ahmed – O Som do Silêncio
Gary Oldman – Mank
Steve Yeun – Minari
Melhor atriz
Carey Mulligan – Bela Vingança
Frances McDormand – Nomadland
Vanessa Kirby – Pieces of a woman
Viola Davis – A Voz Suprema do Blues
Andra Day – Estados Unidos vs. Billie Holiday
Melhor direção
Chloé Zhao – Nomadland
David Fincher – Mank
Emerald Fennell – Bela Vingança
Lee Isaac Chung – Minari
Thomas Vinterberg – Druk: Mais uma rodada
Melhor ator coadjuvante
Daniel Kaluuya – Judas e o Messias Negro
Sacha Baron Cohen – Os 7 de Chicago
Leslie Odom Jr. – Uma Noite em Miami
Paul Raci – O Som do Silêncio
Lakeith Stanfield – Judas e o Messias Negro
Melhor atriz coadjuvante
Olivia Colman – Meu Pai
Amanda Seyfried – Mank
Glenn Close – Era uma vez um sonho
Yuh-Jung Youn – Minari
Maria Bakalova – Borat 2
Melhor roteiro original
Judas e o Messias Negro
Minari
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
Melhor roteiro adaptado
Borat 2
Meu Pai
Nomadland
Uma Noite em Miami
O Tigre Branco
Melhor filme internacional
Another round (Dinamarca)
Better days (Hong Kong)
Collective (Romênia)
The man who sold his skin (Tunísia)
Quo vadis, Aida? (Bósnia e Herzegovina)
Melhor animação
Dois irmãos: Uma jornada fantástica
A caminho da lua
Shaun, o Carneiro: O Filme - A fazenda contra-ataca
Soul
Wolfwalkers
Melhor documentário
Collective
Crip camp
The mole agent
My octopus teacher
Time
cn/ (Reuters, AP, ots)
A história do Brasil no Oscar
O Brasil concorreu em 2020 com "Democracia em vertigem" como melhor documentário. Apesar de nunca ter levado o prêmio, país já teve obras indicadas à estatueta em várias categorias. Veja a trajetória do Brasil no Oscar.
Foto: imago/United Archives
"Orfeu negro"
Em 1960, "Orfeu negro", uma coprodução entre Brasil, França e Itália, ganhou a estatueta de melhor filme estrangeiro. Por representar a França, este país acabou levando os louros. Mas é o único de língua portuguesa a ganhar o Oscar.
Candidatos a melhor filme estrangeiro
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, "O pagador de promessas", de Anselmo Duarte, garantiu a primeira indicação para o Brasil em 1962. Mais de 30 anos depois, em 1995, a história real de dois casais de imigrantes italianos vivendo sob o mesmo teto rendeu uma indicação a "O quatrilho", de Fabio Barreto. Em 1997, Barreto (foto) voltou a ser indicado na categoria, por "O que é isso companheiro?".
Foto: picture-alliance/dpa
Os pré-selecionados
Anualmente, uma comissão do Ministério da Cultura escolhe um filme brasileiro para representar o país no Oscar. Desde 1954, com a seleção de "O cangaceiro", de Lima Barreto, mais de 45 títulos foram escolhidos, mas apenas quatro ficaram entre os finalistas. Em 2014, "Hoje eu quero voltar sozinho" (foto), de Daniel Ribeiro, representou o país, mas não conseguiu uma indicação.
Foto: D. Ribeiro
Melhor filme
Esnobado na categoria de filme estrangeiro, "O beijo da mulher aranha", coprodução com os Estados Unidos, foi o primeiro longa latino-americano a ser indicado como melhor filme. A amizade entre um preso político (Raul Julia) e um homossexual (Will Hurt) em um presídio brasileiro também rendeu indicações de melhor roteiro adaptado e melhor diretor (Hector Babenco). Hurt venceu como melhor ator.
Foto: 2015 ICRA LLC
"Central do Brasil"
Depois de levar o Urso de Ouro na Berlinale, "Central do Brasil", de Walter Salles, partiu para uma triunfante carreira internacional. Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1999, o drama sobre a amizade de um menino abandonado e uma mulher desiludida de meia-idade levou também a indicação inédita de melhor atriz para Fernanda Montenegro. Mas nenhum dos dois prêmios foi para o Brasil.
Foto: picture-alliance/dpa/Buena_vista
Melhor direção
Apesar do sucesso comercial no exterior, "Cidade de Deus" foi esnobado ao prêmio de filme estrangeiro em 2004. Mas o frenético retrato do crescimento do crime organizado na favela carioca teve indicações a melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia. Fernando Meirelles também foi indicado como melhor diretor, mas quem levou a estatueta foi Peter Jackson, por "O Senhor dos Anéis".
Foto: imago/United Archives
Melhor documentário
"Lixo Extraordinário" foi indicado a melhor documentário em 2011. O filme acompanha o artista plástico Vik Muniz (foto) em um projeto com catadores de lixo no aterro do Jardim Gramacho, no subúrbio do Rio de Janeiro. Em 2015, "O Sal da Terra", de Wim Wenders e Juliano Salgado, também concorrera ao Oscar nessa categoria.
Foto: RealFiction Filmverleih
Candidato em 2020
O filme "Democracia em vertigem", da diretora brasileira Petra Costa, concorre à estatueta de melhor documentário ao lado de "Indústria americana", "The cave", "For Sama" e "Honeyland". O documentário brasileiro, incluído na lista dos melhores do ano do "New York Times", foi lançado em junho de 2019 pela Netflix. Ele aborda a ascensão e queda do PT e a polarização entre esquerda e direita no país.
Foto: Netlix/Divulgação
Melhor canção original
O primeiro brasileiro indicado ao Oscar foi no um dos grandes compositores de nossa música. Autor de "Aquarela do Brasil", Ary Barroso foi um dos finalistas ao prêmio pela canção "Rio de Janeiro", do filme "Brasil", em 1945. Mais de meio século depois, em 2012, Carlinhos Brown e Sergio Mendes (foto) garantiram mais uma indicação na categoria por "Real in Rio", parte da trilha da animação "Rio".
Foto: Andrew Southam
Melhor curta-metragem
O Brasil também emplacou duas indicações na categoria de melhor curta-metragem. Diretor de sucessos como "A era do gelo 2" e "Rio", o carioca Carlos Saldanha (foto) foi indicado, em 2002, pela animação "Gone nutty". "Uma história de futebol" garantiu uma indicação para Paulo Machline, em 2001. O curta recria passagens da infância de Pelé e de Zuza, seu companheiro de pelada na cidade de Bauru.