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Idioma

19 de setembro de 2009

Em 30 representações do Instituto Goethe de todo o mundo, estão sendo desenvolvidos projetos especiais relacionados ao multilinguismo, todos reunidos sob o lema "línguas sem fronteiras".

Evento em Berlim: em prol do incentivo ao multilinguismoFoto: DW

Harry Hoerler, de 66 anos, vive a milhares de quilômetros de distância da Alemanha. Mesmo assim, sua língua materna apresenta semelhanças consideráveis com o alemão.

Hoerler, que veio a Berlim apresentar a peça de teatro Unserdeutsch. Ein dokumentarisches Südseemärchen (Nosso alemão. Uma fábula documental do Pacífico), como parte de um projeto do Instituto Goethe, é natural de Papua-Nova Guiné.

Ele é um entre os pouco mais de 100 habitantes do país que falam este idioma local que tem o alemão como base. O unserdeutsch (literalmente "nosso alemão") se desenvolveu no século 19, em plena era colonial, sendo um entre os mais de 800 idiomas falados em Papua-Nova Guiné.

Exemplo do outro lado do mundo

Harry Hoerler: o 'Unserdeutsch' de Papua-Nova GuinéFoto: DW

O filólogo Craig Alan Volker, também de Papua-Nova Guiné, relatou, durante o simpósio do Instituto Goethe em Berlim, a importância do unserdeutsch no contexto do multilinguismo. "Desde a primeira geração, eles falam pelo menos três línguas, às vezes dominam quatro ou cinco", explica ele.

Além do unserdeutsch, os habitantes de Papua-Nova Guiné da primeira geração falavam também o "alto alemão" (hochdeutsch), e nas gerações posteriores ainda inglês e a derivação local do inglês chamada Pidgin English Tok Pisin. De tamanha flexibilidade no que diz respeito ao aprendizado de línguas como o que há em Papua-Nova Guiné, a Europa ainda está longe, garantem os especialistas.

Anil Bhatti, professor de Filologia Alemã em Nova Délhi, analisa a questão do ponto de vista histórico: "A experiência indiana é a de que o pluralismo linguístico traz vantagens. A experiência europeia é uma outra, que vê o multilinguismo como uma maldição, também associada à ideia da Torre de Babel", compara Bhatti.

Entre integração e exclusão

O romeno Leonard Orban: comissário da UE para multilinguismoFoto: picture alliance/dpa

Leonard Orban, comissário da União Europeia para multilinguismo e um dos patronos do projeto "Línguas sem Fronteiras", pretende fazer o possível para perseguir a meta de 'uma língua materna e duas estrangeiras', estabelecida em 2002 pelos chefes de Estado e governo europeus. Orban lembra que, especialmente com relação aos migrantes, os diferentes idiomas exercem um papel de extrema importância.

Piet van Avermaet, da Associação dos Examinadores de Línguas na Europa (Alte), reclama que, no que diz respeito ao pluralismo linguístico, há uma paradoxa moral dupla nos países-membros da UE. Há incentivos de aprendizado das línguas oficiais dos respectivos países, mas não dos idiomas das nações de origem dos migrantes, mesmo que estes sejam parte da diversidade linguística na Europa.

Perdendo oportunidades

No entanto, não é apenas no âmbito da integração de estrangeiros e seus descendentes que o pluralismo linguístico deveria ser mais impulsionado na Europa. Em termos empresariais e econômicos, faz-se hoje um uso muito limitado dos recursos idiomáticos disponíveis no continente.

Uma pesquisa realizada em 2006 para a União Europeia detectou que empresas de pequeno e médio porte no bloco perderam pelo menos 945 mil encomendas de trabalho naquele ano por causa do pouco conhecimento de outras línguas.

O professor Jürgen Bolten, da Universidade de Jena, defende, por isso, um sistema de incentivo para as empresas. "Funcionários que se empenharem pelo pluralismo linguístico poderiam receber, em troca, pontos para participarem de cursos de aperfeiçoamento. Um sistema de benefícios como esse seria também pensável para empresas, quando essas pudessem provar que apoiam o pluralismo linguístico de forma sustentável", sugere Bolten.

Autora: Ricarda Otte (sv)

Revisão: Roselaine Wandscheer

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