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SaúdeFrança

Professores em greve na França contra estratégia anticovid

13 de janeiro de 2022

Sindicatos afirmam que profissionais chegaram a tal nível de exaustão que greve foi necessária para passar mensagem ao governo. Professores pedem suspensão de aulas quando houver casos de covid-19.

Criança de máscara protetora ergue a mãe em sala de aula. Ao fundo, outras crianças de máscara
Sindicatos afirmam que greve teve adesão de 75% nas escolas primáriasFoto: Pierre Heckler/MAXPPP/picture alliance/dpa

Dezenas de milhares de professores franceses realizam uma greve nesta quinta-feira (13/01), devido ao que dizem ser o fracasso do governo em adotar uma política coerente contra covid-19 nas escolas.

Pais, professores e administradores escolares têm lutado para lidar com a pandemia e as constantes mudanças de regras do governo sobre covid-19. Novos requisitos de testes foram anunciados na véspera do retorno das férias de Natal e alterados duas vezes desde então.

Segundo os professores, o sistema educacional está exausto. Eles defendem que, ao se registrarem casos de covid-19, as aulas sejam suspensas, o que não vem ocorrendo na França.

"Chegamos a tal ponto que não tivemos outra opção a não ser organizar uma greve para enviar uma mensagem forte ao governo", disse Elisabeth Allain-Moreno, secretária nacional do Sindicato dos Professores (SE-Unsa), um dos principais do país.

Os sindicatos afirmam que a greve teve adesão de 75% nas escolas primárias e 62% nas secundárias. Diretores, inspetores e outros funcionários também aderiram. O Ministério da Educação francês divulgou um balanço com números bem menores, registrando 38,5% dos professores primários e pouco menos de 24% dos secundários em greve.

Exaustão

Em Paris, nesta quinta-feira, algumas escolas estavam completamente fechadas, algumas só parcialmente e outras com aulas normais. Algumas funcionavam apenas para atender filhos de profissionais de saúde.

Mirlene Pouvin, cujo filho está em uma escola parcialmente em greve, disse que simpatiza com a causa: "Eu os entendo, porque o protocolo é impossível de aplicar, seja em escolas ou hospitais. Não guardo rancor contra eles."

Atualmente o governo francês tem a política de manter as aulas presenciais o máximo possível, afirmando que algum grau de complicação é o preço a se pagar. "Sei que é difícil, mas uma greve não resolve os problemas”, disse o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, à BFM TV.

A França vive recordes de casos de covid-19 nos últimos dias, chegando a cerca de 370 mil infecções em 24 horas. Casos positivos em escolas implicam dezenas de alunos e funcionários serem enviados a laboratórios e farmácias para testes.

"A exaustão e a exasperação de toda a comunidade educacional atingiram um nível sem precedentes", afirma um comunicado conjunto de 11 sindicatos. "A responsabilidade do ministro e do governo nesta situação caótica é total, por causa das incessantes mudanças, protocolos inviáveis ​​e a falta de ferramentas adequadas para garantir que [as escolas] possam funcionar adequadamente."

Um de cada quatro professores com covid

Menos de uma semana após a reabertura das escolas em seguida às férias de Natal, já havia vários relatos de instituições de ensino enfrentando graves problemas.

Na escola de ensino médio Jean Renoir, em Boulogne-Billancourt, nos arredores de Paris, por exemplo, um quarto dos professores e um de cada 50 alunos estavam com covid-19 na primeira semana de janeiro.

Com as novas regras de teste e rastreamento de contatos, o diretor, Aristide Adeilkalam, agora enfrenta um grande desafio, como comentou à agência de notícias Reuters.

"É muito, muito, muito complicado: 47 alunos têm covid, preciso identificar os contatos de cada um. Até agora podíamos lidar com os casos um de cada vez, à medida que eles chegavam. Agora, estamos sobrecarregados." A escola tem 620 alunos e 40 professores.

Escolas abertas

A França colocou ênfase em manter as escolas abertas nos últimos meses, evitando encerrar as turmas com casos positivos de coronavírus. Além disso, ao contrário de outros países da União Europeia, não estendeu as férias, em meio à disseminação da variante ômicron.

No país, quando um aluno testa positivo para covid-19, o restante da turma deve realizar três testes ao longo de cinco dias. Isso exacerbou as já longas filas em farmácias e laboratórios, à medida que o número de casos subiu para recordes.

Na semana até 2 de janeiro, foi realizado um recorde de 8,3 milhões de testes de coronavírus, e isso antes do fim do período de férias.

Aposta arriscada

Para os sindicatos, o governo faz "uma aposta arriscada" com a saúde de professores e alunos. O ministro Blanquer, no entanto, rejeitou as críticas.

"Claro que é difícil, claro que é complicado", disse, em entrevista à CNews TV, referindo-se ao novo protocolo de testes. "Mas esse foi o preço a pagar para manter as escolas abertas. Seria fácil dizer: as crianças não vão mais à escola. Não é isso que eu quero", destacou.

Apesar de um início lento devido à hesitação da vacina, 90% dos maiores de 12 anos da França já receberam pelo menos duas doses de uma vacina contra o coronavírus. A vacinação de crianças a partir dos cinco anos começou no fim de dezembro.

le/av (Reuters, ots)

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