Cultura e atletismo
21 de agosto de 2009Os cartazes ao longo do caminho de pedestres que divide a avenida Unter den Linden em Berlim chamam a atenção, mas não são invasivos. No entanto, as fotos são tão emocionantes que é difícil não parar para observá-las por algum tempo. "Você é simplesmente atraído por elas, elas chamam você. Eu acho que esse é o objetivo dessa exposição", explicou uma turista inglesa.
A turista ficou especialmente fascinada com uma foto de Ariane Friedrich, que mostra o exato momento em que a atleta alemã de salto em altura ficou ciente de sua quebra de recorde. "Pode-se ver que ela se surpreendeu, percebe-se a força da atleta e também se pode ver que ela alcançou algo muito importante".
Esse tipo de observação é um colírio para os olhos do organizador da mostra ao ar livre Em movimento, Thomas Friedrich. A exposição percorre a história fotográfica do atletismo nos últimos 125 anos. "Foi em 1884 que pioneiros conseguiram fixar a imagem de pessoas se movendo diante da câmera", explicou Friedrich.
Fotografia instantânea
Segundo o realizador da mostra, o atletismo e a fotografia sempre caminharam juntos. "Porque o atletismo tornou-se popular justamente no momento em que a fotografia virou um meio da cultura de massa", disse Friedrich.
A exposição não é, todavia, uma mostra representativa da história da fotografia do atletismo, mas uma seleção das melhores imagens do esporte desde o fim do século 19. Na opinião de um jovem universitário que a visitou, "trata-se realmente de uma boa exposição". "Eu também gosto de fotografar e acho sempre emocionante captar o movimento".
"Corra, pule e arremesse"
A segunda exposição no programa cultural do Campeonato Mundial de Atletismo é um pouco mais conservadora. Corra, pule e arremesse é o nome da seleção de artistas contemporâneos internacionais reunidos no Rotes Rathaus, o prédio da prefeitura de Berlim. Ela mostra a estética da arte e do esporte a partir de diferentes aspectos culturais.
Um visitante comentou que "é preciso se habituar à mostra. Não corresponde ao meu gosto, é algo muito moderno, muito abstrato. Eu esperava algo mais realista, mas isso é uma questão de gosto".
Por outro lado, a individualidade dos quadros impressionou outro visitante da mostra. "Ela apresenta aspectos e opiniões pessoais, que levam um artista a se relacionar com o tema atletismo – é interessante".
A terceira exposição que integra o programa cultural deste Mundial em Berlim não se dedica à arte, mas à informação. Recordes esquecidos relata o destino de três atletas judias, estrelas do atletismo nas décadas de 1920 e 1930 – mas que foram confiscadas de seu reconhecimento social e esportivo pelos nazistas e quase foram esquecidas.
Pista de atletismo em frente ao Portão de Brandemburgo
Cultura não é somente pintura e fotografia, mas também música. Os organizadores do programa cultural reproduziram uma pista de atletismo em frente ao Portão de Brandemburgo. Shows de grupos musicais e apresentadores se revezam no palco construído sobre a pista. Além disso, diversas atividades tentam atrair a participação dos passantes.
Como, por exemplo, uma iniciativa da organização não governamental Ação Agrária Alemã. Trata-se de uma corrida em que cada participante procura um patrocinador que recompense com dinheiro as voltas dadas na pista.
O dinheiro é destinado a projetos de ajuda humanitária no Mali, Índia, Equador e Ruanda. "Uma coisa ótima", na opinião de um visitante sul-coreano que levou seus dois filhos para participar da iniciativa.
Com certeza, o programa cultural não substitui a visita ao Estádio Olímpico de Berlim, onde se realizam as provas do Mundial de Atletismo, mas o programa consegue atrair com sucesso milhares de turistas e berlinenses, aproximando-os da fascinação desta modalidade esportiva.
Autora: Sarah Faupel
Revisão: Roselaine Wandscheer