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CriminalidadeFrança

Professor é morto em ataque suspeito de terrorismo na França

13 de outubro de 2023

Agressor era vigiado pela polícia por radicalismo até a véspera do ataque. Crise entre Israel e Hamas agrava tensões devido às grandes comunidades judaica e muçulmana no país, que impôs alerta máximo de terrorismo.

Grupo de policiais em frente a escola na cidade francesa de Arras, alvo de ataque a faca
Ataque a faca em escola na cidade de Arras, no norte da França, deixou um professor morto e duas pessoas em estado graveFoto: Denis Charlet/AFP/Getty Images

Um ataque a faca nesta sexta-feira (13/10), numa escola da cidade de Arras, norte da França, deixou um professor morto e outras duas pessoas em estado grave. O incidente é investigado como potencial atentado terrorista.

O suspeito do ataque, ex-aluno da escola, está preso, juntamente com um de seus irmãos. Segundo a promotoria antiterrorismo da França, que investiga o caso, ele vinha sendo observado pelas autoridades por associações com grupos radicais islamistas, além de ser investigado por acusações que incluem assassinato terrorista e tentativa de assassinato.

O presumível agressor chegou a ser seguido por agentes e teve seu telefone interceptado. No entanto a vigilância foi encerrada nesta quinta-feira, por ausência de provas. Seu irmão já cumpriu pena de prisão por associação a redes islamistas e por glorificar atos terroristas. Um alerta de segurança foi acionado em outra escola em Arras, onde um terceiro indivíduo foi detido ao tentar entrar com uma mochila considerada suspeita.

As duas vítimas hospitalizadas em estado grave são um guarda de segurança e outro professor Liceu Gambetta-Carnot, de ensino secundário. A cidade de Arras fica a 185 quilômetros ao norte de Paris.

Semelhança com assassinato de Samuel Paty

Centenas de policiais foram mobilizados para a área da escola e construiu-se uma barricada num amplo perímetro em torno do local. Pais dos alunos disseram que eles ficaram confinados na escola por mais de três horas após o ataque.

Segundo um policial, que foi um dos primeiros a chegarem ao local do crime, o agressor teria gritado "Deus é grande" em árabe. O agente correu para o interior da escola, após ser alertado por outro policial, e viu um homem atingido e caído no pátio. Pouco depois, outros policias entraram na escola e prenderam o suspeito, mas não conseguiram salvar a vítima.

O presidente francês, Emmanuel Macron, visitou o local, juntamente com os ministros do Interior, Gérald Darmanin, e da Educação, Gabriel Attal. O governo ordenou o reforço da segurança das escolas de todo o país.

O ataque ocorre três anos após a decapitação do professor Samuel Paty que lecionava história e geografia numa escola nos subúrbios de Paris. O suspeito, um jovem de 18 anos radicalizado, era de origem tchetchena.

Martin Doussau, professor de filosofia da escola Gambetta, disse que o agressor parecia estar em busca de um professor de história. Ele foi perseguido pelo suspeito, que perguntou várias vezes se ele lecionava história. Doussau se refugiou atrás de uma porta até o agressor ser imobilizado pela polícia por uma arma de choque. "Pensei imediatamente em Samuel Paty", disse o professor.

Conflito Israel-Hamas acirra tensões

O ataque ocorreu em meio à tensão global gerada pelo conflito entre Israel e o Hamas, após os ataques em solo israelense perpetrados pelo grupo terrorista seguidos de uma forte reação israelense, com bombardeios intensos na Faixa de Gaza. A polícia, no entanto, disse não haver indicações de uma associação entre os eventos em Arras e a crise no Oriente Médio.

Em várias nações muçulmanas foram convocados,  para depois das preces desta sexta-feira, protestos contra a campanha bélica israelense em Gaza. O ministro Darmanin ordenou a proibição de protestos pró-palestinos em todo o país, em meio a um aumento de atos antissemitas.

A França possui a terceira maior população de judeus fora de Israel e dos Estados Unidos, e a maior comunidade muçulmana na Europa Ocidental.

Alerta máximo

Devido ao ataque, a França impôs seu alerta máximo de terrorismo, que é colocado em prática por um período limitado durante o gerenciamento de crises.

Ele permite a mobilização excepcional de recursos, mas também a disseminação de informações que podem proteger os cidadãos em uma situação perigo, segundo o governo.

rc/av/gb (AP, Reuters)

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