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'Google gera medo'

Martin Schrader (as)9 de julho de 2007

Domínio de mercado cria temores entre usuários e afeta a imagem da empresa americana, avalia especialista em mídia da Universidade de Leipzig. Liderança é ameaçada pela Microsoft e pelo Yahoo.

Google versus Microsoft: vitória de quem detiver a melhor máquina de buscasFoto: picture-alliance/dpa

O Google perdeu sua imagem de máquina de buscas simpática e transparente e se tornou o novo "polvo" da internet principalmente devido à sua política de aquisição de concorrentes menores, avaliou o professor de jornalismo Marcel Machill, especialista em sistemas internacionais de mídia da Universidade de Leipzig, em entrevista à DW-WORLD.

"Muitas pessoas têm medo do Google, desse domínio de mercado", disse o especialista, para quem o destaque dado à empresa de buscas têm colocado em segundo plano as discussões sobre monopólio que acompanham a Microsoft.

Machill afirmou ainda que o domínio do mercado de software e internet será garantido pela empresa que detiver a melhor tecnologia de buscas na rede mundial de computadores. Para ele, a liderança do Google na área de máquinas de busca não está assegurada e pode ser ameaçada por Microsoft e Yahoo.

DW-WORLD: Durante muitos anos, a Microsoft dominou sozinha o mundo dos computadores e da internet com sistemas operacionais e softwares para escritórios. O Google chegou nesse mercado e o que se vê agora é uma luta de gigantes. Quem sairá vencedor?

Marcel Machill: Quem tiver, a longo prazo, a melhor tecnologia de buscas. A Microsoft dormiu no ponto no mercado de máquinas de busca e o Google, com uma tecnologia excepcional, conquistou esse mercado. Ao mesmo tempo, é interessante observar a velocidade com que a imagem do Google mudou de uma máquina de buscas simpática e transparente para o novo "polvo" da internet, que compra todos os setores possíveis e além disso ainda domina um mercado importante como o de buscas. É impressionante como isso mudou. Muitas pessoas têm medo do Google, desse domínio de mercado. E ninguém mais fala sobre a posição de monopólio da Microsoft, que continua existindo na área de sistemas operacionais.

Tim O'Reilly declarou ao Frankfurter Allgemeine Zeitung que a Idade da Microsoft passou e que vivemos agora na Idade do Google. Ele tem razão?

Windows Vista, sistema operacional da MicrosoftFoto: AP

No momento, é assim que as coisas se apresentam. Mas poderíamos dizer, de uma maneira algo leviana, que nem todos os dias é noite. Vimos como o Google conquistou o primeiro lugar no mercado de máquinas de busca com uma nova tecnologia, que classifica os resultados. Mas agora os concorrentes acordaram. O primeiro foi o Yahoo. Até 2003, o Yahoo mantinha uma estreita colaboração com o Google. Mas essa parceria foi rompida e desde então a empresa investe maciçamente em tecnologias próprias de busca. Também a Microsoft investiu muito em tecnologias de busca. E esses são, hoje, os dois principais concorrentes.

Como continuará essa história?

O sucesso prematuro do Google pode acabar se tornando fatal para a empresa. Pois como o Google é o incontestável número um das máquinas de busca, é também a primeira vítima de manipulações nessa área. As máquinas de busca não são sempre assim tão neutras ou apresentam sempre o que é mais relevante, como gostaríamos. Como o Google é muito forte e usado por todos, as assim chamadas Search Engine Optimizer (SEO) gostam de manipular os seus rankings. Ou seja, o Google é a primeira vítima por ser muito importante, e com isso as suas listas ficam piores. Na comparação com o Yahoo ou com a Microsoft, pode acontecer de os resultados do vice-líder ou do terceiro colocado serem melhores, ou seja, menos manipulados e menos influenciados por spams do que os do Google. Por isso, ainda não é possível prever como isso evoluirá nos próximos dois ou três anos.

O Google oferece cada vez mais softwares que podem ser usados de qualquer lugar, ou seja, que não precisam estar instalados no computador, como o G-Mail, os Apps e o Google Gears. Estaremos nos despedindo do Microsoft Office em alguns anos?

Nessa área, a Microsoft detém uma posição de mercado muito forte. Vai demorar muito para que algo mude. E a Microsoft não está dormindo. A empresa possui um enorme capital de investimento e investe também em tecnologias de busca. Eu não concordo com afirmações de que o Google tenha, em todos os setores, ganhado terreno em relação à Microsoft.

A Microsoft foi considerada até aqui como uma fabricante de software. Já o Google, como uma empresa de internet e de busca. Essas fronteiras ainda existem?

Marcel Machill, professor da Universidade de LeipzigFoto: picture-alliance/ dpa

Elas estão se diluindo. Eu também não as apresentaria de uma maneira tão clara. A Microsoft desenvolveu, com seu próprio browser e a integração do Netscape, o principal software para navegação na internet e tem, com o Hotmail, um dos líderes no serviço de e-mail. Não acredito que essa separação continue fazendo sentido.

A Microsoft nunca se destacou por detectar tendências ou por seu pioneirismo. Mas sempre conseguiu incorporar ou copiar os pioneiros e expulsá-los do mercado. Com o Google, pela primeira vez isso parece não ter funcionado. Na sua opinião, a Microsoft conseguirá tirar o Google do mercado?

Não acredito. Além disso, o Google não é o simpático criador de tendências da Califórnia, que cria e desenvolve tudo sozinho. Também o Google, com os seus bilhões de dólares, segue a política de incorporar outros que tenham desenvolvido algo novo. Esses dois gigantes não se diferenciam mais nesse aspecto. Mas eu não acredito que um posso engolir o outro.

A Microsoft supera o Google como empresa. O faturamento é quatro vezes maior e o valor das ações, duas vezes e meia maior. O Google pode superar a Microsoft nesse aspecto?

O Google tem mais dificuldades do que a Microsoft nesse aspecto. Exatamente porque a Microsoft, graças às suas parcerias com fabricantes de computadores e ao seu sistema operacional, que podemos encontrar em quase todos os computadores do mundo, simplesmente tem uma base sólida. No caso do Google, essa base é frágil e não tão estável, e isso porque o primeiro lugar na tecnologia de buscas não é tão certo que permita um relaxamento.

Se o senhor recebesse 10 mil dólares para investir em ações, quais compraria: do Google ou da Microsoft?

Como alguém que não gosta de jogar dinheiro para o alto, eu dividiria entre os dois.