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Produtores resistem à reforma do mercado do açúcar

(lk)11 de novembro de 2004

A anunciada reforma do dinossáurico mercado açucareiro europeu esbarra na resistência de agricultores, produtores de açúcar e sindicatos do setor. Ministra da Agricultura busca por solução conciliatória.

A beterraba da qual se produz o açúcar na AlemanhaFoto: dpa

Mais de mil representantes do setor açucareiro alemão reuniram-se em Berlim, nesta quarta-feira (10/11), para debater num fórum de nome significativo – "Açúcar questão existencial" – o futuro de seu setor. Eles se sentem ameaçados pela iminente reforma do mercado de açúcar, já anunciada pela União Européia e necessária em virtude de sentença da Organização Mundial de Comércio após queixa do Brasil, da Austrália e da Tailândia.

"Isto afeta 375 mil propriedades rurais na União Européia, das quais 48 mil só na Alemanha, e 230 refinarias de açúcar com milhares de funcionários. Ao todo, o setor é responsável por 300 mil postos de trabalho", resumiu as preocupações Hans-Jörg Gebhardt, presidente da associação que congrega as empresas produtoras de açúcar.

Brasil, a pedra no sapato

Franz-Josef Möllenberg, presidente do sindicato em que estão reunidos os que trabalham em bares, restaurantes e afins, considera desleal a concorrência da produção açucareira do Brasil. Mas ele não se concentra em questões de preços, apontando antes para um aspecto ético: "No Brasil, por exemplo, está comprovado que existe trabalho infantil. E não pode ser que aceitemos distorções na concorrência em patamar global, só por querermos deixar que o trabalho infantil, digamos, seja ainda fomentado".

Lavoura de beterraba de açúcarFoto: DW

A resistência é compreensível, considerando-se que a União Européia garante a seus agricultores 632 euros por tonelada do produto, enquanto o preço mundial gira em torno de 200 euros, atualmente. Segundo os planos da Comissão Européia, o preço do açúcar deve baixar 37%, e a cota do produto made in Europa, ser reduzida em 16%. Para uma agricultor, isso pode representar uma redução nos rendimentos de até 1000 euros por hectare.

Ainda assim, o presidente da Associação dos Agricultores, Gerd Sonnleitner, demonstra-se disposto a um consenso: "Estamos conscientes da necessidade de realizar adaptações e estamos, por isso, dispostos a cooperar de maneira construtiva nas reformas e medidas necessárias". Mas restringe: "Desde que o livre comércio seja também um comércio justo, o que infelizmente acaba perdendo a importância nas negociações com a OMC e em reformas desse tipo".

Ministra contemporiza

A ministra da Agricultura, Renate Künast, deixou claro que a reforma é indiscutível: "Não há como escapar, porque precisamos diminuir o fosso entre o preço do mercado interno da UE e o preço do mercado mundial, a fim de tornarmos o setor do açúcar mais adequado ao mercado e lhe proporcionar melhores perspectivas. Isto é exigido de nós, pura e simplesmente".

Ao mesmo tempo, a política do Partido Verde acentuou ser favorável a uma compensação financeira pelos prejuízos resultantes da redução do preço e estar disposta a negociar a este respeito com os representantes do setor. Estes, por sua vez, pretendem juntar ainda mais forças nos próximos meses, tendo em vista conseguir para a instauração da reforma do mercado açucareiro um prazo de transição até 2012 – pelo menos.

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