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Passeio virtual

10 de setembro de 2010

Equipe de arquitetos da Universidade Técnica de Darmstadt reconstrói no computador 14 sinagogas destruídas pelos nazistas na Noite dos Cristais, em 1938.

Reconstrução virtual é rica em detalhes, como mostra a cópia virtual da sinagoga de MuniqueFoto: TU Darmstadt

Em 1994, a sinagoga de Lübeck, no norte da Alemanha, foi incendiada por quatro neonazistas na véspera da Páscoa Judaica (Pessach). O triste episódio acabou dando início a um projeto: a reconstrução virtual de sinagogas destruídas, como conta o arquiteto Mark Grellert. Ele iniciou o projeto quando ainda era estudante e continua trabalhando nele ainda hoje, como professor da Universidade Técnica de Darmstadt.

"Eu não me lembro onde foi que eu ouvi sobre aquele ataque incendiário, mas creio que alguns minutos depois me ocorreu a ideia de que tínhamos de fazer algo contra isso", conta Grellert.

A ideia de Grellert era reconstruir algumas das sinagogas destruídas na Noite dos Cristais, em 10 de novembro de 1938, um dos mais abomináveis ataques contra judeus, sinagogas e lojas judaicas da história da Alemanha.

Os esforços da equipe da Universidade Técnica de Darmstadt culminaram numa exposição em Bonn, em 2000. A mostra já passou por vários países e está agora em Michigan, nos Estados Unidos.

O início e o projeto

Ainda em 1994, Grellert e sua equipe começaram o projeto com três sinagogas de Frankfurt. No entanto, o grupo logo percebeu que o projeto não iria correr no ritmo esperado, já que era necessário quase um ano para reconstruir uma sinagoga.

Sinagoga de Colônia reconstruída virtualmenteFoto: TU Darmstadt

O primeiro passo de um reconstrução virtual é encontrar plantas ou fotografias antigas que revelem a arquitetura da sinagoga. Depois, a equipe de Grellert sai em busca de pessoas que se lembrem da aparência original do templo.

"Para muitas sinagogas existem apenas fotos em preto e branco. Então perguntamos a essas pessoas se têm alguma lembrança das cores das sinagogas", conta.

A partir daí, os estudantes redesenham as plantas digitalmente e criam modelos tridimensionais. Em 1994, a tecnologia 3D era menos avançada do que é hoje. Mas, nos últimos anos, diz Grellert, a equipe conseguiu adicionar detalhes decorativos, incluindo candelabros ornamentados, janelas com vitrais e paredes externas de tijolos vermelhos.

O resultado final do trabalho é a reconstrução virtual de 14 sinagogas de várias partes da Alemanha. A exibição dos templos é dividida em três partes, chamadas percepção, intensificação e reconstrução.

Atenção para os detalhes

Fachada da sinagoga de ColôniaFoto: TU Darmstadt

O começo da mostra apresenta o contexto das leis antissemitas alemãs nos anos 1930, seguido por uma lista com as 1.200 localidades onde as sinagogas foram destruídas durante a Noite dos Cristais.

A parte final, reconstrução, mostra as sinagogas reconstruídas virtualmente. Primeiramente avista-se o exterior do templo, e então a parte interna – com destaque para detalhes como as sombras projetadas por objetos e os raios de luz refratados oriundos das janelas.

"As sinagogas eram grandes e proeminentes instituições, muitas vezes projetadas por famosos arquitetos alemães", comenta Stephen Goldman, diretor do Holocaust Memorial Center em Farmington Hills, Michigan, que atualmente abriga a exibição.

Comunidades arruinadas

Para Goldman, com a destruição de sinagogas, os nazistas não eliminaram apenas construções. "A destruição de uma casa de louvor é muito diferente da destruição de uma residência, ou mesmo de uma escola, porque afeta toda uma população. É como dizer 'não estamos mais seguros nas nossas casas de louvor, nas nossas cidades, nos prédios que deveriam nos proteger e acolher'."

Sinagoga destruída em 1938 em BerlimFoto: AP

Ruth Schnee nasceu em Düsseldorf e se mudou para os Estados Unidos em 1939. Em visita à exposição, ela se lembrou de algumas cenas presenciadas por ela na Noite dos Cristais. "Eu me lembro da sinagoga de Düsseldorf, que era a nossa sinagoga, sendo incendiada, e o rabino correndo para dentro do prédio para salvar a Torá e morrendo lá dentro. Os bombeiros eram instruídos para proteger os prédios ao lado, e não as sinagogas, claro. A arte, os móveis, tudo foi destruído."

A sinagoga de Düsseldorf ainda não foi recriada virtualmente, mas Grellert e sua equipe continuam trabalhando no projeto.

Autor: Zak Rosen (np)
Revisão: Alexandre Schossler

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