Segundo documento a ser assinado nos próximos dias, presidente dos EUA planeja suspender emissão de vistos para sírios e cidadãos de países de maioria muçulmana e estabelecer "zonas seguras" na Síria e em seus vizinhos.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende parar de aceitar migrantes sírios e suspender o amplo programa americano de refugiados por 120 dias, segundo projeto de ordem executiva ao qual as agências de notícias AP e Reuters tiveram acesso nesta quarta-feira (25/01).
De acordo com a AP, o presidente pretende suspender a emissão de vistos para cidadãos de Síria, Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen por ao menos 30 dias – todos países predominantemente muçulmanos. Durante a campanha eleitoral, Trump sugeriu que terroristas poderiam se passar por refugiados sírios para se infiltrar nos EUA.
Além da suspensão de vistos, Trump também pretende pedir a autoridades dos Departamentos de Estado e de Defesa que esbocem planos de "zonas seguras" para refugiados dentro e ao redor da Síria, onde estes poderiam aguardar o reassentamento.
A criação dessas zonas seguras poderia impulsionar o envolvimento militar dos EUA na Síria, marcando uma guinada em relação à abordagem do ex-presidente Barack Obama. O documetno a ser assinado, no entanto, não deu detalhes sobre onde tais áreas seriam localizadas e quem as defenderia. A Jordânia, a Turquia e outros países vizinhos já acolhem milhões de refugiados sírios.
Espera-se que Trump assine a ordem executiva ainda nesta semana, e não está claro se o projeto sofrerá alterações antes disso.
Teto de refugiados
O presidente tem autoridade para determinar quantos refugiados são aceitos nos EUA por ano e pode suspender o programa a qualquer momento. No último ano orçamental, o país acolheu 84.995 refugiados, incluindo 12.587 sírios. Para o ano em andamento, Obama havia estabelecido o limite de 110 mil refugiados. De acordo com o projeto de ordem executiva, Trump reduzirá a cifra para 50 mil.
A proposta prevê que, enquanto o programa de refugiados estiver suspenso, o país aceite migrantes em casos individuais, se for do "interesse nacional". O governo também continuaria a processar pedidos de refúgio de pessoas que alegam perseguição religiosa se a religião for minoritária no país de origem – o que sugere que seriam acolhidos cristãos de países predominantemente muçulmanos.
O documento afirma que seu propósito é garantir que ninguém que receba permissão de entrar nos EUA tenha "atitudes hostis em relação ao país e a seus princípios fundadores".
As medidas devem dar continuidade à tentativa de Trump de colocar em prática já na primeira semana na Casa Branca pontos-chave de sua campanha eleitoral: o combate à imigração ilegal e o bloqueio da entrada de cidadãos de países onde organizações terroristas têm uma presença significativa.
Nesta quarta-feira, Trump assinou ordens executivas relativas à construção de um muro na fronteira com o México e ao bloqueio de repasses federais a cidades-santuário, que protegem imigrantes ilegais.
LPF/rtr/ap
Fronteira entre EUA e México: sai metal, entra concreto
Uma das promessas mais polêmicas da campanha de Donald Trump foi construir um muro na fronteira sul dos EUA. Ali, já há uma cerca em alguns pontos, que pode ser substituída por concreto.
Foto: Reuters/J. L. Gonzalez
Trump é familiarizado com construções
"Vou construir um grande muro na nossa fronteira sul – e ninguém constrói muros melhor do que eu, e vou fazer com que o México pague por esse muro." Isso é o que o presidente americano, Donald Trump, disse na campanha eleitoral. Até agora, ele construiu sobretudo arranha-céus e hotéis. O muro está no topo de um plano de 10 pontos sobre política de imigração.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Torres
Final no nada
A fronteira entre EUA e México tem cerca de 3.200 quilômetros – dos quais, cerca de 1.100 quilômetros são protegidos por uma cerca. A fronteira passa por quatro estados americanos e seis mexicanos, por desertos e cidades grandes. Devido à dificuldade de acesso, uma pequena parte da fronteira no Novo México é aberta. Outras áreas são patrulhadas por policiais.
Foto: Reuters/M. Blake
Colosso de metal
O número de imigrantes ilegais que entram no país por ano é estimado em 350 mil, uma grande parte vem do México. Alguns mexicanos irregulares são tolerados no país, mas a família mexicana do outro lado não recebe um visto. Os imigrantes desejam uma vida melhor, emprego e mais dinheiro para as suas famílias.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Zepeda
Apenas um pequeno toque
As famílias permanecem separadas pela cerca. Um abraço é impossível. No máximo, as pessoas conseguem esticar as mãos entre as vigas de aço. Se Donald Trump tornar realidade sua promessa eleitoral, como anunciou, logo o concreto vai substituir o aço, impossibilitando qualquer toque.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/J. West
Preconceitos
"Quando o México nos manda seus cidadãos, não manda os melhores", disse Trump durante a campanha eleitoral. "Eles enviam pessoas que têm muitos problemas. Eles trazem drogas, crime, estupradores. Alguns, suponho, são boas pessoas." Trump quer deportar imigrantes ilegais, pelo menos, os criminosos. Apesar das ameaças, muitos mexicanos continuam querendo emigrar.
Foto: picture-alliance/AP Photo/G. Bull
Mortes na fuga
Para alguns mexicanos, o sonho termina na fronteira. Eles acabam na prisão. Outros pagam por cruzar ilegalmente a fronteira com a própria vida. Há notícias de que as forças de segurança atiram em migrantes. Seis cidadãos mexicanos inocentes já foram mortos, sem que tenha havido condenação dos responsáveis. Apenas em 2015 um membro da patrulha da fronteira dos EUA foi indiciado.
Foto: Reuters/D.A. Garcia
Armado contra intrusos
Jim Chilton, um fazendeiro americano, vigia sua propriedade. Sua fazenda, de 200 mil metros quadrados, está localizada no sudeste do Arizona e é adjacente ao México. Há apenas uma cerca de arame farpado separando-a do país vizinho. Chilton costuma usar sua arma para defender o terreno.
Foto: Getty Images/AFP/F.J. Brown
Final curioso
"Tortilla Wall". Este é o nome popular e bastante depreciativo de uma parte da fronteira de 22,5 quilômetros de comprimento entre a Otay Mesa Border Crossing, em San Diego (Califórnia), e o Oceano Pacífico.