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Falta pedagogia?

Agências/DW (rr)24 de fevereiro de 2009

Ministra alemã da Educação propõe que empresas liberem seus funcionários para lecionar em escolas, trazendo mais prática às salas de aula e suprindo a falta de professores no país. Mas medida é recebida com ceticismo.

Conhecimento da matéria não basta, criticam sindicatosFoto: picture-alliance/ ZB

A ministra alemã da Educação e Pesquisa, Annette Schavan, sugeriu que executivos e engenheiros de empresas privadas passassem a lecionar em escolas a fim de melhorar o ensino na Alemanha. "Convido as empresas a colocarem seus melhores funcionários à disposição para o ensino nas escolas", disse a ministra ao tablóide Bild deste domingo (23/02). Segundo Schavan, um engenheiro, por exemplo, poderia lecionar matemática ou física duas horas por semana.

A ideia surgiu tendo como pano de fundo o debate sobre a falta de professores na Alemanha e a dura concorrência entre os estados federados na briga pelos melhores profissionais. De acordo com a Federação Alemã de Professores, faltam atualmente 20 mil professores, o que põe em risco a qualidade do país como polo econômico.

Também um estudo recente publicado pelo instituto Ifo, de Munique, serviu para aquecer ainda mais o debate. O estudo, realizado pelo especialista em economia da educação Ludger Wössmann, indica que, em comparação com outros profissionais formados, os professores possuem as piores notas no Abitur, o certificado de conclusão do segundo grau que dá acesso à universidade.

Experiência prática não substitui habilidade pedagógica

Enquanto matemática, física e latim são as disciplinas que se encontram na pior situação em escolas tradicionais, nas escolas técnicas faltam professores principalmente em eletrotécnica, metalurgia e pedagogia econômica.

Schavan esperava que a iniciativa pudesse cobrir a falta de professores principalmente nas disciplinas exatas e biológicas, ao mesmo tempo em que contribuísse para ampliar a experiência prática no ensino escolar.

Parcerias deste tipo já existem. A BMW, por exemplo, há anos envia engenheiros para cooperar em projetos escolares. No entanto, trata-se de projetos determinados, nos quais a presença de um professor pedagogicamente capacitado é essencial. "Vemos nossa contribuição apenas como complemento", disse uma porta-voz da empresa.

Empresas não abririam mão de profissionais

Mas a proposta da ministra Schavan foi recebida com duras críticas. Para Ludwig Georg Braun, presidente da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), ela nem é realizável, pois seria impraticável "permitir que engenheiros ou cientistas naturais empregados em empresas privadas assumissem completamente o ensino de uma disciplina durante todo um ano letivo".

O esforço necessário paralelamente ao trabalho na empresa seria imenso. "Isso sem contar que essas empresas dificilmente estariam dispostas a abrir mão de seus melhorers profissionais", acrescentou Braun. Entretanto, ele defende que pessoas com experiência prática deveriam poder se tornar professores ou atuar em projetos escolares muito mais facilmente.

Professores cobram melhores condições

A Federação de Professores Educação e Ensino (VBE) e a Federação de Filólogos cobraram, em vez disso, melhores condições para o professorado. "Isso não é uma estratégia, é, no máximo, uma medida de emergência", criticou o presidente da VBE, Ludwig Kirchner. Ele argumenta que somente o conhecimento da matéria não basta para ser bom professor.

Para o presidente da Federação Alemã de Filólogos, Heinz-Peter Meidinger, "não se trata de recrutar professores suficientes na Alemanha, mas de fazer com que mais pessoas capacitadas se interessem pela profissão". Uma das causas da falta de professores seria, segundo ele, "a imagem miserável que a política e a mídia fizeram da profissão", além das poucas oportunidades de ascensão e da baixa remuneração.

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