Proteção climática é questão de sobrevivência, diz Merkel
23 de janeiro de 2020
No Fórum Econômico Mundial, chanceler federal alemã afirma que questão climática é urgente e todos os países devem fazer sua parte. "Impaciência dos jovens" com os políticos é compreensível, acrescenta.
Anúncio
A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta quinta-feira (23/01), perante lideranças reunidas no Fórum Econômico Mundial, em Davos, que a proteção climática é uma questão de sobrevivência e que cada país deve fazer a sua parte.
"O tempo urge", afirmou Merkel. Para ela, não fazer nada pode acabar saindo bem mais caro. O que os países fizeram até agora não basta para limitar o aquecimento global a 1,5 grau em comparação com a era pré-industrial, acrescentou. "Temos de agir."
A chanceler disse entender a "impaciência dos jovens", em referência aos protestos do movimento Fridays for Future (Greve pelo Futuro, em português), liderado por estudantes. "Temos de encarar a insatisfação deles de forma positiva e construtiva", afirmou.
Ela alertou, porém, para possíveis conflitos sociais na luta contra o aquecimento global e disse constatar falta de diálogo entre os ativistas do clima e as pessoas que rejeitam o aquecimento global. "Isso me preocupa", disse.
Praticamente nada foi feito pelo clima, diz Greta
01:47
Segundo Merkel, as transformações necessárias para readaptar as economias são de uma proporção histórica gigantesca. "Elas basicamente significam que, nos próximos 30 anos, temos de deixar de lado os modos de vida e de negócios com os quais nos acostumamos desde a era industrial", acrescentou.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, divergiu de Merkel em entrevista à emissora CNBC em Davos e disse não acreditar que haja apenas alguns poucos anos para prevenir uma catástrofe climática. "Há várias outras questões importantes", afirmou, mencionando a ameaça de armas nucleares. "Acho que a juventude deve entender: clima é uma questão que deve ser colocada em contexto com várias outras coisas."
Ele também ironizou a ativista sueca Greta Thunberg, que defendeu uma redução drástica no uso de combustíveis fósseis. "Ela é a economista-chefe? Eu estou meio confuso... Depois de ela estudar economia na universidade, ela pode voltar e nos explicar isso."
Sete efeitos surpreendentes das mudanças climáticas
Veja algumas consequências inesperadas das mudanças climáticas para a vida na Terra – de perturbações do sono à falta de violinos e o sexo das tartarugas.
Foto: picture-alliance/dpa
Cuidado: Boom de águas-vivas!
Embora haja uma combinação de fatores por trás das enxurradas de águas-vivas que chegam a paraísos de férias como a costa do Mediterrâneo, a mudança climática também é parcialmente responsável. Temperaturas do mar mais altas estão abrindo novas áreas para elas se reproduzirem, além de aumentar a disponibilidade de seu alimento favorito, o plâncton.
Foto: picture-alliance/dpa
A madeira perfeita está sumindo
Prezado pela qualidade sonora, um violino Stradivarius original pode valer milhões de dólares. Mas eventos climáticos extremos, como tempestades violentas, estão matando milhões de árvores e ameaçando a famosa floresta de Paneveggio, no norte da Itália. Replantar árvores não vai ajudar muito no curto prazo: um abeto precisa de pelo menos 150 anos antes de se transformar num violino.
Foto: Angelo van Schaik
Pode esquecer o sono
Em noites muito quentes, dorme-se mal, especialmente nas grandes cidades. Em 2050 as metrópoles europeias poderão ter temperaturas em média 3,5ºC mais altas no verão. Isso não só afeta o sono, mas também o humor, a produtividade e a saúde mental. A única forma de escapar é mudar-se para uma cidade menor, onde as noites são mais frescas, pois há menos prédios e mais vegetação.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R.K. Singh
Coitado do nariz
Má notícia para quem sofre de alergia: o aquecimento global faz a primavera chegar mais cedo. Com um período sem geadas mais longo, as plantas têm mais tempo para crescer, florescer e produzir pólen. Portanto, o pólen espalha pelo ar muito mais cedo, o que amplia o tempo de sofrimento dos alérgicos. Será o século das máscaras antipoluição e alergias?
Foto: picture-alliance/dpa/K.-J. Hildenbrand
Bactérias e mosquitos
O calor não só faz suar, mas também afeta a saúde. No fim do século, três quartos da população mundial estarão expostos a ondas de calor mortais. O aumento das temperaturas implica mais doenças diarreicas, pois as bactérias se multiplicam melhor nos alimentos e água tépidos. O número de mosquitos provavelmente também vai aumentar, e com eles a propagação de doenças como a malária.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Schulze
Casas estão ruindo
Os solos da região do Polo Norte estão descongelando cada vez mais nos meses de verão. As consequências são dramáticas em nível local e mundial. As temperaturas mais altas tornam os pisos instáveis, as casas e as estradas racham e há muito mais insetos. Além disso, se o permafrost derreter, libertará gases CO2 e metano que podem agravar o aquecimento global. Um círculo vicioso.
Foto: Getty Images/AFP/M. Antonov
O calor e o sexo das tartarugas
A temperatura influencia o sexo de várias espécies. Para as tartarugas marinhas, o calor da areia onde os ovos são incubados determina o sexo do filhote. Temperaturas baixas beneficiam os machos, enquanto fêmeas se desenvolvem melhor nas mais altas. Pesquisadores descobriram que mais de 99% das tartarugas recém-nascidas no norte da Austrália são fêmeas, o que dificulta a sobrevivência da espécie.