Número de participantes em marcha polêmica que lembra ocupação israelense em Jerusalém fica abaixo do esperado. Já cerca de 900 manifestantes, incluindo políticos, participam de ato em apoio a Israel.
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O protesto anual contra Israel, no Dia de Al-Quds, reuniu neste sábado (01/06) cerca de 1,2 mil pessoas em Berlim. O número de manifestantes ficou abaixo dos 2 mil esperados pelos organizadores.
O grupo se reuniu no início da tarde no oeste da avenida Kurfürstendamm. Diversos manifestantes levavam cartazes em apoio aos palestinos, além das bandeiras palestina, iraniana e alemã. A marcha ao longo de uma das principais ruas berlinenses ocorreu sem incidentes.
Homens, mulheres e crianças participaram do polêmico protesto. Alguns manifestantes carregavam também cartazes com frases contra Israel.
Apesar de críticas de que a marcha promoveria o antissemitismo, a realização do protesto foi permitida por autoridades berlinenses. Bandeiras e símbolos do Hisbolá, slogans antissemitas e queimas de objetos, no entanto, foram proibidos.
A marcha anual do Al-Quds – nome árabe de Jerusalém – reúne diversos grupos de oposição a Israel em Berlim, desde simpatizantes de grupos islamistas como Hamas e Hisbolá até neonazistas. A data foi estabelecida em 1979 pelo líder religioso iraniano aiatolá Khomeini, em protesto ao direito autoproclamado pelos israelenses de exercer soberania sobre Jerusalém.
O objetivo da comemoração anual, que marca o fim do mês sagrado dos muçulmanos, o Ramadã, é recordar a ocupação do leste de Jerusalém por Israel, na Guerra dos Seis Dias de 1967, conclamando a comunidade islâmica internacional à "libertação" e mobilizando-a contra o Estado judaico.
Neste ano, o protesto do Al-Quds encontrou resistência. Duas marchas contrárias à manifestação e em apoio a Israel foram realizadas na cidade. Por volta do meio dia, organizado por um grupo antifacista, o primeiro protesto contra o antissemitismo e negadores do Holocausto reuniu cerca de 400 pessoas.
Na tarde, próximo a Kurfürstendamm, uma segunda manifestação chamada "Contra o Al-Quds! Berlim sem islamismo e antissemitismo" reuniu, segundo a polícia, aproximadamente 900 pessoas. Entre os participantes estavam políticos de diversos partidos, o secretário berlinense do Interior, Andreas Geisel, o embaixador israelense, Jeremy Issacharoff, e a sobrevivente do Holocausto, Margot Friedländer.
"Quando antissemitas erguem sua cabeça odiosa, a resistência é anunciada. Por isso, estamos aqui hoje", disse Petra Pau, deputada da legenda A Esquerda, durante o protesto contrário ao Al-Quds.
Os manifestantes levavam bandeiras de Israel e cartazes pedindo a convivência pacífica entre as religiões. O protesto foi organizado por uma aliança de partidos políticos e diversas organizações e iniciativas.
"Estamos ao lado dos judeus que moram aqui e ao lado de Israel", ressaltou Geisel, aos manifestantes. O secretário, que usava o quipá em solidariedade, lembrou ainda os recentes ataques antissemitas que ocorreram na cidade. "Esse espírito não tem nada o que procurar em Berlim", acrescentou. O político defende também que o Hisbolá seja classificado na Alemanha como organização terrorista.
Em 2018, o número de crimes com motivações antissemitas cresceu 20% na Alemanha. A extrema direita é a responsável pela grande maioria destes casos. Os principais delitos registrados são discursos de ódio, pichações antissemitas e exibição de símbolos proibidos como a suástica.
CN/dpa/epd
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Grandes e pequenos memoriais em toda a capital alemã relembram seu passado judaico e os crimes do regime nazista.
Foto: Renate Pelzl
Memorial aos Judeus Mortos da Europa
Esse enorme campo de monólitos no centro da capital alemã foi inaugurado em 2005. O projeto é do arquiteto nova-iorquino Peter Eisenmann. Os quase três mil blocos de pedra evocam a lembrança dos seis milhões de judeus de toda a Europa que foram assassinados pelos nazistas.
Foto: picture-alliance/Schoening
Stolpersteine ("pedras de tropeço")
Estes pequenos blocos podem ser encontrados em centenas de calçadas de Berlim, em frente a imóveis que eram ocupados por famílias judias. Nelas, constam os nomes dos antigos moradores judeus e informações sobre seu destino final, como o campo de concentração para onde foram enviados. No total, existem mais de 7 mil desses pequenos memoriais só em Berlim.
Foto: DW/T.Walker
A casa da Conferência de Wannsee
Quinze autoridades nazistas de alto escalão se reuniram nesta mansão às margens do lago Wannsee, no subúrbio berlinense de mesmo nome, em 20 de janeiro de 1942. O tema da conferência: discutir o assassinato sistemático de judeus europeus, que foi batizado de "solução final para a questão judaica". Hoje o local é um memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial Plataforma 17
Rosas brancas na plataforma 17 da estação Grunewald, no oeste da capital, lembram os mais de 50 mil judeus de Berlim que foram enviados para a morte a partir desse local. Em exibição estão 186 placas que mostram a data, o destino e o número de deportados.
Foto: imago/IPON
Museu Otto Weidt
O complexo de prédios Hackesche Höfe no centro de Berlim é mencionado em vários guias de viagem. Em um dos edifícios, ficava a fábrica de escovas e vassouras do empresário alemão Otto Weidt (1883-1947). Durante a era nazista, ele empregou muitos judeus cegos e surdos, salvando-os da deportação e da morte. Hoje o local é um museu.
Foto: picture-alliance/Arco Images
Centro de moda na Hausvogteiplatz
O coração da moda de Berlim uma vez bateu aqui. Uma placa comemorativa feita de espelhos lembra os estilistas e fashionistas judeus que fizeram roupas para toda a Europa na praça Hausvogtei. Os nazistas expropriaram os donos judeus e entregaram os ateliês para funcionários e empresários arianos. Esse centro de moda acabou sendo irremediavelmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Memorial na Koppenplatz
Antes do Holocausto, 173 mil judeus viviam em Berlim. Em 1945 havia apenas 9 mil. O monumento "Der verlassene Raum" (a sala abandonada) está localizado no meio da área residencial da praça Koppen. É uma forma de relembrar os cidadãos judeus que foram tirados de suas casas e nunca retornaram.
Foto: DW
O Museu Judaico
O arquiteto Daniel Libeskind escolheu um design dramático: visto de cima, o edifício parece uma estrela de David quebrada. O Museu Judaico é um dos prédios mais visitados em Berlim, oferecendo uma visão geral da turbulenta história teuto-judaica.
Foto: AP
Cemitério Judaico Weissensee
Ainda há oito cemitérios judaicos em Berlim. O maior deles fica no distrito de Weissensee. Com cerca de 115 mil túmulos, é o maior cemitério judaico da Europa. Muitos judeus perseguidos se esconderam no emaranhado de construções dos cemitérios durante o regime nazista. Em 11 de maio de 1945, três dias após o fim da Segunda Guerra, o primeiro funeral judaico público foi realizado aqui.
Foto: Renate Pelzl
A Nova Sinagoga
Quando a sinagoga da rua Oranienburger foi consagrada em 1866, o prédio foi considerado o mais magnifico templo judaico da Alemanha. O edifício foi danificado na Noite dos Cristais em 1938 e depois foi duramente bombardeado na Segunda Guerra. No início dos anos 1990, foi parcialmente reconstruído. Desde então, sua cúpula dourada voltou a ser facilmente inidentificável no horizonte de Berlim.