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Proibição de véu islâmico entra em vigor na Dinamarca

1 de agosto de 2018

Uso de burca e niqab, que cobrem o rosto, em locais públicos passa a ser punido com multa. Protestos contra a nova lei estão previstos em Copenhague e outras cidades. Críticos classificam medida de discriminatória.

Mulher de burca
Poucas mulheres usam burca e outros véus completos na DinamarcaFoto: picture-alliance/Scanpix Denmark/L. Meilandt Mathiesen

A proibição do uso de véus integrais islâmicos entrou em vigor nesta quarta-feira (1º/08) na Dinamarca, dois meses após a aprovação no Parlamento, em meio a protestos.

Aprovada em 31 de maio, a lei proíbe o uso de burca e niqab em espaços públicos, à semelhança do que já aconteceu em outros países europeus, como Áustria, França e Bélgica. Infratores poderão ser punidos.

Protestos estão previstos em cidades como Copenhague e Aarhus. Alguns manifestantes planejam cobrir totalmente o rosto. A polícia afirmou que a atitude é compatível com a liberdade de expressão e não será punida, mas quem estiver com o rosto totalmente coberto fora de uma manifestação poderá ser multado.

A partir desta quarta-feira, quem utilizar peças de roupa ou acessórios que impossibilitem o reconhecimento – incluindo balaclavas, capacetes ou barbas falsas – fica sujeito a uma multa mínima de mil coroas dinamarquesas (cerca de 590 reais). Em caso de reincidência, a multa pode chegar às 10 mil coroas (cerca de 5.900 reais).

A lei ressalva que vestimentas e acessórios para cobrir o rosto podem ser usados se houver um "propósito reconhecível", como frio intenso ou a condução de motos.

Assim como em outros países europeus, poucas mulheres muçulmanas na Dinamarca de fato usam véus que cobrem inteiramente o rosto. Em 2010, um relatório estimou que elas não cheguem a duzentas. A população do país é de 5,7 milhões de pessoas.

O deputado liberal Marcus Knuth, da bancada governista, afirmou que a vestimenta é "fortemente opressiva". Já o ativista Sasha Andersen disse que se trata de uma medida discriminatória que visa uma minoria social.

A lei foi proposta pela coalizão de centro-direita que governa o país e que tem endurecido regras para migração e refúgio. Em 2016, a Dinamarca adotou uma lei que exige de requerentes de refúgio recém-chegados que entreguem objetos de valor para ajudar a pagar pela sua estada no país.

Defensores da lei argumentaram que ela contribui para a integração de migrantes muçulmanos, o que é contestado por organizações como a Anistia Internacional (AI).

"Se algumas restrições específicas sobre o uso de véu total podem servir a questões de segurança pública, esta proibição não é necessária nem proporcional e viola os direitos da liberdade de expressão e religião", disse o diretor europeu da AI, Gauri van Gulik.

AS/lusa/dpa/ap

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