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Reações controversas

17 de agosto de 2011

Governo econômico para zona do euro e taxa sobre transações financeiras são bem recebidos em Bruxelas, Roma e Madri. Porém, bolsas abrem em baixa e Dublin critica ideia de taxação financeira somente para zona do euro.

Sarkozy recebe Merkel para o encontro, que ocorreu em Paris
Sarkozy recebe Merkel para o encontro, que ocorreu em ParisFoto: dapd
As bolsas europeias abriram em baixa nesta quarta-feira (17/08), depois de a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, terem proposto a criação de uma taxa sobre transações financeiras.
Na Alemanha, o índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, iniciou o dia com queda de 1,41%, enquanto em Paris o CAC-40 perdia 0,58%, evidenciando que os investidores não ficaram satisfeitos com as propostas dos dois líderes para que a crise do euro não se aprofunde.
A tendência é observada em toda a Europa, com o Footsie-100 de Londres em queda de 0,78% e o Ibex-35 de Madri com baixa de 0,82%. "Há propostas de soluções de longo prazo, mas a curto prazo o encontro entre Merkel e Sarkozy é uma decepção", afirmou um operador da Bolsa de Frankfurt.
Elogios da Itália e da Espanha
Nos meios políticos europeus, o encontro ocorrido em Paris recebeu mais elogios do que críticas. Em Madri, um porta-voz do Partido Socialista disse que os resultados da reunião aumentam as chances de emissão de eurobonds, nome dado aos possíveis títulos comuns da dívida europeia.
"Quanto mais avançarmos na direção da integração das políticas econômicas, mais nos aproximamos da ideia de eurobonds", afirmou o porta-voz José Blanco, em entrevista a uma rádio local. O Partido Socialista está no poder no país.
Da Itália, outro país ameaçado pela crise da dívida europeia, também vieram elogios. O líder da bancada do partido PDL na câmara baixa do Parlamento, Fabrizio Cicchitto, disse que o governo local está na mesma onda que Merkel e Sarkozy. "Esperamos que Merkel seja convencida do valor dos eurobonds em setembro", afirmou. O PDL é o partido do primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
Irlanda defende taxa para toda a UE
Em Dublin, o governo da Irlanda deixou claro que não apoia a ideia de uma taxa sobre transações financeiras somente para a zona do euro. Na União Europeia (UE), qualquer proposta precisa da aprovação de todos os 27 países-membros para virar lei.
O ministro irlandês das Finanças, Michael Noonan, declarou a uma emissora local que uma taxa desse tipo deve valer para toda a União Europeia e não apenas para os países da zona do euro. A Irlanda é um dos principais centros de administração de fundos da Europa.
"Não podemos ter uma situação na qual existe uma taxa para transações em Dublin e nenhuma em Londres", afirmou. Reabilitar a reputação de Dublin como centro financeiro é prioridade para o governo irlandês após a devastadora crise dos bancos locais. Como o Reino Unido não faz parte da zona do euro, Londres, que é um dos principais centros econômicos da União Europeia, não estaria sujeito à taxação proposta por Merkel e Sarkozy.
Comissão Europeia elogia encontro
Em Bruxelas, a Comissão Europeia se mostrou satisfeita com os resultados do encontro. Em nota conjunta, o presidente da Comissão, José Manuel Durão Barroso, e o comissário de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, afirmaram que as propostas dos dois líderes são uma contribuição política importante para os esforços comuns de fortalecimento do governo econômico da zona do euro.
"Uma moeda única implica responsabilidades comuns e requer coordenação mais estreita das políticas econômicas", afirma a Comissão Europeia. Sobre a proposta de formação de um governo econômico para a zona do euro, com um presidente permanente, Durão Barroso e Olli Rehn consideraram que ela contribui para "uma liderança política estável e mais forte".
A proposta de uma taxa sobre as transações financeiras será, na opinião dos dois responsáveis, "um instrumento essencial para assegurar que o setor financeiro faça uma contribuição mais justa para as contas públicas". O comunicado de Durão Barroso e Olli Rehn acrescentou que a Comissão Europeia trabalhará com o presidente do Conselho Europeu e o presidente do Eurogrupo e apresentará propostas nas próximas semanas.
AS/rtr/dpa/lusa
Revisão: Carlos Albuquerque
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