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Sociedade

(sm)22 de outubro de 2006

Violência contra crianças na Alemanha leva políticos conservadores a cogitar maior controle e intervenção estatal dentro das famílias.

Criança: caso de polícia?Foto: dpa Zentralbild

Os casos de maus tratos e violência que culminaram recentemente na morte de duas crianças colocaram a Alemanha em estado de alerta. Para os partidos do governo, este problema deveria ser evitado através de uma maior intervenção estatal na esfera familiar.

Num pronunciamento em vídeo, veiculado pela internet, a premiê Angela Merkel apelou por maior diligência da população na denúncia de abuso e agressão contra crianças. "Não podemos nos limitar a dizer: lá onde se fecha uma porta, o destino das crianças não é de nossa conta", declarou Merkel, apelando por intervenção em caso de suspeita de maus tratos.

A ministra da Família, Ursula von der Leyen, propôs maior cooperação entre autoridades de saúde, órgãos responsáveis por menores e organizações de assistência social, a fim de se alertar a tempo para eventuais abusos contra crianças.

Exames regulares para prevenir abandono e violência

Após as mortes recentes de duas crianças menores de cinco anos em decorrência de maus tratos, políticos da coalizão de governo democrata-cristã e social-democrata propuseram a introdução de exames médicos e psicológicos obrigatórios, a fim de reconhecer a tempo crianças possivelmente negligenciadas por suas famílias.

A ministra da Família discorda, no entanto, de correligionários que sugeriram o corte do salário-família aos pais que não submeterem seus filhos ao exame.

Os encarregados de Família da União Democrata Cristã (CDU) formularam uma "lista de metas pela proteção à criança". De acordo com relatos da imprensa alemã, o documento prevê mais respaldo aos assistentes sociais que trabalham com menores.

Estado de olho nas famílias

Outra medida planejada pelos democrata-cristãos é facilitar o recolhimento de dados sobre pais que já perderam a primária ou a obtenção de informações sobre processos penais em andamento.

Além disso, os democrata-cristãos sugeriram criar postos municipais para encarregados de menores, seguindo o modelo vigente na França. No país vizinho, as autoridades municipais preparam um relatório anual sobre a situação dos menores locais.

Políticos liberais sugeriram criar cursos de língua alemã para crianças de famílias-problema, diante da constatação de que o domínio do idioma é restrito entre a população carente, mesmo entre famílias não estrangeiras. Facilitar a adoção e fortalecer os direitos das famílias substitutas em relação aos pais também fazem parte das propostas liberais.

Esquerda culpa cortes sociais do governo

Entre os políticos de centro-esquerda, os recentes casos fatais de violência contra crianças culminaram numa discussão sobre a nova pobreza na Alemanha e em protestos contra os cortes sociais previstos nas reformas iniciadas pelo governo Schröder e continuadas por Angela Merkel.

Secretária de Assistência Social de Bremen, Karin Röpke, renunciou ao cargo.Foto: AP

Em meados de outubro, o garoto Kevin, de dois anos de idade, foi encontrado morto na geladeira da casa de seu pai dependente de drogas. Apesar de diversos indícios de maus tratos, as autoridades permitiram ao pai manter a guarda do filho, após a morte da mãe, negligenciando as inspeções durante semanas.

O escândalo da morte de Kevin provocou a renúncia da secretária de Assistência Social de Bremen. Poucos dias depois, um menino de quatro anos, vítima de violência e negligência por um longo período de tempo, morreu na Saxônia.

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